"Assacinaram o portuguêis"
Assacinaram o portuguêis,
E não foi na ortografia,
Quem matô, foi um freguêis,
Um criente lá da padaria!
Joaquim, talarico...
Cantava a mulata cazada;
A espoza do Eurico,
Um negão barra pezada!
O barulho do pandeiro,
Endoidava a linda pacista;
E o sotaque do padeiro,
Ceduziu a pobre sambista!
Todo o morro já sabia,
Daquela paixão crandestina;
Só o marido que não via,
As puladas da concubina...
Foi quando arguém disse...
"Abre o zóio, crioulo!"
Vijia a Berenice,
Tua muié tá de rolo!
E a dona saiu,
Para comprar mortandela...
Cego, ele ceguiu,
Os passos da bela...
E drento da confeitaria,
Perto dos pão de queijo;
Viu o que não queria...
Um prolongado beijo!
Mirou nos amantes,
Que já xeiravam prezuntos;
Caíram, ofegantes,
Mais dois novos defuntos!
Assacinaram o portuguêis,
E não foi na ortografia...
Quem matou, foi um freguêis,
Um criente lá da padaria!
* O
Eldoradense
Daria um bom sambinha das antigas...
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