É inegável que, na condição de santista, nutro uma antipatia em relação ao Corinthians, torcendo para que o rival se dê mal dentro das quatro linhas. Porém, também não posso negar uma característica marcante do alvinegro paulistano: Historicamente, é o clube mais politizado do Brasil! Em meio a ditadura militar, o movimento chamado "democracia corintiana", liderado por Sócrates, Casagrande e Vladimir extrapolou as quatro linhas, apoiando um outro movimento, ainda maior, o das "Diretas já!". O Corinthians é um clube de massa, incorporando a essência do sofrido povo brasileiro, e não por acaso, admite sem pudores o adjetivo "sofredor". O corintiano vai ao estádio não para ver um espetáculo futebolístico, como nós, santistas. O corintiano vai a um "culto futebolístico", torcendo e gritando com um fanatismo que intimida. É um clube republicano, ao contrário de nós, monarcas santistas. Natural, pois nós temos um "Rei", ora!
No último domingo, durante o clássico contra o Palmeiras, um torcedor corintiano gritava em protesto ao atual presidente Jair Bolsonaro. Pelo gesto - que não é crime - foi detido pelos policiais militares para "averiguações", retornando à arquibancada somente a dez minutos do final da partida. A diretoria corintiana, num gesto em defesa à liberdade de expressão e democracia, emitiu uma nota, repudiando a atitude dos militares e se solidarizando com o torcedor. Gesto admirável e de coragem, pois estamos vivendo numa época em que quem questiona o chefe-mor da nação está sujeito à execração maciça motivada pelo fanatismo cego.
Parabéns aos dirigentes corintianos, que fizeram jus ao histórico de politização do clube! Torço para que o timão obtenha sucesso na sua luta pela democracia! Agora, dentro das quatro linhas e sobre o gramado, aí é outra história...
* O Eldoradense
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