Cheguei no Anfiteatro da Biblioteca Pública Municipal de Presidente Venceslau às 13:20h, alguns minutos antes do horário previsto para a apresentação da turma de crianças iniciantes nas aulas de violão do Projeto Guri, dentre as quais estava a minha sobrinha Isabella. Sentei-me nas últimas fileiras de assentos, hábito que me acompanha desde os anos escolares, e de lá, acenei para ela, que rapidamente me reconheceu e retribuiu o gesto. O recinto em pouco tempo se encheu, tomado pela euforia infantil e pelo orgulho dos pais e responsáveis que assistiriam ao evento. Educadores musicais repassavam as últimas instruções aos alunos ansiosos para exibirem a uma plateia coruja o que aprenderam nas aulas.
A primeira apresentação melódica de violão tocou acordes tímidos e lentos de um "Parabéns pra você" entoado por uma galerinha que está começando a acordar para as artes. Era nítido nos seus olhinhos a atenção, a disciplina e a vontade de acertar ao máximo. Ensinamentos que vão além do objetivo de formar músicos, mas principalmente, de formar cidadãos.
A partir da primeira exibição, sucederam outras tantas, cujo cancioneiro priorizou músicas populares e folclóricas do nosso país. Ficou evidente naquela atmosfera cultural o orgulho dos pais e educadores musicais, além da autoestima elevada das crianças e adolescentes que ali se apresentaram. Foi, de fato, emocionante.
Lembremos que não há muito tempo, o Projeto Guri quase sofreu um baque na sua abrangência, onde muitos dos seus polos deixariam de existir por possíveis cortes orçamentários. Cortes estes que por motivos políticos, são hoje convenientemente chamados de "contingenciamentos".
Felizmente, após grande apelo da população e também das redes sociais, o Governo Estadual Paulista conseguiu viabilizar a manutenção total do projeto, através de parceria com a iniciativa privada. O "Fica Guri" tão conclamado na internet conseguiu surpreendentemente sensibilizar os corações que pulsam ao ritmo das planilhas calculistas sob os paletós e gravatas. A matemática do "contingenciamento" rendeu-se à lógica de que dinheiro público destinando a iniciação cultural infantil não seja simplesmente dinheiro gasto. É muito mais que isso: É investimento!
A cada pequeno cidadão que dedilha um violão, toca um violino ou canta em um coral, temos uma criança ociosa a menos, diminuindo a possibilidade da mesma estar a mercê da vulnerabilidade social e da marginalidade. O "Guri", que quase foi embora, enfim, resolveu ficar. E que bom que ficou!
* O Eldoradense
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