8 de out. de 2021

Comentário: Livro "Salve Geral", de Romildo Wilson Santos

 


   Via de regra, faço resenhas imediatas no blog sobre os livros que leio. Para este, demorei dois dias, após algumas reflexões. De cara, nutri antipatia pela capa, que poderia levar a ideia de generalização da corrupção no sistema penitenciário. Pois é, é aí que está o problema: Para um leigo do assunto, a visão desta leitura é de entretenimento, apenas fictícia, mas para quem vivencia  o tema, as antenas da crítica ficam mais aguçadas.

     E este livro provocou-me esta sensação de dicotomia, onde o leitor crítico prevaleceu de cara, quase que virando o rosto para a obra: O protagonista parecia uma misto de Rambo, 007 e Shaolin do sertão, embrenhando-se na busca pela resolução dos problemas carcerários e do "Salve Geral", quando a união de diferentes facções criminosas resolveram tocar o terror dentro e fora dos presídios no Ceará. O cenário era de guerra, real, plano de fundo para a ficção, cuja história expandiu-se para o Vaticano, Argentina, Fernando de Noronha e México. E eu seguia indignado, imaginando um Policial Penal corrupto com crise de consciência, que parecendo indestrutível, resolvia pouco a pouco, aquela situação altamente complexa. O leitor conhecedor do sistema concluiu: Viagem na maionese! Pra ajudar, a corrupção parecia generalizada, incluindo acordos entre forças de segurança, políticos e sindicatos. (Muito parecido com o enredo do filme Tropa de Elite 2), o que poderia soar como injusto para uma categoria profissional já tão injustiçada.


    Mas aí, refletindo com um pouco mais de calma, vieram as ponderações: Primeiro, é uma obra fictícia, onde prevalece a liberdade criativa do autor, que ainda que talvez de forma exagerada, tinha como objetivo criticar as imperfeições do Sistema. Enfim, não era um documentário, era uma obra literária baseada em fatos reais, mas fictícia. Era preciso entender isso.

          O segundo elemento é que o autor é um companheiro de trabalho, que assim como eu, busca na escrita uma válvula de escape para acalentar o estresse do cotidiano profissional. Nada mais justo que uma ressalva no olhar crítico, ainda mais levando-se em consideração que este é o primeiro livro do escritor. Nordestino de Pernambuco, trabalhador no Ceará, e aí já viu, é como disse uma vez, um primo meu: "É difícil um nordestino que não goste de falar ou escrever".

        Portanto, ainda que eu tenha percebido muitas palavras iguais na mesma frase e uma narrativa um tanto quanto acelerada, é preciso reconhecer que a imaginação do autor é bastante fértil e que ele tem muito potencial para suas futuras obras. A princípio, admito, refutei a leitura. Mas com as ponderações posteriores, reconheço que a mesma foi válida. Sorte e sucesso ao escritor!


* O Eldoradense

       



   

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