11 de jun. de 2011

O que eu penso sobre o caso Cesare Battisti.

Salvatore Cacciola,  condenado pela justiça brasileira

Cesare Battisti, condenado pela justiça italiana
"Fanfarrão emergente x Fanfarrão de 1º Mundo"

  Nessa semana, um episódio teve grande repercussão jornalística, nos mais diversos meios de comunicação:- A decisão do STF em ratificar o posicionamento do ex-presidente Lula em não extraditar Cesare Battisti para a Itália. Deixo claro aqui nesse texto, que não sou a favor da permanência do terrorista  assassino italiano em nosso território. Porém, ao meu entender, por trás desse incidente diplomático entre Brasil e Itália, existem elementos que não estão sendo levados em consideração pela nossa imprensa, e nem sequer estão sendo discutidos. 
  Refiro-me ao outro incidente diplomático ocorrido entre os dois países, envolvendo o banqueiro Salvatore Cacciola. Para àqueles que não se recordam do ocorrido, Salvatore era dono do Banco Marca, que faliu e aplicou um golpe econômico em seus clientes. Foi julgado no Brasil e condenado. Todavia, durante o processo, viajou para a Itália e por lá refugiou-se, devido à sua dupla cidadania. Tendo conhecimento da presença de Salvatore em território italiano, o governo brasileiro requisitou aos mandatários daquele país, a extradição imediata do banqueiro ao Brasil. O pedido, porém, não foi acatado pelas autoridades italianas. Cacciola morou na Itália por alguns anos, gozando de toda a liberdade de um cidadão italiano comum.
  A Itália alegou o "princípio da reciprocidade" para justificar tal decisão. Funciona assim:- nossa justiça não extradita nenhum cidadão brasileiro que cometeu crime em outro país. Baseado nessa condição, o governo italiano não extraditou Cacciola de volta para o Brasil. O ex-banqueiro, porém, em passeio pelo Principado de Mônaco, ( que é uma nação soberana), foi preso pela Interpol, que comunicou nossa Polícia Federal e agilizou sua extradição. Portanto, o governo italiano não moveu uma palha para que se fizesse justiça no Brasil.
  Eis que surge o caso Cesare Battisti, militante terrorista de esquerda e assassino, que resolveu no Brasil se refugiar. Battisti é condenado na Itália à prisão perpétua, devido às barbáries praticadas naquele país. Portanto, chegou a vez do governo italiano requerer a extradição ao governo brasileiro. E o que aconteceu? O mesmo que havia acontecido no episódio Cacciola. O governo brasileiro negou a extradição.
  Se por um lado, soa muito mal ao Brasil dar abrigo a um refugiado criminoso, a Itália, por sua vez, errou ao abrigar Cacciola por tanto tempo em seu território, negando-se a colaborar com o governo brasileiro. É , portanto,correto afirmar que "um erro não justifica o outro", mas admite-se que "um erro provocou o outro".
  Os italianos, estão fazendo o maior rebuliço, demonstrando sua indignação com as autoridades brasileiras. Paciência. Essa foi uma decisão técnica, tomada por magistrados que possuem conhecimento das leis. Há os que dizem que os crimes cometidos por Cacciola e Battisti são diferentes. Concordo. Porém, a intensidade dos delitos é mensurada pelo tamanho da pena, e não pela impunidade de um e pela punição do outro. Ambos são delinquentes:- um ao sistema financeiro, e outro, à vida. As autoridades italianas, em sua indignação, alegam que o Brasil não é um país sério. E isso, não é nenhuma novidade. Porém, o problema, é que a Itália é um país rico, mas também não é um país sério:- Berlusconi, o primeiro ministro, é envolvido até o pescoço com denúncias de corrupção e de pedofilia. Em Nápoles, a máfia local emporcalha a cidade, em um esquema envolvendo corrupção e lixo.
   Defendo a ideia de que Battisti e Cacciola deveriam ser extraditados de imediato. Porém, o primeiro erro do governo italiano, teve como consequência a falha diplomática do governo brasileiro. Se nós somos "fanfarrões emergentes", os italianos são "fanfarrões de primeiro mundo". Lamento pelas famílias italianas vítimas de Battisti. Ao governo italiano, foi bem feito.

   Só para finalizar, Battisti já morou no México e na França, muito provavelmente com o conhecimento dos italianos. E eles nada fizeram enquanto o terrorista morou nesses países. Talvez porque fosse complicado brigar diplomaticamente  com os franceses...
  
                                               * O Eldoradense
  

Um comentário:

  1. Anônimo20:24

    Caro Eldoradense...

    Muito bom o seu blog. Continue, sempre!

    A vozes ainda são poucas neste país. Porém, precisamos de vozes!

    Ótimo este texto sobre os meliantes brasileiro e italiano.

    Parabéns!

    Paulo Francis. Jr

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