27 de ago. de 2018

"A complexa questão do imigrantes venezuelanos"...




    Diante da TV, a notícia dos imigrantes venezuelanos em direção ao Brasil. Miseráveis buscando menos miséria. E aí, sempre vem o defensor daquela opinião simplista, que resolve tudo num passe de mágica: "É só fechar a fronteira!" . Sim, o "mágico" em questão acha que "fronteira" resume-se àquele ponto específico junto à aduana. Ignora que esta linha demarcatória que divide os dois países possui uma extensão de quase 2200 km, e que bloquear aquele ponto específico, além de desumano, pode até dificultar a imigração, mas não a impede.

    Fechemos aquele ponto de passagem de imigrantes e teremos o problema camuflado, mas ainda mais fora de controle: Naquele lugar, dá para tentar esboçar algum monitoramento quanto  ao número de imigrantes, e se possível, elaborar algum plano estratégico sanitário de vacinação, tentando impedir a vinda de doenças contagiosas para o lado de cá da fronteira.

   Com o  hipotético fechamento provocado pela Polícia de Fronteira, os venezuelanos, movidos pelo desespero e pela fome, tentarão a travessia por barcos e pela selva, e aí, esqueçam de vez qualquer tentativa de controle. Os problemas deste êxodo são evidentes, gerando conflitos entre brasileiros e venezuelanos, o que é quase inevitável, mas não justifica a xenofobia e violência. O curioso é que muitos dos que pregam o discurso xenófobo são adeptos fervorosos do Cristianismo, religião que prega o amor ao próximo e a paz, além do fato de que seu maior ícone - Cristo - foi um refugiado, segundo a narrativa Bíblica. Não por acaso, a "fuga" da família de Cristo foi impulsionada pelos desmandos de um governante político: Herodes.

     Mas voltemos à Idade Contemporânea e lembremos então, que este país já recebeu em seus portos, outros imigrantes vitimados por governantes ditatoriais: Após a Segunda Guerra Mundial, desembarcaram nestas terras grupos remanescentes de italianos, japoneses e alemães, que fugiram da miséria causados pela megalomania de Mussolini, Hiroíto e Hitler. O atual contexto envolve Nicolás Maduro e as consequências do seu desgoverno ao povo venezuelano. Questões humanitárias estão acima das nacionalistas, na minha opinião. E se outros povos tiveram o direito de desembarcar aqui para tentar melhor sorte na vida, por que não os venezuelanos?

* O Eldoradense  

Um comentário:

  1. Anônimo15:55

    Para aqueles que dedicam suas vidas em arruinar a dos outros, porque acham que nada vai acontecer, lembre-se: a vida é como um círculo onde tudo volta e te atinge onde mais dói.

    ResponderExcluir

Comentário: "Conheci, por acaso, O Observador!"

      "O acaso é, talvez, o pseudônimo que Deus usa quando não quer assinar suas obras.      Inicio este texto com a frase do pensador ...