A música brasileira sofreu ontem, uma perda irreparável: Trata-se de Paulinho, eterno vocalista da excelente banda Roupa Nova, mais uma vítima fatal da COVID-19. Não vou tecer comentários a respeito da doença, muito menos falar sobre o quão bom era o músico e a banda a qual pertencia. Ambos os assuntos são como "chover no molhado".
Prefiro falar do quanto eu gosto discografia destes caras, do quanto influenciaram, desde menino, no meu gosto musical. Lembro-me, de cara, de ouvir no rádio à pilhas que tinha em casa, três sucessos que eu adorava: "Um sonho a mais" - Tema de abertura de novela - além dos clássicos "Linda demais" "Whisky a go go". Não precisava ser adulto para gostar daquelas músicas que alternavam letras românticas, poéticas, além dos ritmos empolgantes. Os caras são músicos completos, que alternavam seus vocalistas e tocavam seus instrumentos com maestria.
Já na era digital, com um computador e pen drive nas mãos, montei uma pasta com os maiores sucessos da banda. Ouço-a com certa regularidade. Não os admiro só pela qualidade inquestionável da obra, mas também por estarem tanto tempo na estrada com a mesma formação. Certa vez, Fausto Silva perguntou a eles sobre possíveis desavenças, e não me lembro quem deles, respondeu: "É como num casamento. Temos nossas diferenças, mas nos gostamos muito". E realmente, a formação só foi alterada após a morte de um dos componentes, como num casamento à moda antiga, leal, duradouro, com quarenta anos de história.
Tive duas lembranças inesquecíveis, ao vivo e a cores, com a banda: A primeira, na FAIVE, em 2011, e a segunda, em um show Open Bar no Limoeiro, em 2017, em Presidente Prudente. Ambos perfeitos: O repertório, o carisma e a presença de palco são simplesmente inigualáveis.
Devo dizer que a FAIVE, em Presidente Venceslau, sempre foi marcada por eventos musicais sertanejos de grandiosíssimo público, em muitos dos casos. Pois em 2011, o Roupa Nova quebrou paradigmas, e num sucesso de público tremendo e surpreendente, a banda contagiou a plateia no recinto. Sim, já vi shows com mais público na FAIVE, mas não me lembro de participação tão interativa e empolgante do público. Foi uma noite mágica, sem exageros.
No Limoeiro, em Presidente Prudente, a fila de carros na Raposo Tavares anunciava que o "bicho iria pegar" naquela noite de sábado em agosto de 2017. Inesquecível. Até eu, que sou um poste, dancei uma coreografia particular, desengonçada, mas genuína. Nem toda a minha timidez fez com que eu ficasse parado.
A notícia da perda de Paulinho é um baque não só para a banda, mas para a música brasileira. Mas como diz a letra de uma das músicas mais marcantes deles, um dia, todos nós faremos "A viagem". Boa viagem, Paulinho! Certamente você viajou contra a sua vontade e também contra a vontade dos fãs do Roupa Nova!
* O Eldoradense
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