Quando Jair Bolsonaro sofreu aquela facada em Juiz de Fora, eu surpreendentemente ouvi de uma pessoa muito próxima a mim, talvez a mais próxima, na atual conjuntura...
"Este homem só colhe o que planta. Foi merecido"
Na hora, fiquei surpreso, contrariado, e até indignado, juro. Não esperava ouvir isso, não concordava em absoluto com a fala. Disse a ela que uma coisa são as divergências políticas e as outras têm a ver com o ser humano. A pessoa em questão imediatamente contra-argumentou: Ele jogou confete sobre o nome de um torturador e também enalteceu o câncer da Dilma. Fiquei calado, mas ainda assim, continuava discordando, escrevi algo sobre o absurdo daquela facada, não só em um candidato à presidência, por mais idiota que fosse, bem como ao ser humano Jair Bolsonaro, por mais símio-primata que ele seja.
Eis que agora o esfaqueado é presidente. Deveria mudar sua conduta, exatamente pela lição da facada, bem como pela função que exerce. Não mudou. Continua propagando absurdos, enaltecendo barbáries da época da ditadura, regime que, inclusive, negou a existência, em outra oportunidade.
O que Bolsonaro disse sobre o desaparecimento do pai do presidente da OAB na época do regime militar é algo repugnante. Primeiro, pela atrocidade e pela insensibilidade. Segundo, por ser uma mentira! Os próprios agentes do regime admitiram o assassinato, que Bolsonaro creditou aos movimentos de esquerda, por uma suposta divergência interna. Não por acaso, o Ministro do STF, Marco Aurélio Melo, alegou que o presidente precisa urgentemente de uma "mordaça".
Não sei o que mais me chateia: Se o fato de termos um presidente que não mede as consequências pelo que fala, ou se pelo fato de termos um grande contingente de defensores destas aberrações. Resguardadas as devidas proporções, Hitler, Franco e Mussolini cometeram suas atrocidades propagando discurso nacionalista e com grande respaldo popular dos seus seguidores. Estamos vivendo em uma época estranha, de fanatismos e extremismos, e eu, sinceramente, não sei no que isso vai dar. Consideremos que este governo alavanque alguma prosperidade econômica, o que eu realmente não acredito: em nome do dinheiro no bolso, as pessoas o defenderão ainda mais, por mais aberrações que sejam propagadas de sua língua insana. E aí, teremos o cenário ideal para o totalitarismo velado de democracia.
Olha, por mais que eu nunca tenha pensado em escrever isso, e por mais repugnância que esta última frase possa causar no leitor, pois nunca defendi violência alguma, admito: A pessoa próxima a mim tinha razão sobre a facada. Infelizmente, se o ocorrido foi lamentável, é fato que tem lá suas justificativas. Violência gera violência, e atualmente, a máxima parece que tem se prevalecido com muito mais força. Se a facada é lamentável, o ato foi uma reação causada por ações desastrosas, não menos lamentáveis. A insensatez, é, de fato, uma "faca de dois gumes"...
* O Eldoradense
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