5 de jun. de 2011

Rio de Janeiro:- Bope x Bombeiros!



   A tropa de Choque da Polícia Militar (PM) e também policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) invadiram, ontem, o Quartel Central do Corpo de Bombeiros, no Centro do Rio, ocupado por mais de 2 mil bombeiros na sexta-feira, numa manifestação por melhores salários e condições de trabalho. Para entrar no complexo, por volta de 6h10, os policiais usaram bombas de efeito moral e bombas de gás lacrimogêneo. Pelo menos cinco crianças sofreram intoxicação devido ao gás e dois adultos tiveram ferimentos leves na cabeça, por conta das bombas de efeito moral que foram lançadas pelo Bope. 

  Antes da entrada dos PMs, diversas bombas de efeito moral foram lançadas para dentro do quartel. Algumas atingiram a cozinha do complexo, onde havia crianças e mulheres. As explosões causaram pânico no local. Ninguém que estava na ala ficou ferido. Após a invasão da PM e do Bope, cerca de dez ônibus com os bombeiros militares detidos deixaram o Batalhão de Choque e seguiram para a Corregedoria da corporação em Niterói. 

  Segundo a deputada estadual Janira Rocha (PSOL), que passou a noite no quartel com os bombeiros, cerca de 600 manifestantes foram presos. Ela disse que a PM entrou por trás, antes de terminar a negociação para a rendição dos manifestantes e que deram tiros de fuzil e de borracha nos bombeiros. Agora queremos negociar direto com o coronel Cabral. Com uma atitude como essa, ele deixou de ser governador para agir como coronel. Os bombeiros que salvam vidas só querem negociar um salário digno, querem um piso diferente de R$950. Será que Cabral consegue gastar R$ 950 nas viagens que faz a Paris?”, indagou.



  Piso salarial

  Há cerca de um mês os bombeiros estão em campanha salarial. Eles reivindicam um aumento de R$ 950 para R$ 2.000, além de melhorias em suas condições de trabalho. Durante a tarde de sexta os manifestantes haviam se reunido e feito um protesto em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no centro do Rio.  Ônibus com bombeiros de várias cidades chegaram ao local durante o dia, aumentando o número de manifestantes. No início da noite, o grupo saiu em caminhada pelas ruas do centro, até chegar ao quartel central. Lá, os manifestantes abriram os portões de ferro e entraram, ocupando o pátio interno da instituição. 

  O Cabo Benevenuto Daciolo, porta-voz do movimento, explicou que entre as reivindicações estão piso salarial líquido no valor de R$ 2 mil e vale-transporte.
“Nós temos o pior salário da categoria no País. Estamos há dois meses tentando negociar com o governo, mas até agora não obtivemos resposta. Nosso movimento é de paz e estamos em busca da dignidade. Não vamos recuar até que haja uma solução. Queremos um acordo, queremos que o governador se pronuncie”, disse o porta-voz. Na tentativa de convencer os mais de dois mil bombeiros a deixarem o Quartel Central, o comandante-geral da Polícia Militar (PM), Mário Sérgio Duarte, afirmou na madrugada de ontem, durante discurso aos manifestantes, que o momento é de reflexão. Mas foi justamente após a fala do militar que o clima voltou a ficar tenso no complexo invadido. “É primeira vez que venho aqui numa situação inusitada. Sou apenas um homem diferente, mas eu tenho a força dos meus e quero ter a dos seus. Nós precisamos resolver esse dilema, embora isso não signifique rendição para ninguém. Tenho certeza que nenhum de nós vai usar a força. Gostaria que as senhoras e os senhores refletissem. A minha proposta é que retornem para suas casas”, disse o comandante.

  Diante da resistência, o comandante ressaltou que não pretendia usar a força e afirmou estar diante do melhor Corpo de Bombeiros do Brasil.
“Mais uma vez peço que vocês sentem e conversem sobre isso. Eu não estou propondo derrotados nem vitoriosos”, completou. Em seguida, o cabo Daciolo, porta-voz do movimento, disse que havia 50 homens armados entre eles. “Nós temos essa casa (quartel) como nosso lar. E enxergamos o comandante-geral como nosso pai. Mas nós temos que pagar aluguel, compras, remédios. Aqui tem mulheres, homens de bem e famílias inteiras. Por favor, coronel, não permita que o mal aconteça”, pediu o porta-voz.

  De acordo com Cláudio Lopes, procurador-geral de Justiça do Rio, o governo pode decretar a prisão dos manifestantes se for considerado que houve insubordinação.
“A Polícia Militar está diretamente subordinada ao governo do estado, ao governador, hierarquicamente. E pelo regulamento militar, o governador pode decretar a prisão administrativa daquelas pessoas que ele venha a entender que violaram a legislação militar, sem prejuízo de isso constituir algum tipo de crime militar”, explicou.  Fonte:- Diário do Nordeste     * Para visualizar a imagem em tamanho original, clique sobre a mesma.

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