E finalmente, a conclusão do quebra-cabeças literário montado por Zafón! Terminei anteontem a leitura de "O labirinto dos espíritos" que encerra a série "O cemitério dos livros esquecidos", após 675 páginas de investigação policial, crimes, revelações a outras tantas reviravoltas rocambolescas, onde apareceram novos personagens intrigantes, enigmáticos e não menos relevantes que os anteriores para o desenrolar da trama.
Desta vez, a história não ficou restrita somente à Barcelona, pois a capital Madrid foi coadjuvante no enredo, afinal de contas, membros da cúpula governamental espanhola da ditadura Franquista estavam envolvidos num esquema complexo de assassinatos e adoções, que de forma indireta, atingiram a família Sempere.
Não sei se foi intenção de Zafón, mas eu observei que com o desenrolar da narrativa e o fim do governo totalitário, as descrições em torno da paisagem urbanística de Barcelona mudaram, saindo do ambiente gótico para um mais claro e alegre, incluindo aí, a descrição dos fogos na abertura dos Jogos Olímpicos de 1992. Tal mudança descritiva pode ter ocorrido exclusivamente por conta da modernização e da evolução do tempo, mas se Zafón usou esta metáfora implícita para simbolizar o fim de uma época política obscura na Espanha , foi muito feliz.
Considero uma das partes mais interessantes do livro quando é anunciada a morte de Franco, chamado pelos espanhóis de "generalíssimo": Enquanto uns comemoravam o fato, outros se entristeceram, e se perguntavam o que seria da nação espanhola depois do óbito do seu líder. Achei esta passagem marcante, pois demonstra o quão amor e ódio os líderes totalitários exercem sobre seus povos. Enfim, Zafón sobrepôs uma ficção envolvente na realidade política da Espanha das primeiras décadas do século passado até o início do atual, atravessando três gerações da "família Sempere". Brilhante!
* O Eldoradense
Já está anotado para as próximas leituras, obrigada pela dica!
ResponderExcluirAbraços!!!