Norma, personagem de Glória Pires em "Insensato Coração" |
Na Constituição, as leis estabelecem as normas de conduta adequadas ao cidadão, explicando seus direito e deveres. |
"O desrespeito às normas e a morte de Norma"
Hoje, acaba mais uma novela das oito, (que curiosamente nunca começa às oito, quebrando a norma da pontualidade). E a mesma termina demonstrando mais uma vez, uma certa falta de criatividade dos autores da teledramaturgia brasileira. Sim, porque esse negócio de "quem matou", está ficando muito corriqueiro, apesar de render pontuação segura no IBOPE. Foi assim com a Odete Roitman, com o Salomão Hayalla, com o Saulo, e agora, com a Norma. Pois é, mataram a Norma para esquentar uma novela morna.
O interessante, é que talvez nem os autores da novela imaginaram toda a simbologia que pode existir por trás do nome da personagem. Vejam bem: norma, com "n minúsculo", é um substantivo comum feminino que pode significar parâmetro, regra, diretriz e principalmente, lei. E Norma, com "N maiúsculo", é um substantivo próprio, também feminino, atualmente em evidência, pois a personagem de Glória Pires foi assassinada, sendo o principal assunto na reta final da novela.
Se você parar para pensar, "Norma", foi seduzida por um canalha, quis se vingar, querendo humilhar e punir o rapaz. Porém, foi novamente engrupida, sendo que sua vingança doentia não obteve sucesso, acarretando na sua própria morte, que será desvendada hoje. Por outro lado, as "normas" que devem ser seguidas em nosso país, também são desrespeitadas, violadas e renegadas ao segundo plano, sendo vítimas da impunidade. Nossos cidadãos menosprezam as normas de trânsito, nossos políticos passam como tratores por cima das normas éticas de conduta, fazendo mau uso do dinheiro do contribuinte, e por aí vai. Até as normas da língua portuguesa queriam violar, quando o MEC quis distribuir livros didáticos que entendiam como "normais" erros de concordância verbal. As normas, que tem como objetivo direcionar, regulamentar, e em alguns casos, punir, também não atingem seu objetivo e propósito. Nossa República, que tanto preza pelos direitos e deveres do cidadão na teoria, na prática, faz como o Léo, que seduz, engana, usa e abusa da Norma.
Não sei quem matou a Norma, mas sei bem quem são os que violam as normas. Na minha opinião, o assassino da Norma deveria sair impune, exatamente para quebrar a lógica das normas da teledramaturgia; mostrando como são, na prática, as normas anormais da nossa vida real, realizando a crítica social da impunidade. Seria uma forma de mostrar que nas novelas, o final nem sempre pode ser feliz, evidenciando uma ruptura com as normas, já que elas são tão avacalhadas em nosso país.
* O Eldoradense
Muito normal de sua parte Eldoradense este post claro, embora os autores como sempre vêm ocorrendo nas novelas nunca dão o fim que seus expectadores desejam, pelo menos a maioria, não é mesmo?
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