16 de nov. de 2020

Comentário: "Sobre a vitória de Bárbara em Venceslau"

 



     Fim de papo, c'est fini, game over. Acabaram as eleições municipais mais atípicas dos últimos tempos, marcadas pelas restrições em campanha motivadas pela pandemia do novo coronavírus. Em Presidente Venceslau, uma pleito histórico, por dois principais motivos: O recorde no número de candidatos a prefeito - oito no total - bem como pelo resultado que coroou uma jovem de trinta e três anos que nunca sequer havia se candidatado ao legislativo. Uma grata surpresa, e isso é inegável.

     Sinto-me bem à vontade para expor meus pensamentos quanto ao resultado, principalmente porque se Bárbara Vilches não foi minha candidata, sinceramente, não alimento qualquer rejeição ao seu triunfo. É como se a Portuguesa de Desportos ganhasse um Campeonato Paulista contra qualquer rival mais tradicional, entendem?

     Primeiro, elucido os pontos que considero positivos em relação ao resultado: Ela é uma mulher, é jovem e é do Partido Verde. Considerando o perfil conservador e tradicionalista do eleitorado venceslauense, Bárbara não transpôs barreiras: Ela escalou de rapel as barragens da hidrelétrica de Itaipu! É um feito que a prefeita eleita vai poder contar com muito orgulho aos seus netos - se é que vai tê-los - quando estiver em idade mais avançada. Ela tem brilho nos olhos e empolgação na fala, o que explicita motivação. Isso é muito importante. A sua vitrine ou trampolim para a inserção no mundo político foi alavancada por um excelente trabalho à frente de uma entidade social: O Lar Aconchego, voltado para crianças carentes. Isso é enorme relevância do ponto de vista dos desafios a serem enfrentados e das responsabilidades para com os menos favorecidos. 

      Agora, os pontos que sinceramente, causam-me dúvidas. O primeiro é a ausência explícita de um plano de governo. Apesar de ela dizer que existe um plano de ações e que seu objetivo é encarnar a "nova política", eu sempre gostei de ler materiais prévios e claros de compromissos de campanha. Tudo o que vi me pareceu vago, inconsistente, enigmático. O outro ponto crucial e que lhe foge à sua competência foi a composição da futura Câmara Municipal, que teoricamente, terá maioria absoluta oposicionista. Tomara que sua capacidade de articulação seja boa o bastante para que ela venha a costurar uma base governista. Caso contrário, isso significa grandes dificuldades. 

      Os outros objetos de análise dizem respeito às origens de sua candidatura: Tenho a sensação de que as mesmas não foram embrionárias das camadas mais populares, apesar de que sua votação atingiu, com êxito, as urnas da periferia. Bárbara passa a ter agora uma dívida de gratidão com os menos favorecidos. E o Partido Verde? Será mesmo que a simbiose candidata/partido deu-se através de identificação ideológica ou foi mais um destes casamentos por conveniência, tipo "o que tinha para hoje?". 

     Elucido que o Partido Verde é uma agremiação política global, defensor ferrenho da sustentabilidade e das causas sociais. Em suma, é uma agremiação vanguardista de esquerda, que, sinceramente, não sei se é a identificação ideológica da prefeita eleita. Aliás, para ser bem franco, o que eu vi de candidatos a vereador pelo Partido Verde defensores do bolsonarismo nas redes sociais foi algo bastante surreal. Convenhamos: É incoerente, já que o nosso presidente não é nenhum Capitão Planeta amante do meio ambiente e apegado à sustentabilidade. 

      Em suma, esta foi uma análise bem íntima sobre o resultado das urnas venceslauenses ao cargo majoritário. Apesar das ressalvas, torço para que a prefeita eleita atinja seus objetivos, faça um mandato satisfatório e que promova um choque de gestão na administração municipal. Que Deus lhe ilumine!


* O Eldoradense

      

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