3 de nov. de 2011

"Sonho de um mundo perfeito"


“Sonho de um mundo perfeito”

    Havia chegado de manhã, depois de uma jornada difícil de trabalho, durante à noite. Empreitada daquelas  tensas, que exigiam atenção redobrada. Como de costume, tomo um banho, e reluto em dormir imediatamente. Faço uma hora, aguardando o primeiro jornal matutino. Ligo a televisão, e começo ver as principais manchetes da manhã. Cansado, o sono me domina, e o aparelho de TV segue ligado.
    Durante os minutos que seguem, o sono se aprofunda, até atingir o estágio alucinante do sonho. E o sonho daquele dia, foi lindo, como uma espécie de lição aprendida:
   Um senhor barbudo, com um semblante tranquilo, vestindo branco e com voz imponente, para um carro em minha frente. Um carro simples, com um ronco suave no motor, ecologicamente correto. Dizia Ele, que o veículo era movido à compaixão, e por isso, o motor era potente,  sem fazer muito barulho ou poluir o meio ambiente. Aceito a carona, mesmo que não sabendo definitivamente para onde ia. 
  Durante o percurso, noto que andamos em uma grande cidade, com trânsito tranquilo, motoristas se respeitando, como também respeitando os pedestres. Crianças iam às escolas, que eram bem estruturadas, propiciando educação de qualidade. Nos hospitais, pacientes esperavam a consulta confortavelmente, os laboratórios eram equipados, os médicos atenciosos e competentes. Não haviam viaturas policiais ou presídios, pois a educação familiar, a instrução nas instituições de ensino e os valores religiosos haviam acabado com a criminalidade.
      Quando chegamos nas áreas residenciais, notei famílias felizes, vizinhos se confraternizando e tratando uns aos outros com urbanidade. Idosos caminhavam, e quando solicitavam a parada dos ônibus circulares, eram prontamente atendidos pelos motoristas. Observei que pessoas da terceira idade eram tratadas com admiração e respeito, pela sabedoria e experiência acumuladas ao longo da vida. Já nas áreas rurais, os espaços eram produtivos quase que na sua totalidade, sendo que pequenos produtores e grandes fazendeiros preocupavam-se, prioritariamente em abastecer a população com alimentos, sendo o lucro, uma consequência. No aparelho de som do veículo, notícias tão curiosas, quanto positivas e surpreendentes:


  “Já é realidade erradicação da fome e da AIDS na África”;
    “ Estado Palestino é criado mediante acordo pacífico entre árabes e judeus;
       “ Sem miséria, planeta comemora melhor IDH  da história”;
           “União dos líderes mundiais conseguiu reverter aquecimento global”
                “Século XXI é marcado pelo fim das guerras e da violência”


   Fascinado com o que eu havia presenciado, perguntei ao homem onde ficava esse lugar, que eu não conhecia. Disse-me Ele que esse lugar está escondido  nos corações e mentes de cada um dos sete bilhões de habitantes da Terra, e que cabia a cada uma dessas pessoas, lutar e conquistar esse objetivo. Continuou afirmando que a humanidade possui inteligência para isso, e que só precisava fazer bom uso do magnífico presente chamado livre arbítrio. No final, pediu para que eu descesse do carro, e fosse descansar.
  Acordei confuso, e na televisão, estava sendo noticiada a crise econômica da Europa, bem como a saída de um deputado federal do país, ameaçado pelas milícias no Rio. Desligo o aparelho de TV e vou dormir no quarto, tendo no peito uma mescla de sentimentos diferentes, envolvendo frustração, esperança e gratidão.


                                                          * O Eldoradense

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