1 de set. de 2012

Texto crítico: "Entre o submarino e o Camaro"




"Entre o submarino e o Camaro"

   Era uma vez um jovem de dezoito anos, filho de pais ricos e que havia acabado de retirar sua carteira de habilitação. Com dinheiro na conta bancária e autorização do pai, dirigiu-se à uma revendededora multimarcas, onde pretendia comprar o seu primeiro veículo. Supersticioso, fazia questão que a cor do seu "possante" fosse amarela, pois acreditava que isso lhe traria prosperidade no futuro.

    A loja não era uma revendedora comum: nela existiam carros, caminhões, motos, aviões e todos os tipos de veículos. Porém, na cor que ele gostaria de comprar, só havia um Camaro e um submarino. Ficou pensativo. Era optar por um carro da moda, ou um submarino da década de 60, teoricamente ultrapassado e demodê. 

    Perguntou ao vendedor qual seria a melhor escolha. O mesmo explicou que o Camaro estava fazendo um sucesso explosivo entre os jovens, que provavelmente ao pilotá-lo, ele iria sentir-se  "doce, doce, doce". Disse também que o carro estava "bombando", mas que seu motor talvez não durasse 3, 4, 5 anos, no máximo, perdendo força e torque, como os modismos passageiros.

     Posteriormente, o vendedor falou sobre o submarino. Disse que apesar de ter feito muito sucesso na década de sessenta,  muita gente ainda procura por ele, pois o mesmo possui qualidade, além de um motor longevo, praticamente eterno. Ainda argumentando em favor do submarino, disse que nele havia alma, essência, coisa que sinceramente, ele não percebia no Camaro.

     O menino pensou bem, e baseado no seu gosto apurado e refinado, comprou o submarino. Fez uma análise custo-benefício, e chegou à conclusão que daqui no máximo 5 anos, o submarino continuará atual, enquanto o efêmero Camaro será esquecido, evaporando como éter. A consistência e a qualidade duradoura da lataria e do motor do submarino pesaram na sua escolha. Além do mais, tudo que é muito "doce, doce, doce", enjoa. Amarelo por amarelo, optou pelo submarino, mitificado e eternizado. Eu também faria o mesmo...

                                                          * O Eldoradense

Um comentário:

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