A região administrativa de Presidente Prudente é a segunda mais pobre do Estado de São Paulo. Nela estão inseridos 53 municípios, caracterizados pela baixa industrialização e pelo PIB abaixo da média estadual. Há algum tempo discute-se os motivos pelos quais a porção sudoeste da província bandeirante sofre com este problema, e muita gente justifica como principal motivo a distância da mesma com relação aos grandes centros. Particularmente, apesar de achar que este seja um dos motivos, não concordo com a sua relevância no contexto. O principal motivo, ao meu ver, é outro: passa pelo nosso histórico de apropriação indébita das terras, da formação de latifúndios e do êxodo rural.
Fosse a distância geográfica da capital um determinante, a região do Vale do Ribeira, cuja principal cidade, Registro, distante a apenas 208 quilômetros de São Paulo, não seria a mais pobre do estado. Considera-se ainda que o Vale do Ribeira tem como principal artéria rodoviária a Rodovia Régis Bittencourt, que liga a capital paulista à paranaense.
O que aconteceu neste região é que as grandes propriedades de terra engoliram as pequenas, o êxodo rural levou uma população com pouca instrução educacional para as cidades, que por sua vez, não absorveram a mão de obra, e estas pessoas posteriormente migraram para a capital e outros grandes centros. Com menos população, menos representatividade política e mais pobreza.
Sabe-se que as grandes propriedades têm como característica a pouca diversidade produtiva, que, de certa forma, no passado, houve aqui na região. Plantios de mamona, algodão, amendoim, alentavam a economia local, mantendo o homem do campo na área rural. Hoje, o binômio pecuária extensiva/cana-de-açúcar não proporciona uma distribuição equilibrada entre as populações urbana e rural. Ele é excludente.
Atualmente vivemos em um mundo globalizado que aproxima distâncias e encurta tempos de deslocamento. É surreal pensarmos que no passado, com bem menos aparato estrutural, havia por aqui mais indústrias frigoríficas, óleo de soja e derivados do tomate, por exemplo. As pequenas cidades do extremo oeste paulista dependem quase que exclusivamente do funcionalismo público e do setor de comércio. Com pouco dinamismo e criatividade, parecemos aceitar facilmente o "determinismo geográfico" que nos é imposto. Somos pouco mais distantes da capital que o noroeste paulista, que, por sua vez, possui maior dinamismo econômico e representatividade política.
Dizer que somos pobres porque estamos "longe demais das capitais" é, ao meu ver, discurso conformista, fatalista, comodista. Há um potencial mercado interno que abrange não só o sudoeste paulista, mas também a porção leste do Mato Grosso do Sul e o norte do Paraná. De resto, é brigar por tributações menores para a nossa região, bem como lutar por melhorias na sua infraestrutura e exigir do governo estadual uma atenção diferenciada para com um dos seus dois filhos mais pobres. Caso contrário, vai ser mais do mesmo...
* O Eldoradense
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