6 de jun. de 2018

Vai ter Copa?


Vai ter Copa?

  Não sei se os leitores têm a mesma impressão que eu: mas a cada Copa do Mundo, a empolgação do brasileiro com o evento é perceptivelmente menor. A oito dias do pontapé inicial em gramados russos,  pouco comentamos sobre o mundial de futebol.

   Quando ando pelas lojas, vejo a decoração auri-verde tímida, contrastando em muito com o que eu já vi quando adolescente e início da vida adulta. Procuro e ouço explicações de amigos, e elas variam: há quem atribua o fenômeno à proliferação de outro tipo de entretenimento, como a internet, por exemplo. Alguns dizem que a pasmaceira é fruto da última catástrofe futebolística de nossa seleção, o inesquecível 1x7 sofrido diante da Alemanha, em plenos domínios. Outros vão além, e dão explicações que considero mais plausíveis, adentrando na esfera política. Sim, o brasileiro passou a perceber com mais clareza que existem assuntos que interferem bem mais na sua vida do que o futebol. 

    Aquela versão simplista -mas real- de que "vou ter que defender o meu, independente da seleção vencer ou não" parece ter ganho mais força. E de certa forma, isso contribui para a politização de um povo, que historicamente, teve no esporte bretão seu "ópio das massas", utilizado como um dos  seus instrumentos de alienação. 

      Contrastando com esta monotonia "pré-Copa", a venda de televisores vêm "bombando" nas lojas de todo o país, mas é fato muito bem observado por um amigo que o fim do sinal analógico talvez tenha mais interferência nestas vendas do que o mundial de futebol.

   Aos poucos e a ritmo de conta-gotas, percebo o povo brasileiro menos hipnotizado por uma bola de couro, e isso é bom. Afinal, não será um troféu erguido por um jogador milionário que trará pão para nossas mesas ou remédio para nossas mazelas, o que em hipótese alguma, significa que um triunfo não seja bem-vindo. Se vier, será apenas mais um triunfo, porém, restrito ao mundo do futebol, que é só entretenimento, nada mais que isso.


* O Eldoradense

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