31 de dez. de 2021

Feliz 2022 a todos os leitores do Blog!


 

Filme: "Não olhe para cima", da Netflix!

 




   Ultimamente tem sido bem difícil um filme prender minha atenção. Sinceramente, não sei porque isso tem acontecido, talvez pela enxurrada de informações que nos são repassadas via internet, e sendo assim, ficar duas horas em frente à TV talvez tenha se tornado desinteressante. E foi no aparelho celular que o trailer de um filme me despertou bastante interesse: "Não olhe para cima", da Netflix é uma comédia bem crítica ao negacionismo, aos que, em nome de um fanatismo cego desprezam os fatos e evidências.

   Dois cientistas descobrem um cometa gigantesco em direção a Terra, e tal fato dizimará o planeta em exatos seis meses e quatorze dias. Ambos tentam alertar a presidenta norte-americana, que, por motivos políticos, minimiza a tragédia em um primeiro momento e elabora um plano resolutivo bastante midiático, posteriormente. Por interesses econômicos, um empresário do setor de tecnologia que financiou sua campanha aborta o primeiro plano, elaborando um segundo mais viável financieramente.

    E é neste jogo complexo de interesses que pessoas deixam evidentes comportamentos duvidosos, afloram a mesquinhez e o egoísmo mesmo diante da incerteza do amanhã. Negacionismo, hipocrisia, convervadorismo falso moralista tornam-se latentes no desenrolar da trama. "Não olhe para cima" mostra como muita gente não consegue enxergar um palmo adiante do nariz e insiste em olhar para o que é pretérito e retrógrado. Traçar um paralelo com a realidade brasileira atual enquanto se assiste ao filme, então, é inevitável. A diferença é a vilã da ficção é a bela e competente Meryl Streep, enquanto por aqui a realidade é bem mais tosca e cruel.

  Um bom presente proporcionado pela sétima arte, causando reflexões mediante cenários de aquecimento global e pandemia. Ao fim, cada um que tire suas próprias conclusões.


* O Eldoradense




21 de dez. de 2021

Crônica caricata, mas com um fundo de verdade: "Verão"

 


     É, amigos, oficialmente, ele chegou hoje. Mas tal qual aquela visita indesejada e desagradável, parece que já tá por aqui faz uns dois meses, tamanha sua presença de espírito... de porco! Tô falando do verão, aquela estação celebrada por muitos, principalmente aqueles que moram no litoral, curtindo por mais tempo a praia e sendo acariciados pela maresia. Não é o meu caso!

     Moro no interior de São Paulo, mais precisamente no Pontal do Paranapanema, lugar tão quente que até o diabo resolveu fazer um morro pra chamar de seu! Sim, aqui onde parece existir o "segundo sol", onde o asfalto é capaz de fritar um ovo e a gente parece estar constantemente sendo preparado num microondas ou numa air fry!

     E pra ajudar, chuva aqui virou coisa rara de acontecer. A meteorologia pode até acertar previsões pluviométricas em outras cidades, mas quando o assunto é Presidente Venceslau, São Pedro parece que faz "pegadinha do Mallandro": Enche o céu de nuvens carregadas, e manda, no máximo, uma garoa. Ou a garoa seria coisa dos demônios... da garoa? Não sei, só sei que aqui não chove nem com reza brava! Tem horas que eu olho pro céu e pareço ver São Pedro debochando da gente e falando "glu glu, ié ié!"

    Na boa, pra mim, o verão não é bem vindo. Esse calor me derruba. Por aqui, o sol tá acordando antes dos galos e fazendo hora extra no fim de tarde. Outrora, nesta época do ano, a única coisa que prestava era o horário de verão, principalmente de manhãzinha, pois ainda estava escuro e com temperatura um pouco mais agradável. Até isso mudaram, favorecendo este calor infernal.

       Fico no quarto a tarde toda, ligando o ar condicionado e imaginando a conta de luz crescendo como num taxímetro, porque usufruir da energia elétrica também parece ter virado artigo de luxo. Tomar quinze banhos por dia, não resolve. Sai água quente do chuveiro desligado, mesmo que eu não tenha placas de energia solar no telhado de casa. 

      Enfim, verão, você é agradável. Não pra mim, mas pra quem reside na beira do mar ou no máximo, para os ribeirinhos, como os vizinhos Epitacianos. Que chegue logo o outono!


* O Eldoradense 

11 de dez. de 2021

Comentário: Livro - A gestação da Terra, por Robson Pinheiro

 


   Mais uma obra literária de natureza espírita concluída: Trata-se de "Gestação da Terra", escrito por Robson Pinheiro e psicografado pelo espírito Alex Zanthú. A obra descreve todo o processo de criação do organismo vivo que é nosso planeta e também como ocorreu o processo de evolução através das mãos do Criador. 

     De início, a leitura, na minha opinião, não flui de forma muito clara, mas quando a História Humana começa a ser descrita sob o ponto de vista das influências espirituais, a narrativa torna-se bastante envolvente.

     Ficam claras as possibilidades de não estarmos sozinhos na galáxia infinita, de que espíritos evoluídos vindos dos céus encarnam entre nós para promover a evolução científica, artística e principalmente no campo das ideias. Porém, da mesma forma, espíritos em sintonia com as forças do mal também promoveram, ao longo dos tempos, guerras, escravidão e sede pelo desmedida pelo poder e pela matéria. 

      Sob a ótica do espiritismo, o planeta vive em constante influência das forças do bem e do mal, sendo que a evolução, estagnação ou retrocesso da humanidade, depende muito das ações destas forças. Sendo assim, fica bem didático entender, à luz da doutrina, processos históricos como a Escravidão/Abolição, Idade das Trevas/Iluminismo, bem como as grandes guerras mundiais.

         Notemos que todos os povos que habitam nosso planeta, mesmo com tantas diferenças culturais, convergem para uma certeza quase que instintiva: a da crença na vida eterna pós morte.

          Os mais céticos dirão que isso é fruto apenas da inconformidade com a finitude do ser. Não concordo. Há mesmo algo além da nossa matéria corporal, algo espiritual e vibracional, que provavelmente nos faz evoluir em direção ao aprimoramento da alma. Bom livro!


* O Eldoradense

3 de dez. de 2021

Comentário: "Patrocinadores e nomes de estádios"

 


  O futebol é um esporte apaixonante, mas exatamente por ser apaixonante, é um grande negócio, altamente rentável. E quem patrocina, dita as regras. Sim, porque o próprio núcleo etimológico da palavra "patro" cínio, lembra "patrão", aquele que banca. E quando alguém te banca, meu brother, você está sujeito às regras e imposições, caso contrário, você não se sustenta.

     E nesta lógica do capitalismo esportivo, uniformes tradicionais perdem sua essência com cores cada vez mais exóticas e sem identidade, jogadores rodam por "trocentos" clubes, quando não saem ainda da base para outros países. Enfim, o mercado tomou conta da paixão. E como se não bastasse, os estádios, aos poucos, estão perdendo a essência dos seus nomes populares. Estádios? Ah, não! O mercado agora exige que os estádios, templos do futebol, sejam chamados de "arenas". Quando leio isso, fico imaginando um peão de boiadeiro caindo do cavalo dentro da área e pedindo pênalti. 

       E o que mais lamento é que nosso futebol contém nomes muito bonitos de estádios, coisa linda, quase que poética. As aves da nossa fauna foram homenageadas no Maracanã e Canindé, por exemplo. Estádios como "Noiva da colina", "Brinco de ouro da princesa" e "Moça bonita" são verdadeiras odes à figura feminina. Cidades, bairros e gentílicos são homenageados, tornando-os tradicionais: "Prudentão", "Pacaembu", "Morumbi", "Vila Belmiro", "Mineirão". A beleza da paisagem enaltecida em "Serra Dourada" , "Beira Rio" e "Ilha do retiro". Isso tudo fora os nomes avulsos, mas não menos bonitos como "Castelão", "Barão de Serra Negra", "Olímpico", "Santa Cruz", "Fonte Luminosa" e "Fonte Nova".

      O Palmeiras e o Corinthians, por exemplo, sucumbiram ao mercado. O estádio do verdão, antes mesmo de se tornar "Allianz Parque", já era "Parque Antárctica", quando o nome "Palestra-Itália" soava bem mais bonito e autêntico. O Corinthians, por mais que tenha mudado o estádio do Parque São Jorge para o bairro Itaquera, poderia manter aquele lance tradicional de "Itaquerão". Convenhamos: Neo Química Arena é um nome extenso e chato pra caramba. 

       E ainda existe um caso mais mercadológico, que envolve mudança de nome do clube. O tradicional Bragantino, agora é Red Bull Bragantino, com direito a nome virando sobrenome e mudança na cor de uniforme.

       Daqui a pouco, o mercado vai abocanhar de forma mais explícita outros assuntos, violando a essência de templos de outra natureza: Não se surpreenda, se daqui uma década, alguém dizer que vai assistir a um culto na "Arena Malafaia"...


* O Eldoradense  

2 de dez. de 2021

Comentário: "Desdizendo tudo o que disse sobre gatos"

    




   Vinte e nove de abril de 2021. Há alguns meses, fiz uma crônica intitulada "A inutilidade felina", que tinha mais um teor provocativo aos donos de gatos do que aos bichanos, propriamente. Não que aquele texto expressasse genuinamente tudo o que penso sobre os gatos, mas tinha lá o seu fundinho de verdade irônica. Esculachei um pouco os felinos, admito. Mas como diria o mestre Raul Seixas, cá estou, para dizer o oposto de tudo aquilo que eu disse antes. Sim, é preciso ser "metamorfose ambulante", quando justo e necessário.

     Há três anos uma gata frequenta preguiçosamente o quintal da minha casa. Há três anos eu procurava me aproximar dela, que se esquivava com destreza e agilidade irritantes. Enfim, um pouco daquele texto talvez fosse despeito pelo desprezo que aquela gata me dispensava. Eu me sentia usado, oferecendo apenas a hospedagem que lhe era conveniente.

    Mas minha insistência teve recompensa, há algumas semanas. Num momento de rara distração, consegui pegá-la e fazer carícias em sua cabeça. Foi o suficiente para que agora ela não me deixe em paz, requisitando atenção e carinho. Ontem recebi um vídeo feito pela minha mãe onde a felina miava reclamando minha ausência em frente ao portão de casa. Sim, se o cachorro do Roberto Carlos sorria latindo em frente ao portão, "minha" gata miava chorando! Fiquei comovido. Resolvi que hoje vou a um pet shop e "morrer num pacote de ração". Coração mole, coisa da idade, já não sou mais o mesmo.


      Mas enfim, fica o registo de que os gatos não são tão egoístas quanto parecem. Eles também são cuti cuti, carinhosos e amorosos, à sua maneira. E como eu não sou nenhum ser teimoso, inflexível ou turrão, cá estou! É melhor ser metamorfose ambulante do que manter aquela velha opinião formada sobre tudo, sobre o que é o amor, sobre que eu nem sei quem sou..


* O Eldoradense

28 de nov. de 2021

Comentário: "Palmeiras, tricampeão da América!"

 


   

     Hoje de manhã, na saída do serviço, fui cobrado por um palmeirense: "Você vai ter que escrever algo em homenagem ao verdão hoje!". A fala não era necessária, pois assim o faria, independente de quem fosse campeão. Sim, pois se tem um torneio futebolístico que eu acho massa pra caramba, é essa tal de "Libertadores da América". Mas enfim, e felizmente, venceu o time que eu gostaria que ganhasse nesta final. Sim, já que o meu Santos não chegou, eu preferi o título alviverde, e explico os motivos.

      Poderia dizer que torci pelo Palmeiras porque meu melhor amigo é palmeirense. Balela, seria hipocrisia, acho que este não é o motivo. Poderia também dizer que um grande amigo, morador de Santos, mas torcedor do Palmeiras, há poucos minutos do jogo do peixe contra o Fortaleza, enviou um vídeo do lado de fora da Vila Belmiro, sendo que a vitória santista foi imprescindível para livrar o meu clube de coração do rebaixamento. Sim, este foi um motivo bem forte, achei um gesto bacana pra caramba, fora de série.

     Mas o que pesou mesmo, desde o início, é a soberba flamenguista, acompanhada pelo combo chamado Renato Gaúcho. Um time mala, com jogadores malas, treinador mala e torcida mala. E vamos falar a verdade: O Flamengo é o Corinthians do outro lado da via Dutra! Impossível não fazer esta associação entre gaviões e urubus! 

          Dito isso, é válido lembrar que a final deste ano foi muito - mas muito mesmo - superior a do ano passado, em que se enfrentaram Santos x Palmeiras. Houve um duelo da técnica rubro negra mais apurada contra a quase perfeição tática palmeirense. Além disso, a presença de público maior no estádio contrastou com a final do ano anterior, prejudicada pela pandemia da COVID-19. E no frigir do torresmo, venceu, com justiça, a estratégia. Sim, porque se o Abel portuga não é lá o suprassumo da mão de obra técnica europeia, é fato que ele é muito superior ao Renato fanfarrão.

        A única coisa que lamento, de verdade, é o fato do gol palmeirense ter saído de uma falha grotesca de um jogador rubronegro. Só quem já jogou bola sabe o quão ruim é entregar uma rapadura num momento crucial do jogo. O tal de Andreas Pereira não deve ter dormido à noite, coitado. Mas o maluco do Deyverson, que não tem nada a ver com isso, fez a parte dele. De quebra, ainda simulou uma agressão que pasmem: Foi fruto de um toque dado pelo árbitro! Ele queria o que? que o juiz desse cartão a si próprio? Rsrsr.

        Mas é fato que o Palmeiras mereceu o título com justiça e propriedade. Achei bem feito a derrota flamenguista, do Renato, e até do Bolsonaro vira casaca, que mesmo sendo Palmeirense, resolveu torcer pelo time da maioria e mais rico. Alguma surpresa? Pra mim, não! O presidente detesta os menos ricos e as minorias...


* O Eldoradense

24 de nov. de 2021

Livro: "Sócrates & Casagrande", escrito por Casagrande & Gilvan Ribeiro

 




   Encerrada mais uma leitura. Aliás, "Sócrates & Casagrande" eu não li: Devorei! Digo isso porque nesta obra, escrita pelo ex-jogador Casagrande e o jornalista Gilvan Ribeiro estão implícitas em boa parte de suas páginas duas temáticas envolventes, ao meu ver: futebol e política.

     É impossível dissociar a parceria destes dois ícones do futebol do movimento conhecido como "Democracia corinthiana", ocorrido no início da década de 80, num dos clubes mais populares do país, em meio ao regime militar ao qual o Brasil estava mergulhado.

      Craques, intensos, passionais, amigos. Os caras eram geniais, subversivos, críticos, impetuosos. E como sei lá por que cargas d'água, caíram naquela velha relação entre genialidade e dependência química que marcaram tantos ídolos de vários segmentos da arte musical e desportiva. Sócrates, do alcoolismo, mais precisamente pela cerveja, e Casagrande, pela cocaína. Algo impensável hoje em dia, onde os atletas de alta performance, como Cristiano Ronaldo, rejeitam até Coca-Cola!

       A mobilização política, a vida boêmia, os inúmeros casos de amor, as vitórias e derrotas marcantes dentro das quatro linhas, tudo é relatado com muita propriedade pelos autores, a ponto de eu procurar me aprofundas mais sobre os lances protagonizados por estes caras no Youtube, pois, infelizmente, vi pouco do Dr. Sócrates nos gramados, e um Casagrande apenas em final de trajetória esportiva. 

       Agradeço ao amigo Toninho Moré, que além deste livro magnífico, me emprestou outros quatro. Bora começar mais outro!

* O Eldoradense

22 de nov. de 2021

"O maior contador de causos que eu conheci"

 




   Acreditem, senhoras e senhores: Houve um tempo em que as famílias se visitavam e gastavam horas conversando e dando risadas na varanda. Enquanto as crianças brincavam, os casais proseavam os mais diversos assuntos, desde contar piadas até as misteriosas histórias rurais com teor sombrio. A televisão ficava na sala, ligada, mas sem qualquer atenção. Coisa impensável hoje, em que os celulares hipnotizam os seres, cada qual com seu universo individual.

      E eu, felizmente, presenciei esta época. Com mais ênfase quando meus pais visitavam um casal de compadres, Valdemar e Valdeci, que harmonizavam até nas três primeiras letras dos respectivos nomes. Almas gêmeas, que se amavam não apenas como marido e mulher, mas também de uma forma cúmplice, fraternal, coisa também rara de se ver numa época de relacionamentos descartáveis.

       Em meio às brincadeiras com os filhos do casal, eu dividia minha atenção com os causos e piadas que Valdemar contava como ninguém: “Floreava as histórias”, fazendo rir ao contar piadas, gesticulando, mudando a fisionomia, imitando os personagens. Nas histórias sombrias, acrescentava detalhes misteriosos, sempre com o testemunho cúmplice da comadre. Aquilo fazia aflorar a imaginação do ouvinte, como se um telão paralelo se abrisse diante dos olhos, visualizando cada cena narrada com maestria pelo protagonista da noite. Um verdadeiro show proporcionado por aquele senhor de traços lusitanos, sotaque meio caipira, que trajava camisa entreaberta, bermuda e chinelos de dedo. Simplicidade a flor da pele. E bondade, também. Bondade proporcional a da esposa, com quem teve três filhos de sangue, e mesmo com as dificuldades da vida, adotaram mais um caçula, que foi amado sem distinção dos demais. Gesto nobre, típico das pessoas com evolução espiritual acima da média.

     O homem de bom coração, infelizmente, não tinha um coração tão saudável. Uma patologia cardíaca o fez morar no céu, onde deve estar contando muitas histórias para os anjos e os amigos que também se foram. E certamente, meu pai está lá do seu lado, dando boas risadas das piadas e histórias que aquele senhor tinha o dom de contar com tanta propriedade. Valdemar foi, sem dúvidas, o maior contador de causos que já vi. Saudades eternas!

 

* O Eldoradense


16 de nov. de 2021

Crônica: "Por onde andei"...


Caminhando nas areias escuras de Ilha Comprida...

"Por onde andei"


  O título desta crônica tem como principal inspiração a música muito bem interpretada pelo eterno titã Nando Reis. Já os relatos da mesma são inspirados nas viagens de outro Nando: Eu mesmo.

    Começo pela primeira e mais importante viagem da minha vida, itinerário que repeti por outras tantas vezes: Aparecida. Lá eu senti a fé da pessoa humilde in natura, testemunhei o olhar do romeiro, tal qual Renato Teixeira relatou em "Romaria". Sim, eu, católico pouco praticante, que sei apenas rezar o Pai Nosso e a Ave Maria, muitas vezes vi águas caírem dos meus olhos, como se fossem cachoeiras de emoção.

     Ah, as cachoeiras! Como não lembrar das quedas d'água que vi no belo Paraná? Vi algumas delas no Vale do Ivaí, interior daquele estado, na pequena e rústica Faxinal. Mas o apogeu "cachoeirístico" do solo paranaense se dá mesmo na tríplice fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai, no espetáculo divino conhecido como Cataratas do Iguaçu. 

    Rio Iguaçu que, por sua vez, é irmão do majestoso Rio Paraná.  Vi o majestoso do alto da Ponte de Paulicéia, e banhei-me nele em Panorama, Presidente Epitácio e Rosana. Um dia, se Deus me permitir, faço um tour de barco da sua nascente até Foz do  Iguaçu, pelo menos. Sonhar não custa nada!

       Nas profundezas da terra, embrenhei-me nas famosas cavernas do PETAR, no Vale do Ribeira. Belíssimas e assustadoras, destacando a Caverna do diabo, em Eldorado. Do "diabo", vi também a garganta, na Argentina, e o morro, em Teodoro Sampaio. A famosa queda d'água argentina é linda e assustadora, e o morro, aqui no Pontal do Paranapanema, é isolado, manifestação única de relevo revestido por Mata Atlântica em um cenário regional marcado pelas terras planas.

    No Centro Oeste brasileiro, fiz apenas cócegas: Três dias curtindo a beleza da cristalina Lagoa Santa, em Goiás, na fronteira com o Mato Grosso do Sul. Quanto ao belíssimo nordeste do país, parafraseando Carmem Miranda, vi "o que a Bahia tem"  na charmosíssima Porto Seguro, no sul daquele estado. 

     As lembranças de Porto Seguro remeteram-me às cidades litorâneas que visitei. Se não sou ainda um "descobridor dos sete mares" como sugere a música de Lulu Santos, já conheci um bocado delas : Em Santa Catarina, Governador Celso Ramos, Itapema, Balneário Camboriú. No pequeno litoral paranaense, Matinhos e Guaratuba e o inevitável passeio de "Ferry Boat", na hora do rush, lembrando Zeca Baleiro. No litoral paulista, conheci Cananéia, Ilha Comprida Iguape, Ubatuba e Ilhabela. Arranhando o sul do Estado do Rio de Janeiro, a inesquecível, histórica e literária Paraty.

      Relato também o emblemático passeio de trem entre a pequenina Morretes e a cosmopolita Curitiba. A composição férrea em meio às montanhas da Serra do Mar, passando por dentro das nuvens, lembra o "trem das sete" de Raul Seixas, cortando plumas de mil megatons. Simplesmente lindo!

      Agradeço a Deus por ter me proporcionado tais visitas e agradeço também a cada companhia que testemunhou comigo, tais cenários. Se eu tiver saúde e grana, falta-me ainda conhecer Baixada Santista, Pantanal e Amazônia. Caso contrário, dou-me por satisfeito. Se meu sonho é conhecer o máximo possível de lugares, Deus certamente me proporcionou menos do que eu quero, porém, muito mais do que eu mereço. E carregarei "por onde andei" até a minha última viagem. Sim, porque é isso que se leva da vida, ao meu humilde e íntimo entender...

* O Eldoradense    

14 de nov. de 2021

Livro: "O plano B", de Richard Simonetti

 



   Encerrei mais uma leitura de natureza espírita. Trata-se do livro "O Plano B", do falecido escritor bauruense Richard Simonetti. Ao contrário da leitura anterior, intitulada "A tragédia de Santa Maria", este livro é bem mais didático, com linguagem mais atual e de facilidade maior de entendimento. Abrange, através da história fictícia, conceitos básicos do espiritismo, como reencarnação, missões a serem cumpridas, protetores espirituais, livre arbítrio, desvio de rotas, evolução.

    Em resumo é um romance que fala sobre as almas gêmeas de Roberto e Cristina, que acabam adiando o destino em comum por conta da imaturidade da mulher, que em sua juventude, se deixa levar pelas ilusões da vida, tendo uma gravidez e um casamento precoces por conta disso. 

      Roberto, sendo portador de um espírito mais evoluído, passa então a canalizar suas energias para a medicina, curso que Cristina teve que abandonar por conta das obrigações com a família. Apesar dos desencontros, ambos acabam ficando juntos, ainda que com todos os adiamentos proporcionados pela imaturidade de Cristina. Como eu disse, é um livro de leitura bastante moderna e fácil, quase que um romance didático que tem como finalidade, elucidar os conceitos básicos da doutrina espírita. Mais uma vez agradeço ao amigo João Marcelo pelo empréstimo do livro. Bom domingo a todos!


* O Eldoradense

6 de nov. de 2021

Livro; "A tragédia de Santa Maria", escrito por Yvone Amaral Pereira

 



   Há muito não lia uma obra espírita. Salvo engano, a última leitura que fiz desta doutrina foi "Céu azul', de Célia Xavier de Camargo, e isso já tem mais de duas décadas. Desta vez, concluí a leitura de "A tragédia de Santa Maria", psicografado pela famosa médium Yvone Pereira, através do espírito do renomado médico Bezerra de Menezes.

     A história tem como palco principal próspera fazenda de Santa Maria, cujo dono era o Comendador Barbedo, que perdeu a esposa precocemente durante o parto da filha, Esmeralda. Diante da ira causada pelo óbito, o pai tentou assassinar a filha recém nascida, e depois suicidar-se, sem sucesso. Com o passar do tempo, o sentimento muda, e Barbedo nutre verdadeira paixão pela sinhazinha, que na adolescência vai morar com os avós maternos na cidade de Coimbra, Portugal. Lá a moça conhece Bento José, advogado boêmio e jogador inveterado, que tem a personalidade amadurecida após apaixonar-se por ela.

    Quando os dois regressam ao Brasil, casam-se, e passam a morar junto com Barbedo na fazenda de Santa Maria. Barbedo, por sua vez, vive uma relação conjugal escamoteada com a interesseira "governanta" da fazenda, Severina, que, movida por ciúmes e ambição, tenta a todo custo, e de forma dissimulada, promover a discórdia familiar.

       E é neste contexto que a tragédia acontece, desdobrando em ira, tristeza, remorsos e injustiças. A trama é de época, acontece no fim do Brasil Colônia escravocrata, o que torna a leitura complexa, com linguagem bastante rebuscada, requisitando  paciência do leitor. Vale pela história mediúnica e pela elucidação de alguns conceitos sobre a doutrina espírita. Agradeço ao amigo João Marcelo pelo empréstimo do livro.

* O Eldoradense

8 de out. de 2021

Comentário: Livro "Salve Geral", de Romildo Wilson Santos

 


   Via de regra, faço resenhas imediatas no blog sobre os livros que leio. Para este, demorei dois dias, após algumas reflexões. De cara, nutri antipatia pela capa, que poderia levar a ideia de generalização da corrupção no sistema penitenciário. Pois é, é aí que está o problema: Para um leigo do assunto, a visão desta leitura é de entretenimento, apenas fictícia, mas para quem vivencia  o tema, as antenas da crítica ficam mais aguçadas.

     E este livro provocou-me esta sensação de dicotomia, onde o leitor crítico prevaleceu de cara, quase que virando o rosto para a obra: O protagonista parecia uma misto de Rambo, 007 e Shaolin do sertão, embrenhando-se na busca pela resolução dos problemas carcerários e do "Salve Geral", quando a união de diferentes facções criminosas resolveram tocar o terror dentro e fora dos presídios no Ceará. O cenário era de guerra, real, plano de fundo para a ficção, cuja história expandiu-se para o Vaticano, Argentina, Fernando de Noronha e México. E eu seguia indignado, imaginando um Policial Penal corrupto com crise de consciência, que parecendo indestrutível, resolvia pouco a pouco, aquela situação altamente complexa. O leitor conhecedor do sistema concluiu: Viagem na maionese! Pra ajudar, a corrupção parecia generalizada, incluindo acordos entre forças de segurança, políticos e sindicatos. (Muito parecido com o enredo do filme Tropa de Elite 2), o que poderia soar como injusto para uma categoria profissional já tão injustiçada.


    Mas aí, refletindo com um pouco mais de calma, vieram as ponderações: Primeiro, é uma obra fictícia, onde prevalece a liberdade criativa do autor, que ainda que talvez de forma exagerada, tinha como objetivo criticar as imperfeições do Sistema. Enfim, não era um documentário, era uma obra literária baseada em fatos reais, mas fictícia. Era preciso entender isso.

          O segundo elemento é que o autor é um companheiro de trabalho, que assim como eu, busca na escrita uma válvula de escape para acalentar o estresse do cotidiano profissional. Nada mais justo que uma ressalva no olhar crítico, ainda mais levando-se em consideração que este é o primeiro livro do escritor. Nordestino de Pernambuco, trabalhador no Ceará, e aí já viu, é como disse uma vez, um primo meu: "É difícil um nordestino que não goste de falar ou escrever".

        Portanto, ainda que eu tenha percebido muitas palavras iguais na mesma frase e uma narrativa um tanto quanto acelerada, é preciso reconhecer que a imaginação do autor é bastante fértil e que ele tem muito potencial para suas futuras obras. A princípio, admito, refutei a leitura. Mas com as ponderações posteriores, reconheço que a mesma foi válida. Sorte e sucesso ao escritor!


* O Eldoradense

       



   

22 de set. de 2021

Poesias do Eldoradense: "O Saci transformista"

 


"O Saci transformista"


Neste mundo globalizado,

Há muitas influências;

Quase tudo igualado,

Inevitáveis consequências...

 

Aconteceu na floresta,

Num agitado aniversário;

No melhor da festa,

Saci saiu do armário!

 

Apareceu diferente,

Num visual extravagante;

Surpreendendo toda gente...

Roupa nada elegante!

 

Abóbora na cachola,

Cachimbo, não fumava;

Afinou a beiçola,

E também não pulava!


Pois comprou uma perna,

Cultural assassinato;

Decepção paterna,

Pro velho Saci nato!

 

E o Sacizinho transformista,

Parecia Drag Queen;

Na metamorfose globalista...

           Agora é Haloweeen!      🎃🎃🎃


* O Eldoradense

21 de set. de 2021

Comentário: "Jacaré Dundee"

 




   Imagino eu que quem tem mais de 35 anos, muito provavelmente se lembra de um filme icônico chamado Crocodilo Dundee: Em suma, era um caçador de crocodilos australiano que não me lembro por qual motivo, tinha que ir para Nova Iorque. Homem rústico, caipirão, "simprão no úrtimo", que cometia algumas gafes engraçadas na maior cidade norte-americana. 

        Décadas depois, eis que uma situação ridícula, que seria cômica se não fosse trágica, fez com que eu relembrasse o filme do caçador de crocodilos. Sim, porque o nosso super-herói, o nosso presidente rústico, "simprão no úrtimo", está fazendo com que os brasileiros mais sensatos passem vergonha internacional. Está lá em Nova Iorque, tentando convencer os líderes de que o Brasil tem política ambiental adequada, e como se não bastasse, fazendo apologia gratuita à não vacinação contra a COVID-19.

     Acredite quem quiser que o Bozo não está vacinado. Muito provavelmente ele se vacinou antes que nós todos, e fica aí pagando uma de negacionista. Lembremos que sua carteira de vacinação está sob sigilo centenário, e portanto, só os nossos netos saberão se este crápula está falando ou não a verdade. Sim, ele correu o risco de "virar jacaré", ele tomou a vacina, mas nega o fato para justificar a péssima política vacinal do Brasil durante a pandemia.

     Mas lá nos States, o nosso "Jacaré Dundee" é barrado em restaurantes, come pizza na calçada, ouve vaias, protestos e até um caminhão baú passou pelas ruas em manifesto contra o genocida pseudo-negacionista. Sim, porque lá é primeiro mundo, terra de gente esclarecida, que inclusive já mandou um pé no traseiro do Donald Trump. Veremos qual será o futuro político do nosso jacaré... 🐊🐊🐊🐊

* O Eldoradense




20 de set. de 2021

Comentário: "Posturas políticas e desconstruções dos ídolos"

 



      Até que ponto em que, num cenário de polarização política extrema como o que vivemos hoje, um ídolo pode ter sua imagem manchada por conta do seu posicionamento? É justo todo um trabalho realizado nas mais diferentes áreas ir água abaixo por conta de uma postura adotada numa sociedade democrática?

       Certa vez, eu conversava sobre música, e disse que curti muito os dois shows do Roupa Nova que assisti. Um amigo de longa data e de posicionamento político muito semelhante ao meu, disse: "Luiz, eu gosto deles, mas eles têm um vídeo na internet em que entaltecem o Sérgio Moro". Da minha parte, não muda nada. Sou fã dos caras pela discografia, e fico alheio a posicionamentos nas diferentes esferas.

      E falando em Sérgio, não o Moro, mas sim, o Reis, continuemos a falar sobre ídolos e posicionamentos e levamos em consideração os fatos do último dia 07/09. Sérgio Reis simplesmente pirou na batatinha, ficou mais louco que o Batman, chamou urubu de meu louro e quase que caiu no xilindró por conta de uma alucinação patriótica descabida. Nas redes sociais, fiz vários memes, ironizei o artista, brinquei. Porém, e sinceramente, isso não anula a admiração pela discografia pantaneira, sertaneja raiz que o cantor possui. Uma coisa é uma coisa, outra coisa, é outra coisa.

     Enfim, estamos misturando muito alhos com bugalhos. Ícones da MPB, internacionalmente reconhecidos, por exemplo, são tratados como cantores sem importância por militantes da direita fanática. O mesmo acontece com o maior educador deste país, o inquestionável Paulo Freire.

      Tipo, o Gusttavo Lima ou o Eduardo Costa poderiam vestir vermelho, ter raiz ideológica sindical, gritar o mesmo "Fora Bolsonaro" que eu, e mesmo assim, musicalmente falando, pra mim, não servem. Eca!

     É claro que quando existe a sintonia entre posturas ideológicas/boa música, automaticamente a admiração pelo artista aumenta. Cito Gabriel o Pensador e Zeca Baleiro como exemplos particulares.

       Mas não faz sentido desprezar discografias, gols marcados, atuações em cena ou piadas bem contadas por conta do que se passa na cachola do indivíduo. A não ser que a postura envolva assuntos mais complexos como racismo, xenofobia, misoginia ou homofobia, por exemplo, tá tudo em ordem, dentro dos preceitos democráticos. E meus amigos, serão sempre meus amigos, apesar de muitos estarem politicamente e ideologicamente equivocados! 😉😉😉


* O Eldoradense

17 de set. de 2021

Comentário: "A volta do Super-Homem"

 


"A volta do Super-homem"

 

  Quando eu era moleque e a dor física por alguma eventualidade queria fazer com que as lágrimas rolassem rosto abaixo, aparecia algum abençoado e dizia: “homem não chora”. Olha, era difícil segurar a cascata salina enquanto a cabeça do dedão do pé estava esfolada por mais um acidente ocasionado pelo “futebol de asfalto”. Mas a frase machista era marcante, e o nó na garganta abortava o pranto enquanto a seiva rubra jorrava do meu dedão estourado.

    Mas aí, eu vi perdas. Perdas dos entes, e nelas, eu vi o meu maior exemplo de homem chorar sem qualquer ressalva, e não por coincidência, este mesmo homem nunca caiu na tentação de me dizer que homem não chora. E este homem, apesar de chorar, era uma fortaleza humana em termos de sabedoria e otimismo. 

     Homem chora sim, e chora porque é homem, e não uma estátua desprovida de sentimentos. Chora por amor, por dor, por angústia, de alegria, de tristeza. E em nenhum momento chorar tira a masculinidade, isso é tão idiota quanto dizer que o exame preventivo do câncer da próstata também o faz. 

     E por incrível que pareça, às vezes, tenho a impressão que aquelas ideias ultrapassadas sobre os conceitos de masculinidade voltaram à tona: Equivocadamente está na moda vender a imagem do Super-Homem, do “inabalável, indestrutível, intransponível, imbroxável”.

 

    Valha-me Deus ter que novamente engolir o choro de feridas muito mais dolorosas que um dedão esfolado. Valha-me Deus ter que represar lágrimas tal qual uma Itaipu de sentimentos.

 

     Há dores cujas lágrimas precisam extravasar, bem como alegrias que merecem ser brindadas com o líquido salino. Todo homem tem a consciência das suas próprias dores, e não convém camuflá-las em nome de tabus arraigados no machismo boçal.  O equivocado comportamento somatiza inúmeros males e patologias. É como tentar ser Itaipu e transformar-se em Brumadinho. Tragédia emocional na certa!


* O Eldoradense

16 de set. de 2021

Poesias do Eldoradense: "Mente pomar"

 


"Mente pomar"

Olho pro mar,

Nas ondas do pensamento;

Mente pomar,

Frutífero momento...

 

Penso que sou pequeno,

Tal qual grão de areia;

Tento ficar sereno,

Mas vem a sereia...

 

Cantando indagações,

Para o pensador de bermuda;

Melodiosas questões;

Com resposta muda...

 

Existe o Criador?

Estamos sós no infinito?

Tudo é tão desafiador,

Além de bonito...

 

Foi uma explosão?

Deus assoviando?

Que doce ilusão...

Sigo pensando...

 

Resolvo não me torturar...

Pois a dúvida me aluga;

E contento-me a procurar,

Uma dócil tartaruga!

 

* O Eldoradense

 

 

 

 


19 de ago. de 2021

Comentário: Sobre a trágica queimada de ontem em Presidente Venceslau

   Amigo leitor, veja o vídeo abaixo...

  Presidente Venceslau, quarta-feira, pouco tempo após o almoço. O céu passou a apresentar uma cor opaca e amarelada, atípica, como se o sol também estivesse tímido ou envergonhado pelo que estava acontecendo. Parecia que o Astro-rei nutria algum sentimento de culpa pelos erros humanos cometidos em nossos domínios geográficos. Até então, havia apenas uma estranheza e curiosidade em relação àquela coloração fosca que os olhos mais atentos testemunhavam. Olhos estes que ao visualizarem as redes sociais e aplicativos de mensagens, passaram a entender a causa do fenômeno: Um gigantesco incêndio na área rural de Presidente Venceslau ganhava proporções impressionantes, matando criações, animais silvestres, destruindo pastagens e propriedades. Não se sabe se a causa foi acidental, proposital ou mera imperícia no trato com o fogo. Mas é fato que foi uma imensa tragédia econômica, patrimonial e principalmente, ambiental em nosso município.

   O Corpo de bombeiros trabalhou arduamente, voluntários civis agiram de todas as formas na contenção da expansão de um cenário que, pelas filmagens, parecia um verdadeiro inferno de Dante. No céu, uma filha da terra comandava o águia que levava água: A capitã Mayara pilotou o helicóptero da Polícia Militar que fez a recolha hídrica de piscinas e lagoas, fazendo o trabalho do beija-flor que dava a sua contribuição na redução dos danos.

   Profissionais de imprensa noticiavam os fatos, comunicando sobre a necessidade do trabalho voluntário e do equipamento adequado para a confecção de aceiros emergenciais nas pastagens, com o intuito de atenuar a fúria das chamas. Não sei qual foi exatamente a dimensão geográfica do desastre, mas sabe-se que foi extensa. Um amigo meu testemunhou, no sítio do seu pai, a fuga desesperada de um bando de capivaras, que segundo sua estimativa, somavam aproximadamente cinquenta animais.

    O cenário, como era de se esperar, foi tão desolador quanto desesperador. Mas ao meu ver, serve como uma lição amarga: Ao sentirmos a ardência e os prejuízos das queimadas em nosso quintal, temos uma dimensão mais exata do quão prejudiciais para o meio ambiente são estas práticas em ecossistemas vitais para a biodiversidade, como o Pantanal e a Amazônia, por exemplo. 

   Por quantas vezes eu vi gente tratando estes problemas como secundários, ou até atribuíam algum exagero dos noticiários, achando que a exibição dos fatos teria fundo meramente político. Está aí: As queimadas são uma triste realidade, seja por puro vandalismo ou ganância  no avanço das fronteiras agrícolas sobre nossas matas. Meio ambiente também é patrimônio econômico. Pena que muita gente acha que uma coisa serve de entrave para a outra. Ledo engano: ambos se complementam...


* O Eldoradense

9 de ago. de 2021

Comentário: "O Brasil nas Olimpíadas"

 



  Encerrados os Jogos Olímpicos em Tóquio, é inevitável fazer o balanço do desempenho dos nossos atletas, que apesar de todas as dificuldades, fizeram bonito na terra do sol nascente. Só Deus sabe o quão difícil é ser atleta no Brasil, desde a precariedade e insuficiência de praças esportivas, passando pela pouca valorização dos profissionais de Educação Física e chegando ao desinteresse dos patrocinadores em esportes que possuem menor visibilidade.

     Mas enfim, foram 21 medalhas, sendo 7 de ouro, 6 de prata e outras 8 de bronze, que renderam ao país a 12ª colocação no quadro geral, a melhor de todos os tempos, sendo o terceiro país melhor colocado das Américas, atrás apenas de Estados Unidos e Canadá. Nada mal, em se levando em consideração que as projeções para os jogos de Paris, daqui a três anos, prometem superação.

     Foi bonito. Difícil não se encantar com a nossa "skatista de prata" Rayssa Leal, ou então, com o "surfista dourado" Ítalo Ferreira. E a Rebeca Andrade? Que show de simpatia, desenvoltura e maturidade. Ah, e sejamos justos: A mulherada mandou muito bem do outro lado do mundo! Seja no boxe, no judô, na maratona aquática, na vela, ou nas quadras de tênis e vôlei, nossas heroínas saíram com medalha no peito. 

    Confesso que fiquei decepcionado com Henrique Avancini, no Mountain Bike e com Gabriel Medina, no surf. Não corresponderam às expectativas depositadas, bem como a seleção masculina de vôlei, todos favoritíssimos, mas sem contemplação medalhística. Coisas do esporte. 

     E o futebol? Conseguiu um ouro épico, batendo a Espanha, num jogo disputado. Na hora da premiação, não vestiu o agasalho da patrocinadora oficial de todos os atletas olímpicos brasileiros, priorizando a marca  vinculada à CBF, causando uma polêmica desnecessária, que coloca em risco desportistas que ganham muito menos que os futebolistas. Egoísmo, caracterizando que o futebol, mais uma vez, é um mundo à parte. Ouro de tolo, como diria Raul Seixas.

     Fica a expectativa de melhoria contínua a cada Olimpíada, haja vista que somos um país que reúne condições favoráveis para a prática desportiva: temos um clima invejável, uma população étnico-cultural miscigenada, rios e mares abundantes. Basta mais investimento, e fatalmente, logo estaremos no "top teen" do quadro geral de medalhas. Investimento este que passa pelo estímulo ao esporte, desde as aulas da Educação Física nas escolas até os projetos específicos para comunidades carentes e em risco de vulnerabilidade social. Façamos do esporte um objeto de inclusão, e fatalmente, seremos potência olímpica..


* O Eldoradense   

26 de jul. de 2021

Clipe: "Patriota comunista", de Gabriel, o Pensador

    Mórbido, irônico, chocante. Sim, talvez seja este o "tapa na cara" que a sociedade brasileira precisa para acordar e perceber a gravidade da atual conjuntura. Só mesmo um poeta contemporâneo e genial para tentar fazer da música um poderoso instrumento de politização. Com vocês, "Patriota comunista", de Gabriel, o Pensador...




* O Eldoradense

22 de jul. de 2021

Relatório: Pedal até a Ponte Estaiada Mário Covas, na divisa entre Paulicéia (SP) x Brasilândia (MS)

   Anteontem, fiz um daqueles pedais marcantes, longos, dignos de postagem em blog. Há mais ou menos dois meses e meio, eu havia feito uma enquete no Facebook sobre qual seria o próximo destino de pedal tipo "longão", e as opções eram duas: O Morro do diabo, em Teodoro Sampaio, e a Ponte Estaiada Mário Covas, na divisa entre Paulicéia (SP) e Brasilândia (MS). Venceu a ponte. 


    E numa manhã geladíssima de inverno, parti às 06:50h, com uma mochila nas costas e muita roupa para vencer o frio. No começo, optei por não usar o par de luvas para ter maior sensibilidade manual na troca de marchas. Bobagem. Tive que parar na ponte sobre o córrego Aimoré para colocá-las, pois as mãos estavam querendo congelar. A imagem abaixo mostra o quão frio estava naquele momento...



  Depois disso, a viagem seguiu um pouco mais confortável. Segui pela vicinal até virar à direita numa estrada de terra que evitava passar pelo distrito Campinal, diminuindo consideravelmente a distância. Atalho providencial, que desembocava pouco antes da ponte do Rio do Peixe, cuja beleza paisagística é digna de fotos e parada para contemplação...





   Porém, havia muito trecho ainda pela frente. Dali em diante, a estrada estava em boas condições, e não havia muito ganho de elevação, pois o percurso praticamente margeou Rio Paraná em relação à altimetria. Deu uma motivação a mais quando avistei no horizonte os sinais de fumaça emitidos pelas diversas olarias de Panorama...


 
 Depois de atravessar em pouco tempo a cidade ribeirinha, foi a vez de encarar a rodovia João Ribeiro de Barros e fazer uma pausa para hidratação e foto no trevo da pequenina Paulicéia...


 A partir dali, a Ponte Estaiada Mário Covas já estava bem menos distante. O sol do horário aproximado ao meio dia não estava dos piores, tímido por conta do inverno. Isso, de certa forma, ajudou muito na performance. E o objetivo, graças à Deus, foi cumprido...







  Depois disso, era só esperar o resgate de carro com o seu Luiz e a Dona Irene, que já estavam a caminho e chegaram em pouco tempo...



  
Abaixo, o mapa do percurso produzido pelo aplicativo Relive...



     Missão cumprida, foi a vez de voltar, mas antes, uma pausa bacana para curtir um pouco do Balneário de Panorama e fazer mais alguns registros fotográficos...





 Relatório finalizado, objetivo alcançado, missão cumprida. Agora, é só pensar no destino e data do próximo "longão"...

* O Eldoradense

Comentário: "O tio França foi uma vítima"

    Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, ...