O Corinthians perdeu o equilíbrio que ele tanto exalta. Depois de uma arrancada de nove vitórias em dez jogos no começo do Brasileiro, o time só conseguiu um ponto por jogo nos últimos nove. A equipe que tinha a defesa menos vazada do campeonato se acostumou a levar pelo menos dois gols por partida, o que se repetiu nos últimos quatro confrontos.
O Corinthians só não perdeu a liderança porque seus concorrentes ao título também fracassaram. Mas Tite, agora, balança no cargo.
Ainda é bancado pelo presidente Andres Sanchez. O cartola, nos bastidores, vê ficarem mais frequentes os pedidos pela cabeça do técnico.
Tite precisa responder a todo momento que entende a pressão que existe sobre ele. Mas tem hora que explode. "Eu queria que o time estivesse com o mesmo nível de aproveitamento do começo, mas terminou [o turno] em primeiro! Ou não terminou?"
E diz não se preocupar com quem o quer ver longe do clube. "Se for assim, tem que trocar os 19 [outros técnicos da Série A]. Que falem o que quiserem. Quer trocar, troque, vou seguir minha carreira." O próprio presidente teve uma conversa reservada com Tite na segunda-feira. Foi pedir explicações sobre a queda de rendimento do time.
Na terça, torcedores de organizadas também foram exigir mudança na atitude do time.
Para Tite, trata-se de problema mecânico. As várias trocas de peças na equipe, por lesões, teriam feito com que a "engrenagem" do Corinthians saísse de harmonia. "Você perde muitos jogadores. Quando retornam, não voltam no mesmo ritmo. O time tem que ser uma engrenagem, ajustado." Do ajuste do time depende o treinador.
Se perder hoje, e seus rivais vencerem, o Corinthians pode cair até quatro posições na tabela. E Tite balançará mais.Não satisfeito, corre ele mesmo de um lado do campo ao outro, domina a bola, dá outra ordem. Tite tem 50 anos e manca de um joelho.
No meio de seus 11 titulares, no treino da véspera da partida desta quarta-feira, às 18h, contra o Grêmio no Pacaembu, Tite é o que mais corre. Fonte: Folha.com * Para visualizar a imagem em tamanho original, clique sobre a mesma.
Comentário: No Brasil, é difícil ser técnico de futebol. Os dirigentes, a imprensa e a torcida exigem resultados a curto prazo, e mesmo estando na liderança de um campeonato difícil como o brasileirão, obtendo o simbólico título do primeiro turno, Tite encontra-se aparentemente desacreditado. Troca-se de técnico no Brasil tanto quanto troca-se de primeiro-ministro no Japão. Um absurdo.