Certa vez, um flamingo, na beira de uma lagoa de águas límpidas, viu sua imagem refletida no espelho. Prestou atenção na imagem, e pela primeira vez, questionou intimamente sua essência, não gostando do que via: A plumagem rosada, as pernas finas, o jeito delicado, o andar de top model magrela na passarela. Não, ele definitivamente não queria ser assim!
Imaginou-se viril, garboso, imponente, másculo, tal qual os gaviões. Queria ser caçador, predador voraz, diferente de tudo o que fora, até então. Decidiu então que pediria dicas a um amigo gavião que geralmente se encontrava a algumas léguas dali.
A ave de rapina, solícita, deu algumas aulas ao pobre flamingo: Sobrevoo, rasantes, porte, caça. Mas foi na última aula que a discrepância ficou evidente. Ao se depararem com dois pequenos roedores mortos pelo gavião, o professor disse ao discípulo:
- Vai, tá esperando o que? Cai de bico!
O flamingo sentiu náuseas, não conseguindo ir adiante. O gavião, com pena do amigo, sugeriu análise e psicoterapia com a coruja, que ouvia bastante e sabia dar pitacos certos nas horas necessárias.
E lá foi o flamingo pedir ajuda para a coruja, que anotava tudo num bloquinho. Com menos de dez minutos de conversa, a coruja disse ao flamingo para se aceitar da maneira que é, para se assumir sem culpas, medo ou autopiedade.
Moral da história: "Uma vez flamingo, sempre flamingo!"
* O Eldoradense
Adoro ler esses contos !
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