11 de nov. de 2020

Comentário: "Sobre a derrota de Trump"

 


   

       Trump perdeu, como deveria de ser. Não tinha como um presidente tosco, negacionista, arrogante e narcisista continuar a comandar a maior potência mundial agindo daquela maneira. Seria uma afronta à democracia, ao bom senso, à diplomacia, à moral e à ética. Depois de surfar nas ondas prósperas e robustas herdadas por Barack Obama e impulsioná-las ainda mais com políticas de redução de impostos, a economia norte-americana chegou ao nível de pleno emprego. Um cenário bastante promissor a caminho da reeleição, que inclusive dava a Donald Trump o direito de se dar ao luxo de continuar com suas bravatas, empáfia e soberba. Sim, ele parecia que tinha gordura pra queimar. 

       Em um cenário de tranquilidade, parecia que bastava o país ser governado no piloto automático e o seu mandato se estenderia até 2024. Mas aí veio a pandemia e todos os empregos gerados até então evaporaram feito éter. A insatisfação da população começou a incomodar, e como desgraça pouca é bobagem, os assassinatos de pessoas negras pela polícia racista ocasionaram o movimento "Vidas negras importam", levando o Tio Sam à beira de um colapso social.

     As pesquisas indicavam a vitória de Joe Biden, mas elas poderiam estar erradas, como há quatro anos. Erraram, pois Trump pareceu ter mais votos que o esperado, inclusive nos nichos eleitorais que teoricamente seriam avessos a ele: negros e latinos. Mas, ao fim das contas, deu Biden, tanto no voto direto quanto nos colégios eleitorais. É bom ressaltar que Trump nunca teve a maioria dos norte-americanos, haja vista que em 2016 ele ganhou as eleições com três milhões de votos a menos que Hillary Clinton, mas no complexo sistema eleitoral ianque, o republicano assumiu a Casa Branca. 

     E as consequências para o Brasil? Sob o ponto de vista econômico, é bom o governo brasileiro se ajustar: os democratas são mais protecionistas que os republicanos, e, além disso, haverá pressão de Biden para que seja revista nossa política ambiental, sob risco de penalizações e sanções econômicas. Do ponto de vista político, há quem diga que o resultado americano possa interferir na reeleição de Jair Bolsonaro, em 2022. Discordo. São contextos diferentes. Pode até acontecer, mas acho difícil. Os Estados Unidos são primeiro mundo, possuem nível educacional melhor, portanto, seus eleitores possuem senso crítico mais apurado, mais aguçado. Por lá, a ignorância e o negacionismo não mereceram segunda chance. Já aqui...


* O Eldoradense

       

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