30 de dez. de 2020

Livro: "Os segredos dos super-heróis", de Franco da Rosa

 



     Concluída a última leitura de 2020: Trata-se de "Os segredos dos Super-heróis", escrito por Franco da Rosa, e produzido pela editora "Pé de letra". 

      Sempre digo que os gibis são uma importante ferramenta de iniciação e estímulo ao gosto da leitura pelas crianças, e no meu caso, não foi diferente. Foi mergulhando no mundo dos super heróis - especialmente os da Marvel - que adquiri o hábito de ler, e só por isso, os heróis da ficção, na minha opinião, são heróis da minha própria realidade. 

      Há também o grande legado das mensagens subliminares transmitidas através dos gibis, na figura dos seus personagens: É o caso da luta do Pantera Negra contra o racismo e dos X Man na luta pelo respeito às diversidades, por exemplo. Sim, os gibis são didáticos e educativos, à sua maneira. 

         E neste livro, Franco de Rosa simplesmente destrinchou a história dos personagens de diferentes editoras, principalmente das duas mais famosas: DC Comics e Marvel Comics. Expôs o contexto histórico dos quais muitos foram criados, o processo de censura sofrido pelos autores até mesmo nos Estados Unidos, as transformações e atualizações sofridas ao longo dos anos, bem como a promissora inserção deste gênero literário nos cinemas, gerando muitos lucros para a sétima arte. Também foram abordadas as criações nacionais, muitas delas também vigiadas pela censura da nossa ditadura militar.

         É fato que os gibis são muito discriminados pelos eruditos exatamente por possuírem uma linguagem resumida, simplista e objetiva. Mas por trás de uma obra nesta natureza, existem autores, roteiristas e desenhistas. Penso que pelo seus respectivos processos de elaboração, bem como o importante papel que desempenham na iniciação das pessoas ao gosto pela leitura, deveriam ser mais valorizados.


* O Eldoradense 

28 de dez. de 2020

Comentário: "Ainda sobre os 50% de eficácia da Coronavac"

 



     Quando escrevi o primeiro texto sobre a eficácia mínima de 50% da Coronavac ante ao novo coronavírus, talvez passei a falsa impressão de que estivesse alimentando o receio de parte da população em relação à vacina oriunda da China. Entendam: a questão principal não é esta. A questão principal é de que provavelmente tenhamos vacinas de outros países que garantem uma imunização maior, e que se tivéssemos união dos governos em todas as esferas, as mesmas já poderiam ser adquiridas para começar, o quanto antes, as campanhas de vacinação em massa. Não é o que está ocorrendo. Ideologizaram a ciência, politizaram a questão, e mais uma vez, o povo desinformado sofre as consequências.

    Sim, em plena era da internet, as pessoas temem as vacinas assim como na campanha de vacinação da varíola, ocorrida no distante 1904, ou seja, 116 anos depois! Seria um absurdo se não estivéssemos falando de Brasil. 

      Mas o importante é tentar esclarecer o objetivo do primeiro texto, que em nenhum momento quis dizer que as pessoas devem temer a Coronavac se as mesmas chegarem nas unidades de saúde país afora após possível liberação da ANVISA. O que eu quis dizer é que deveríamos lutar para ter sim, as melhores vacinas, apenas isso.

      Porém, caso seja a vacina chinesa a primeira opção, creio que não há motivos para perder tempo com dúvidas inoportunas. Vejam bem: A vacina, ao que tudo indica, garante um percentual mínimo de eficácia contra a infecção do vírus, porém, ela reduz também pela metade a severidade dos sintomas, diminuindo substancialmente as complicações que levam o paciente ao óbito. Já é algo importantíssimo, que torna o enfermo apenas um portador do vírus, e não um enfermo grave. 

        Portanto, se você tiver a opção de escolher  a melhor vacina, o faça. Mas se a Coronavac for "o que tem pra hoje", não titubeie: é melhor estar vivo e ouvir os desinformados te qualificaram como cobaia do que correr o risco de todos chamarem-no de "finado"...

* O Eldoradense   

24 de dez. de 2020

Comentário: "Ao que tudo indica, a Coronavac pode ser par ou ímpar"

 



       
       Há algum tempo, este blog tem se manifestado totalmente a favor das vacinas e dos institutos brasileiros de pesquisa, confiando em suas reputações exatamente pelos serviços que estas instituições prestaram ao longo da história científica e sanitária do país. Sim, eu sustento a tese de que jamais a Fiocruz ou o Instituto Butantan seriam manipulados pelos governantes políticos em nome da conveniência, do oportunismo ou da picaretagem dos "representantes do povo".

       E é por isso que as opiniões aqui emitidas foram sempre pautadas na pesquisa, na ciência e na constatação. Como eu disse, a partir do momento em que uma vacina for colocada em circulação, é certo que nossos institutos destrincharam suas eficácias, efeitos colaterais e emitirão seus alertas e advertências sobre os mesmos, inclusive estabelecendo restrições. É também por isso que sempre abominei e continuo abominando as defesas da Cloroquina, Ivermectina ou Hidroxicloroquina nesta crise sanitária. Se os tais remédios forem ministrados para verminoses, lúpus ou malária, tudo bem. Para o tratamento do novo coronavírus, é cientificamente comprovado que ministrar tais medicamentos tem os mesmos efeitos que a pajelança e o curandeirismo. 

      Pois bem: a data da divulgação dos testes sobre a eficácia da Coronavac, vacina chinesa comprada pelo Governo do Estado de São Paulo, foi adiada. Antes disso, suspeitava-se que sua eficácia girava em torno dos 50%, o que é melhor do que nada, mas muito aquém do desempenho das vacinas da Pfizer ou de Oxford, por exemplo, cujo êxito supera os 90%. Em meio ao fiasco, o governador João Doria, que tanto defende o isolamento social, fez uma viagem totalmente inoportuna para Miami. Entendam: O erro não é defender o isolamento social. O erro é defendê-lo e não dar o exemplo. 

       Sendo assim, é justificável o "pé atrás" com a Coronavac. Não dá para tomar uma vacina como se joga um "par ou ímpar". Não que o sujeito vá fazer o seu uso e vá sofrer mutação genética, ficar doente, ou transformar-se num jacaré, nada disso. O problema é confiar num poder ínfimo de imunização, numa blindagem de lata de alumínio, e correr 50% dos riscos de adoecer pelo novo coronavírus. É inadmissível sua compra quando sabemos que existem outras vacinas com êxito maior de eficácia. 

        Isso só mostra que devemos confiar sim em instituições como a Fiocruz, a Anvisa e o Instituto Butantan. É a ciência, mais uma vez, prezando pela constatação e experimentação em detrimento dos objetivos políticos e eleitoreiros...

* O Eldoradense     

17 de dez. de 2020

Livro: "As esganadas", de Jô Soares

 



   
   Rio de Janeiro, início do século passado: A capital federal vive uma onda de crimes em série cometidos por um psicopata que mata com requintes de crueldade e caçoa as autoridades policiais. As barbáries são realizadas por um homem excêntrico, dono da maior e melhor funerária da América do sul, que por algum motivo, executa mulheres obesas, sem distinção das funções que as mesmas exercem: dentre elas, uma freira e uma prostituta, por exemplo.

     Intrigados com os fatos, um quarteto faz a investigação dos crimes: Um delegado e seu assistente, um ex-policial português dono de padaria e uma repórter fotográfica. O desenrolar da narrativa é envolvente e engraçado, com pitadas humorísticas muito inteligentes, ao bom e velho estilo Jô Soares de escrever. "As esganadas", é, ao meu ver, o melhor dos três livros de Jô que li recentemente. Devorei-o em dois dias, com a mesma avidez das esganadas assassinadas na divertida história escrita pelo humorista...

* O Eldoradense

16 de dez. de 2020

Livro: "Os textículos de Ari Toledo - A anarquia da filosofia"

 



    O título do livro já é uma piada: "Os textículos de Ary Toledo" expõem pequenas anedotas, pensamentos e ironias muito bem sacados pelo humorista. É o tipo de leitura leve, que exige pouca concentração, feita de uma forma ainda mais recreativa do que é o hobby da leitura para mim. Como uma obra literária sem tramas dificulta a confecção da sinopse, as fotos das páginas abaixo ilustram mais ou menos o conteúdo do livro. Escolhi as frases que achei mais bacanas e irônicas, mas também tem muita "sacanagem" escrita ao longo das 292 páginas. Afinal, é o Ary Toledo, né, galera?






* O Eldoradense

15 de dez. de 2020

Comentário - Paulinho: Uma perda irreparável para o Roupa Nova e para a música brasileira

 


  

     A música brasileira sofreu ontem, uma perda irreparável: Trata-se de Paulinho, eterno vocalista da excelente banda Roupa Nova, mais uma vítima fatal da COVID-19. Não vou tecer comentários a respeito da doença, muito menos falar sobre o quão bom era o músico e a banda a qual pertencia. Ambos os assuntos são como "chover no molhado". 

        Prefiro falar do quanto eu gosto discografia destes caras, do quanto influenciaram, desde menino, no meu gosto musical. Lembro-me, de cara, de ouvir no rádio à pilhas que tinha em casa, três sucessos que eu adorava: "Um sonho a mais" - Tema de abertura de novela -  além dos clássicos "Linda demais" "Whisky a go go". Não precisava ser adulto para gostar daquelas músicas que alternavam letras românticas, poéticas, além dos ritmos empolgantes. Os caras são músicos completos, que alternavam seus vocalistas e tocavam seus instrumentos com maestria. 

        Já na era digital, com um computador e pen drive nas mãos, montei uma pasta com os maiores sucessos da banda. Ouço-a com certa regularidade. Não os admiro só pela qualidade inquestionável da obra, mas também por estarem tanto tempo na estrada com a mesma formação. Certa vez, Fausto Silva perguntou a eles sobre possíveis desavenças, e não me lembro quem deles, respondeu: "É como num casamento. Temos nossas diferenças, mas nos gostamos muito". E realmente, a formação só foi alterada após a morte de um dos componentes, como num casamento à moda antiga, leal, duradouro, com quarenta anos de história.

        Tive duas lembranças inesquecíveis, ao vivo e a cores, com a banda: A primeira, na FAIVE, em 2011, e a segunda, em um show Open Bar no Limoeiro, em 2017, em Presidente Prudente.  Ambos perfeitos: O repertório, o carisma e a presença de palco são simplesmente inigualáveis. 

         Devo dizer que a FAIVE, em Presidente Venceslau, sempre foi marcada por eventos musicais sertanejos de grandiosíssimo público, em muitos dos casos. Pois em 2011, o Roupa Nova quebrou paradigmas, e num sucesso de público tremendo e surpreendente, a banda contagiou a plateia no recinto. Sim, já vi shows com mais público na FAIVE, mas não me lembro de participação tão interativa e empolgante do público. Foi uma noite mágica, sem exageros.

        No Limoeiro, em Presidente Prudente, a fila de carros na Raposo Tavares anunciava que o "bicho iria pegar" naquela noite de sábado em agosto de 2017. Inesquecível. Até eu, que sou um poste, dancei uma coreografia particular, desengonçada, mas genuína. Nem toda a minha timidez fez com que eu ficasse parado.

        A notícia da perda de Paulinho é um baque não só para a banda, mas para a música brasileira. Mas como diz a letra de uma das músicas mais marcantes deles, um dia, todos nós faremos "A viagem". Boa viagem, Paulinho! Certamente você viajou contra a sua vontade e também contra a vontade dos fãs do Roupa Nova!


* O Eldoradense



        

13 de dez. de 2020

Livro: "O homem que matou Getúlio Vargas", de Jô Soares

 


      E minha segunda leitura na "maratona literária Jô Soares" tem o título "O homem que matou Getúlio Vargas". A obra segue a mesma receita de "O Xangô de Baker Street": O encaixe da ficção e da liberdade criativa do autor com fatos históricos verídicos , bom humor, suspense e um protagonista desastrado.

    Neste caso, o centro das atenções da história é Dimitri Borja Korozec, um sérvio anarquista, filho de pai da mesma nacionalidade e mãe brasileira, sendo também sobrinho de Getúlio Vargas. Treinado por uma escola de terroristas que tem como missão assassinar os tiranos do mundo, Dimitri é daqueles fanáticos obcecados por uma causa específica: A de impor o regime anárquico através da luta armada, limpando o mundo dos ditadores e déspotas. O problema é que o assassino em potencial "nega fogo" em todas as suas missões, falhando de forma desastrosa, patética e engraçada.

      E nas idas e vindas do rebelde anárquico, ele vem parar no Brasil com o intuito de assassinar o presidente ditador do Estado Novo, que também é o seu tio: Getúlio Vargas. Deixo o desenrolar da narrativa para a curiosidade do leitor, mas exponho uma página bastante curiosa, a de número 172, que descreve os acontecimentos no Rio de Janeiro, durante a pandemia da gripe espanhola, no início do século passado. Se puderem leiam, pois a semelhança com o momento atual é grande...


* O Eldoradense

4 de dez. de 2020

Poesias do Eldoradense: "O Drácula vegano"

 



" O Drácula vegano"

Não me pergunte onde,

Aconteceu a mutação;

Sei que nasceu um conde,

Homem de bom coração...

 

Usava roupa escura,

Com as golas erguidas;

Filho da nobreza pura,

Tantas gerações seguidas...

 

Dentes pontiagudos,

Não são o que aparenta;

Rejeitava pescoços desnudos,

Para a sucção lenta...

 

Tudo o que ele queria,

Era uma mulher bonita,

Alguém que saciaria;

Sua sede infinita...

 

Eis que seduziu,

Uma jovem imaculada,

E a mesma conduziu;

Para a sua morada...

 

Ela pressentia a dor,

Um medo que não se acaba;

E ele, sem pudor...

Pediu suco de beterraba!

 

* O Eldoradense




30 de nov. de 2020

Poesias do Eldoradense: "Maresia"

 


"Maresia"

 

Tocando a concha pálida,

Vejo ondas trêmulas,

Chegam de forma cálida;

Vibrantes feito flâmulas...

 

Sinto o aroma salino,

Misturado ao do pescado;

Teu som é como hino,

Um delicioso recado...

 

 Envolto, fico pasmo,

Ouvindo tua poesia...

Por isso, não és marasmo...

E sim, maresia!

 

* O Eldoradense

27 de nov. de 2020

"Adeus, padrinho"...

 



    Ontem foi mais um daqueles dias tristes. Perdi alguém pelo qual tenho gratidão desde os primeiros dias de vida: Assim que nasci, um casal foi até a nossa casa para buscar minha mãe e eu e oferecer-nos os cuidados necessários enquanto meu pai trabalhava. Essas pessoas eram o "Seu Pedro e Dona Alfredina". Ele, meu tio, irmão do meu pai, e ela, sua esposa e companheira de tantos anos. Não por acaso, e externando o agradecimento pelo gesto amoroso e voluntário, meus pais me ofereceram a este casal em batismo religioso. 

       Pois ontem, o meu padrinho se foi, depois de uma luta sofrida de dois anos contra as sequelas de um AVC, que o deixou acamado. Foi morar com Deus deixando muitas saudades a todos os familiares, dentre eles - e principalmente - esposa, filhos e netos. Quando recebi a notícia, o primeiro pensamento que me veio em mente foi o de conforto, pois aquela luta prolongada, obviamente, estava o fazendo sofrer. Mas depois, vem o tal "filme na cabeça", as lembranças boas que trazem saudades, e ao mesmo tempo, chateação por mais um lindo ciclo encerrado na vida terrena e iniciado no plano celestial.

      E nestas lembranças, é inevitável recordar do olhar distraído, sereno, do coração puro, bom, quase ingênuo. Fica difícil não dar um sorriso de canto de boca ao lembrar da voz grossa contando piadas singelas e repetitivas, que nos faziam rir mais pela simplicidade do que pela piada propriamente dita. Emotivo, das poucas vezes que o vi pegar no violão - que tocava muito bem, por sinal - também o presenciei chorar. Provavelmente nestas lágrimas estavam contidas a saudade da vida no sítio com os meus avós, e certamente, a perda do filho primogênito em um afogamento. Falava pouco no assunto, mas no olhar distraído e melancólico, havia esta mácula. Era nitidamente perceptível.

       Teve outras duas filhas de sangue e um caçula, de coração, ao qual tratou sem distinção alguma. Tanto é que só anos mais tarde que fui saber disso. Alma nobre, esposo dedicado que tratava a companheira com devoção, cavalheiro nato, numa reverência quase que servil, paparicando com muito amor a minha madrinha. Casamento de longos setenta anos, o tipo de união conjugal sólida e rara de se ver atualmente.  Da vida material, recordo muito pouco do armazém de secos e molhados que empreendeu na Avenida Tiradentes, mas lembro com muita admiração do Jeep que ele teve por alguns anos na garagem. Eu achava aquele carro o máximo!

           Está agora, com certeza no reino dos céus. Ficam registradas a gratidão, a admiração e a saudade. E para finalizar a homenagem, conto uma história descontraída, ocorrida em 2001, numa reunião em família no período de carnaval, em Rosana. 

              Juntamos nossa família e fomos passar alguns dias na casa de um primo, o Adálio, em Primavera. Quando foi à tarde, depois do almoço, resolvemos descer em caravana até Rosana e passar o dia na prainha às margens do Rio Paraná. O seu Pedro e a dona Alfredina foram no carro do genro e da filha, o Cido e a Idenilce. Chegando lá, todo mundo entrou na água, menos o meu padrinho, que estava trajando roupas sociais: sapato, calça e camisa. A esta altura do campeonato, ele já era um senhor de 71 anos, e talvez não se sentisse bem com trajes de banho.  Pois bem: Depois de algum tempo, meu padrinho não resistiu e entrou nas águas do Rio Paraná mesmo com aquela roupa formal.

            Foi quando um dos meus primos, o Armando, com um humor bastante aguçado e inteligente, gritou, dando uma gargalhada:

               "Ê, tio Pedro, agora sim! Só tá faltando o celular e o talão de cheques!"

                  E assim prosseguiu o padrinho, mergulhando o corpo no rio sem qualquer pudor ou constrangimento, retribuindo a piada do sobrinho com um sorriso puro e ingênuo, refletindo a personalidade da sua alma...


                             Luiz Fernando, 27/11/20 - em homenagem

         

25 de nov. de 2020

Comentário: "Duas perdas para os que gostam do futebol..."

      O mundo do futebol sofreu dois baques em dois dias consecutivos. Um deles na imprensa esportiva brasileira, e o outro, na história construída dentro dos gramados, acariciando a bola, construindo história. Primeiramente, falemos do ícone atrás das câmeras e microfones: Faleceu aos 69 anos, Fernando Vanucci, jornalista e apresentador esportivo que revolucionou a forma de se dirigir ao telespectador, usando trajes despojados, se comunicando de forma descontraída e criando bordões como "Alô você" e "Não teve lero lero, nem vem cá que eu também quero". Quem, na faixa dos 40 anos e que era aficionado por futebol não se lembra da voz e do jeito marcante do apresentador, durante as exibições dos "Gols do Fantástico?". Vanucci havia sofrido um infarto no ano passado, e tudo indica que seu óbito se deu a partir das consequências deste episódio. Uma pena, uma perda irreparável para a imprensa esportiva brasileira. 



   A outra perda, ocorrida agora há pouco, obviamente terá repercussão global, pois se trata de um dos maiores jogadores da história do futebol mundial: Faleceu o gênio indomável da bola, Diego Armando Maradona. O craque argentino morreu aos 60 anos, após a cirurgia de retirada de um hematoma no cérebro. Rivalidades e polêmicas na vida pessoal à parte, é inegável que Maradona foi um iluminado dentro dos gramados, um vitorioso, um predestinado. Imagino como será a comoção em seu país, pois, por lá, a idolatria em torno de sua figura extrapola rivalidades clubísticas, beirando os limites da religiosidade em torno de uma divindade humana de carne e osso. É algo intenso, marcante, apaixonante, como os ritmos dos tangos de Carlos Gardel.  Não tenho dúvidas que a repercussão do óbito poderá alcançar, na Argentina, as comoções em torno da morte de Perón, ex-presidente popular e populista daquele país. 

      Para quem teve o privilégio de ver Maradona jogar, fica a melancolia em relação ao ocorrido. O craque da nação hermana, foi ao meu ver, o autor do gol mais bonito das histórias das Copas do Mundo: O tento argentino assinalado contra a Inglaterra, no mundial do México, em 1986...


* O Eldoradense

24 de nov. de 2020

Livro: "O Xangô de Baker Street", de Jô Soares

 



        Fim do Brasil Império. Entre escravos, nobres e plebeus, a capital brasileira da época, o Rio de Janeiro, vive os mistérios do roubo de um violino que pertencia à baronesa de Avaré, bem como o assassinato brutal de algumas mulheres, que, curiosamente, tinham os fios de um violino emaranhados nos seus pelos pubianos, caracterizando um ritual sádico cometido por um psicopata.

       Eis então que, em meio à ineficiência da polícia local, D Pedro ll chama, para solucionar o caso, ninguém menos que Sherlock Holmes e seu assistente, o Dr. Watson. Esse é o enredo inicial do best seller "O Xangô de Baker Street", genialmente escrito pelo humorista e apresentador Jô Soares.

         Marcado pela pitoresca e desastrada personalidade do detetive inglês com sotaque português, a história traz situações inusitadas, diálogos pra lá de engraçados e uma trama que envolve o leitor da primeira até à última página. Como o Brasil não é um país para amadores, o infalível Sherlock Holmes passa maus bocados em sua investigação. Também são notáveis as descrições dos figurinos de época dos brasileiros, imitando os europeus e sofrendo por baixo dos panos por conta do calor tropical. A imundície de alguns pontos da cidade, a luxúria dos prostíbulos, a personalidade oportunista do brasileiro, a suntuosidade da nobreza e a pobreza dos plebeus e escravos, são elementos marcantes que fazem o leitor imaginar a cenografia da obra literária. Enfim, se eu já era fã do Jô Soares humorista e apresentador, passei também a ser admirador do Jô escritor. Genial! Não por acaso, já tenho guardados nas prateleiras outras duas obras suas: "As esganadas" e "O homem que matou Getúlio Vargas". Iniciarei as respectivas leituras em breve...


* O Eldoradense

23 de nov. de 2020

Comentário: "Vidas negras importam, sim, senhor!"

 



"Todos iguais, 
Todos iguais...
Mas uns mais iguais que os outros!"

Engenheiros do Hawaii

   

   Enquanto este assunto estiver à tona, ele será esmiuçado neste blog. Enquanto muita gente - mal intencionada, ou mal informada-  estiver engajada em deturpar qualquer mensagem antirracista, lutarei com as minhas armas para tentar ajudar, de alguma forma, a luta contra as barbáries sofridas pelos negros deste país. 

      Mais um absurdo ocorreu recentemente neste sentido. Acho que não preciso citar novamente a atrocidade ocorrida no Carrefour de Porto Alegre. E é lógico, que toda ação demanda uma reação. Se a mesma ocorre pacificamente, em forma de um protesto intitulado "Vidas negras importam", logo aparece a argumentação de que "todas as vidas importam". Sim, em um mundo ideal, todas as vidas importam... Só que o Brasil está longe de ser o país das maravilhas. Este é um dos países mais desiguais do mundo, e nesta realidade nua e crua, as vidas negras não estão importando, ou, se importam, é bem pouco. E é por esse motivo a reafirmação do slogan do protesto.

   Se os protestos ocorrem através das vias de fato, os manifestantes são chamados de vândalos.  Sim, esta é a via condenável de protesto, mas quando a primeira é calhordamente deturpada e questionada, é avançada mais uma casa no nível de indignação. Entenderam como é feito o "dois cantos" contrário às manifestações e que alicerçam o racismo estrutural no país?

       As brilhantes postagens reacionárias pregam que a luta antirracista se dá através da esquerda e da manipulação da mídia. Errado! Estes argumentos patifes, na verdade, fazem parte de um arcabouço de racismo estrutural que quer, despudoradamente, manter seus alicerces firmes neste país  racista, porém, miscigenado. 

           Portanto, mediante a tamanha desvalorização das vidas negras deste país, é necessário reafirmar, em alto em bom som, para evitar deturpações oportunistas: "VIDAS NEGRAS IMPORTAM, SIM, SENHOR!"


* O Eldoradense       

20 de nov. de 2020

Comentário: "A maior idade como critério de desempate eleitoral"

 



     Caraúbas (PB), Kaloré (PR) e Jardinópolis (SC) têm uma coisa em comum: As três cidades mencionadas acima tiveram resultados de empates nas eleições municipais de 2020. Segundo as leis da Justiça eleitoral, quando isso ocorre, é declarado vencedor o candidato mais velho, de maior idade, mais experiente. Isso é curioso, e sinceramente, não sei por qual motivo é este o critério. Há quem defenda novas eleições, mas aí também acho exagero: Primeiro porque teoricamente dificilmente alguém mudaria as intenções de voto em curto prazo, e segundo, porque isso encareceria o processo eleitoral. Há também a possibilidade nada remota de uma verdadeira caça remunerada aos votos após a declaração de empate, pois seria necessário um certo poder extra de "per$ua$ão", se é que me entendem. 

     Como eleitor, defendo um novo critério de desempate: O político cujo partido fez o maior número de vereadores, leva a peleja. A persistir o empate - o que, convenhamos, seria bem inusitado - liquida a fatura aquele que possuir maior nível de escolaridade. Seria uma forma de continuar a prestigiar a representatividade em primeiro momento, e em seguida, o preparo intelectual. As duas formas envolvem a meritocracia, e não uma simples questão etária. E vocês, concordam com o atual critério de desempate, ou teriam outras sugestões?


* O Eldoradense

16 de nov. de 2020

Comentário: "Sobre a vitória de Bárbara em Venceslau"

 



     Fim de papo, c'est fini, game over. Acabaram as eleições municipais mais atípicas dos últimos tempos, marcadas pelas restrições em campanha motivadas pela pandemia do novo coronavírus. Em Presidente Venceslau, uma pleito histórico, por dois principais motivos: O recorde no número de candidatos a prefeito - oito no total - bem como pelo resultado que coroou uma jovem de trinta e três anos que nunca sequer havia se candidatado ao legislativo. Uma grata surpresa, e isso é inegável.

     Sinto-me bem à vontade para expor meus pensamentos quanto ao resultado, principalmente porque se Bárbara Vilches não foi minha candidata, sinceramente, não alimento qualquer rejeição ao seu triunfo. É como se a Portuguesa de Desportos ganhasse um Campeonato Paulista contra qualquer rival mais tradicional, entendem?

     Primeiro, elucido os pontos que considero positivos em relação ao resultado: Ela é uma mulher, é jovem e é do Partido Verde. Considerando o perfil conservador e tradicionalista do eleitorado venceslauense, Bárbara não transpôs barreiras: Ela escalou de rapel as barragens da hidrelétrica de Itaipu! É um feito que a prefeita eleita vai poder contar com muito orgulho aos seus netos - se é que vai tê-los - quando estiver em idade mais avançada. Ela tem brilho nos olhos e empolgação na fala, o que explicita motivação. Isso é muito importante. A sua vitrine ou trampolim para a inserção no mundo político foi alavancada por um excelente trabalho à frente de uma entidade social: O Lar Aconchego, voltado para crianças carentes. Isso é enorme relevância do ponto de vista dos desafios a serem enfrentados e das responsabilidades para com os menos favorecidos. 

      Agora, os pontos que sinceramente, causam-me dúvidas. O primeiro é a ausência explícita de um plano de governo. Apesar de ela dizer que existe um plano de ações e que seu objetivo é encarnar a "nova política", eu sempre gostei de ler materiais prévios e claros de compromissos de campanha. Tudo o que vi me pareceu vago, inconsistente, enigmático. O outro ponto crucial e que lhe foge à sua competência foi a composição da futura Câmara Municipal, que teoricamente, terá maioria absoluta oposicionista. Tomara que sua capacidade de articulação seja boa o bastante para que ela venha a costurar uma base governista. Caso contrário, isso significa grandes dificuldades. 

      Os outros objetos de análise dizem respeito às origens de sua candidatura: Tenho a sensação de que as mesmas não foram embrionárias das camadas mais populares, apesar de que sua votação atingiu, com êxito, as urnas da periferia. Bárbara passa a ter agora uma dívida de gratidão com os menos favorecidos. E o Partido Verde? Será mesmo que a simbiose candidata/partido deu-se através de identificação ideológica ou foi mais um destes casamentos por conveniência, tipo "o que tinha para hoje?". 

     Elucido que o Partido Verde é uma agremiação política global, defensor ferrenho da sustentabilidade e das causas sociais. Em suma, é uma agremiação vanguardista de esquerda, que, sinceramente, não sei se é a identificação ideológica da prefeita eleita. Aliás, para ser bem franco, o que eu vi de candidatos a vereador pelo Partido Verde defensores do bolsonarismo nas redes sociais foi algo bastante surreal. Convenhamos: É incoerente, já que o nosso presidente não é nenhum Capitão Planeta amante do meio ambiente e apegado à sustentabilidade. 

      Em suma, esta foi uma análise bem íntima sobre o resultado das urnas venceslauenses ao cargo majoritário. Apesar das ressalvas, torço para que a prefeita eleita atinja seus objetivos, faça um mandato satisfatório e que promova um choque de gestão na administração municipal. Que Deus lhe ilumine!


* O Eldoradense

      

15 de nov. de 2020

Duas resenhas: "Put some farofa" e "Por que fazemos o que fazemos?"

   Encerrei recentemente duas leituras. A primeira é "Put some farofa", do humorista Gregório Duvivier, e a segunda é "Por que fazemos o que fazemos", do filósofo Mário Sérgio Cortella.



   O primeiro livro é uma antologia dos trabalhos escritos de Gregório Duvivier: Esquetes humorísticas, crônicas, poemas. E é exatamente por possuir vários trabalhos em um só que o livro é de fácil leitura e muito gostoso de se ler. Isso justifica o nome da capa, como se a obra literária juntasse vários ingredientes que resultassem numa deliciosa farofa. Engraçado, sarcástico, irônico e genial, o prefácio elogioso à obra foi escrito por ninguém mais que Luis Fernando Veríssimo. Acho que isso, por si só, já basta para exemplificar o quanto o livro é bom, né?



    A segunda leitura é bem mais séria, porém, não menos motivante e interessante. "Por que fazemos o que fazemos?" enaltece as formas com as quais muitos de nós deveríamos gerir nossas vidas, traçando um paralelo às gestões empresariais, expondo principalmente conceitos como ética, equilíbrio e motivação. Uma explanação muito bem elaborada sobre estilos de vida tóxicos, onde muitos de nós focamos nossas objetivos no materialismo, concentrando todas as nossas energias na busca incessante pelo acúmulo, usufruindo muito pouco de pequenos prazeres que se levam da nossa passagem na terra: o convívio com as pessoas que gostamos, os lugares a serem conhecidos, as boas comidas. Mário Cortella explica, em suma, que devemos sempre buscar o equilíbrio, principalmente ante à ambição desmedida. A dica serve para pessoas e empresas que talvez tenham como prioridade a ganância, o acúmulo material e o lucro a qualquer custo. A grande pergunta é: Será que estamos gerenciando de forma adequada as nossas vidas?

* O Eldoradense

13 de nov. de 2020

Fotografia e vídeo: "Jiboia"

     Estas imagens fotográficas e vídeo foram enviados pelo amigo Ângelo Okado, em uma propriedade rural de Presidente Venceslau. Uma jiboia resolveu frequentar o local, ameaçando dar botes certeiros nas maritacas que saboreavam pitangas e mamões.... 





* O Eldoradense

11 de nov. de 2020

Comentário: "Sobre a derrota de Trump"

 


   

       Trump perdeu, como deveria de ser. Não tinha como um presidente tosco, negacionista, arrogante e narcisista continuar a comandar a maior potência mundial agindo daquela maneira. Seria uma afronta à democracia, ao bom senso, à diplomacia, à moral e à ética. Depois de surfar nas ondas prósperas e robustas herdadas por Barack Obama e impulsioná-las ainda mais com políticas de redução de impostos, a economia norte-americana chegou ao nível de pleno emprego. Um cenário bastante promissor a caminho da reeleição, que inclusive dava a Donald Trump o direito de se dar ao luxo de continuar com suas bravatas, empáfia e soberba. Sim, ele parecia que tinha gordura pra queimar. 

       Em um cenário de tranquilidade, parecia que bastava o país ser governado no piloto automático e o seu mandato se estenderia até 2024. Mas aí veio a pandemia e todos os empregos gerados até então evaporaram feito éter. A insatisfação da população começou a incomodar, e como desgraça pouca é bobagem, os assassinatos de pessoas negras pela polícia racista ocasionaram o movimento "Vidas negras importam", levando o Tio Sam à beira de um colapso social.

     As pesquisas indicavam a vitória de Joe Biden, mas elas poderiam estar erradas, como há quatro anos. Erraram, pois Trump pareceu ter mais votos que o esperado, inclusive nos nichos eleitorais que teoricamente seriam avessos a ele: negros e latinos. Mas, ao fim das contas, deu Biden, tanto no voto direto quanto nos colégios eleitorais. É bom ressaltar que Trump nunca teve a maioria dos norte-americanos, haja vista que em 2016 ele ganhou as eleições com três milhões de votos a menos que Hillary Clinton, mas no complexo sistema eleitoral ianque, o republicano assumiu a Casa Branca. 

     E as consequências para o Brasil? Sob o ponto de vista econômico, é bom o governo brasileiro se ajustar: os democratas são mais protecionistas que os republicanos, e, além disso, haverá pressão de Biden para que seja revista nossa política ambiental, sob risco de penalizações e sanções econômicas. Do ponto de vista político, há quem diga que o resultado americano possa interferir na reeleição de Jair Bolsonaro, em 2022. Discordo. São contextos diferentes. Pode até acontecer, mas acho difícil. Os Estados Unidos são primeiro mundo, possuem nível educacional melhor, portanto, seus eleitores possuem senso crítico mais apurado, mais aguçado. Por lá, a ignorância e o negacionismo não mereceram segunda chance. Já aqui...


* O Eldoradense

       

5 de nov. de 2020

Rodrigo Constantino: "O defensor da família que não defenderia a própria filha em caso de estupro..."

    Senhoras e senhores, este é Rodrigo Constantino...


     


    Jornalista, blogueiro, "herdeiro intelectual" do filósofo sem diploma Olavo de Carvalho. Diz ser um defensor ferrenho dos valores cristãos, da família e dos bons costumes. Dentre suas bandeiras constam o ultraliberalismo econômico, a pouca participação do Estado na economia e políticas sociais, enfim, aquela balela que está atualmente na modinha. Tem, dentre os seus mártires, Donald Trump e Jair Bolsonaro. Mas como todo peixe afoito morre pela boca, eis que Rodrigo Constantino emitiu o seguinte comentário sobre o estupro sofrido por Mariana Ferrer...


  Quanto brilhantismo, não? Depois deste comentário ridículo, o ultraconservador defensor da família e dos valores cristãos, logicamente foi demitido da Jovem Pan, e um dia depois, da Record. E depois da repercussão, sabem o que ele fez? O que estes malucos sempre fazem: alegou que o que disse não era bem assim, que foi retirado de contexto, coisa e tal. O problema é que contra vídeos, não há argumentos. Que sirva como lição, se é que um dia ele vai aprender...

O Eldoradense



28 de out. de 2020

Comentário: "Por que Pelé é rei?"

  



    No último dia 23 de outubro, Pelé fez 80 anos. Como não poderia ser diferente, a imprensa esportiva dedicou uma série de homenagens ao rei do futebol, o brasileiro mais conhecido do mundo até os dias atuais. O mineiro da cidade de Três Corações conquistou três Copas do Mundo com a seleção brasileira, e com o Santos, dois Mundiais Interclubes, duas Libertadores da América, seis Campeonatos brasileiros, além de dez Campeonatos Paulistas. Parou uma guerra na África, e quando foi expulso num amistoso na Colômbia, a torcida  exigiu que ele voltasse a campo, e pasmem, o juiz foi substituído no meio da partida. Lendário, o camisa 10 merece sim a coroação inequívoca de "Rei do futebol". Reclamem ou discordem alguns, a realeza é dele e ninguém tasca.

     Mas aí vem os seres humanos infalíveis das redes sociais e questionam sua nobreza em campo, justificando as críticas motivados pela imperdoável falha de Pelé em não ter reconhecido sua filha Sandra, falecida aos 42 anos, vítima de câncer. Reitero que o texto não tem como objetivo absolver o rei do futebol por este gesto desumano, mas defender o seu título de rei, que está restrito aos seus feitos dentro dos gramados, e nada mais. Pelé é rei do futebol, não rei do seminário, ou do monastério. É rei do futebol, não é santo. Foi coroado enquanto futebolista, não enquanto ser humano, muito menos canonizado, tal qual Madre Tereza de Calcutá ou São Francisco de Assis.

      Lembremos que todo ídolo é ser humano e passível de falhas, algumas gravíssimas, como a mencionada acima. O "rei do Rock", Elvis Presley, tinha problemas com drogas, e nem por isso, deixou de sê-lo. Maradona não foi rei, mas os argentinos o idolatram enquanto jogador de futebol mesmo sendo ele controverso e ter sido um ex viciado em cocaína. A lista de ídolos imperfeitos, mas geniais em seus ofícios não para por aí: Passa por Renato Russo, Cazuza, Raul Seixas, Paulo Coelho, Sócrates e Casagrande, por exemplo. 

     No caso de Pelé, o açoite das redes sociais talvez seja motivado pelas rivalidades clubísticas, em maior parte. Sempre tem um ou outro torcedor de outro clube querendo questionar sua realeza futebolística, fazendo comparações absurdas e logicamente, usando os argumentos de suas falhas fora dos gramados. Eu vou mais além e incremento tal comportamento utilizando a questão racial: o brasileiro, mesmo que subconscientemente, não aceita de bom grado tamanha importância dada a um homem negro. Se Pelé  fosse branco e tivesse sobrenome italiano, talvez muitos o  chamassem de mito, ainda que tivesse feito apologia à tortura, ao estupro e ameaçado jogar bomba em quartel do exército. Lembremos: Pelé é rei do futebol, e seu reinado está inserido na geografia retangular dos gramados e na história do esporte, nada mais que isso. Enquanto nenhum outro jogador conquistar três Copas do Mundo e fizer mais de mil gols, a coroa ficará sobre sua cabeça e ele permanecerá absoluto sobre o trono, queira ou não os perfeitos e infalíveis. Afinal, aquele que nunca errou, que atire a primeira pedra... ou cobre o primeiro pênalti!


* O Eldoradense



26 de out. de 2020

Comentário: Distância de São Paulo justifica a nossa pobreza?

 



         A região administrativa de Presidente Prudente é a segunda mais pobre do Estado de São Paulo. Nela estão inseridos 53 municípios, caracterizados pela baixa industrialização e pelo PIB abaixo da média estadual. Há algum tempo discute-se os motivos pelos quais a porção sudoeste da província bandeirante sofre com este problema, e muita gente justifica como principal motivo a distância da mesma com relação aos grandes centros. Particularmente, apesar de achar que este seja um dos motivos, não concordo com a sua relevância no contexto. O principal motivo, ao meu ver, é outro: passa pelo nosso histórico de apropriação indébita das terras, da formação de latifúndios e do êxodo rural.

     Fosse a distância geográfica da capital um determinante, a região do Vale do Ribeira, cuja principal cidade, Registro, distante a apenas 208 quilômetros de São Paulo, não seria a mais pobre do estado. Considera-se ainda que o Vale do Ribeira tem como principal artéria rodoviária a Rodovia Régis Bittencourt, que liga a capital paulista à paranaense. 

        O que aconteceu neste região é que as grandes propriedades de terra engoliram as pequenas, o êxodo rural levou uma população com pouca instrução educacional para as cidades, que por sua vez, não absorveram a mão de obra, e estas pessoas posteriormente migraram para a capital e outros grandes centros. Com menos população, menos representatividade política e mais pobreza. 

       Sabe-se que as grandes propriedades têm como característica a pouca diversidade produtiva, que, de certa forma, no passado, houve aqui na região. Plantios de mamona, algodão, amendoim, alentavam a economia local, mantendo o homem do campo na área rural. Hoje, o binômio pecuária extensiva/cana-de-açúcar não proporciona uma distribuição equilibrada entre as populações urbana e rural. Ele é excludente.

       Atualmente vivemos em um mundo globalizado que aproxima distâncias e encurta tempos de deslocamento. É surreal pensarmos que no passado, com bem menos aparato estrutural, havia por aqui mais indústrias frigoríficas, óleo de soja e derivados do tomate, por exemplo. As pequenas cidades do extremo oeste paulista dependem quase que exclusivamente do funcionalismo público e do setor de comércio. Com pouco dinamismo e criatividade, parecemos aceitar facilmente o "determinismo geográfico" que nos é imposto. Somos pouco mais distantes da capital que o noroeste paulista, que, por sua vez, possui maior dinamismo econômico e representatividade política. 

      Dizer que somos pobres porque estamos "longe demais das capitais" é, ao meu ver, discurso conformista, fatalista, comodista. Há um potencial mercado interno que abrange não só o sudoeste paulista, mas também a porção leste do Mato Grosso do Sul e o norte do Paraná. De resto, é brigar por tributações menores para a nossa região, bem como lutar por melhorias na sua infraestrutura e exigir do governo estadual uma atenção diferenciada para com um dos seus dois filhos mais pobres. Caso contrário, vai ser mais do mesmo...


* O Eldoradense

Comentário: "O tio França foi uma vítima"

    Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, ...