29 de jun. de 2019

Pensamentos do Eldoradense: "Originalidade"




   "É uma questão íntima, particular, mas prefiro publicar meus pensamentos medianos aos alheios, mesmo que sejam geniais. Sei que qualidade é importante, mas tenho mania de originalidade..."

* O Eldoradense

27 de jun. de 2019

Livro: "O labirinto dos espíritos"





   E finalmente, a conclusão do quebra-cabeças literário montado por Zafón! Terminei anteontem a leitura de "O labirinto dos espíritos" que encerra a série "O cemitério dos livros esquecidos", após 675 páginas de investigação policial, crimes, revelações a outras tantas reviravoltas rocambolescas, onde apareceram novos personagens intrigantes, enigmáticos e não menos relevantes que os anteriores para o desenrolar da trama.

    Desta vez, a história não ficou restrita somente à Barcelona, pois a capital Madrid foi coadjuvante no enredo, afinal de contas, membros da cúpula governamental espanhola da ditadura Franquista estavam envolvidos num esquema complexo de assassinatos e adoções, que de forma indireta, atingiram a família Sempere.

    Não sei se foi intenção de Zafón, mas eu observei que com o desenrolar da narrativa e o fim do governo totalitário, as descrições em torno da paisagem urbanística de Barcelona mudaram, saindo do ambiente gótico para um mais claro e alegre, incluindo aí, a descrição dos fogos na abertura dos Jogos Olímpicos de 1992. Tal mudança descritiva pode ter ocorrido exclusivamente por conta da modernização e da evolução do tempo, mas se Zafón usou esta metáfora implícita para simbolizar o fim de uma época política obscura na Espanha , foi muito feliz. 

     Considero uma das partes mais interessantes do livro quando é anunciada a morte de Franco, chamado pelos espanhóis de "generalíssimo": Enquanto uns comemoravam o fato, outros se entristeceram, e se perguntavam o que seria da nação espanhola depois do óbito do seu líder. Achei esta passagem marcante, pois demonstra o quão amor e ódio os líderes totalitários exercem sobre seus povos. Enfim, Zafón sobrepôs uma ficção envolvente na realidade política da Espanha das primeiras décadas do século passado até o início do atual, atravessando três gerações da "família Sempere". Brilhante!

* O Eldoradense  

26 de jun. de 2019

Comentário: "Jonathan & David"


   Só tenho um irmão, sendo eu o primogênito e ele, o caçula - obviamente! - e a diferença entre nossas idades é pouca, somando apenas dois anos e quatro meses. Por conta disso, minha mãe dizia, brincando, que éramos "quase gêmeos", o que era um tanto exagerado da parte dela. Mas o fato é que estas condições faziam com que tivéssemos diferenças de personalidade agudas em alguns momentos, e uma sintonia afinadíssima em outros. Nestes momentos de sintonia, fazíamos piadas que somente nós entendíamos, desenvolvemos um idioma maluco em que as palavras eram soletradas de trás para frente, e criamos dois personagens que incorporávamos esporadicamente durante as refeições: Jonathan & David - E é sobre esta dupla de milionários excêntricos que escreverei abaixo, parágrafos posteriores.

    Não tenho certeza se Jonathan & David foram criados em nossa infância ou na adolescência, mas sei que até o início da vida adulta eles provocavam sorrisos na mesa do almoço ou do jantar, inclusive, em algumas ocasiões, na presença de parentes ou visitantes mais próximos. Para que eles entrassem em ação, bastava uma troca de olhares ou algum de nós iniciarmos o diálogo, que era mais ou menos assim:

    - Ah, Jonathan, que alegria recebê-lo em minha casa!

    - O prazer é todo meu, amigo! E o que temos para o jantar?

   - Sei que você está acostumado a caviar, faisão, mas hoje, pedi para nossa cheff  fazer ovo frito, pois há tempos eu queria saborear um prato exótico e pitoresco, destes que nossos serviçais degustam com prazer inexplicável...

   - Sim, eu não tenho preconceitos gastronômicos, e até acho que os menos favorecidos possuem um paladar curioso, mas de bom gosto. Falando nisso, eu acho tão interessante você trazer a criadagem para a mesa das refeições, isso promove uma interação maravilhosa entre as classes socais! (A "criadagem" era composta pelos meus pais e visitantes ocasionais)

   - Obrigado pela observação, amigo. Faço isso para que eu ganhe o respeito da nossa equipe de serviçais, quebrando aquela barreira constrangedora entre patrões e empregados. Mas me diga, como vão os negócios na Argentina?

    - De vento em popa, David! Com a abertura do Mercosul, ficou bastante vantajoso investir nos países vizinhos... Me passa o vinho do Porto? (Geralmente bebíamos Tang de uva)...

     - Ah, sim, claro! Saiba que esta é uma safra raríssima, datada do início do século, que guardo para as ocasiões especiais como esta. (Girava o copo de suco, e sentia o aroma, feito um experiente sommelier)

        Quando a palhaçada já havia se alongado demais e a comida já estava esfriando, vinha a descontraída e desbocada interrupção materna...

         - Calem a boca e comam, seus FDP!

       Ríamos, e assim seguia a refeição. Hoje, por conta dos horários desencontrados, da televisão e da internet, são poucas as famílias que se reúnem no almoço e no jantar. E quando o fazem, muitos dividem a atenção entre os pratos e talheres com os seus respectivos aparelhos celulares. A conversa na mesa "ao vivo e a cores", perdeu espaço para os novos hábitos, infelizmente. Talvez se eu e meu irmão tivéssemos crescido entretidos com bugigangas tecnológicas, Jonathan & David nunca teriam provocado risadas na mesa, muito menos relembrados com tanta saudade...

* O Eldoradense

      
    


    

25 de jun. de 2019

Fórmula 1 no Rio ou em São Paulo? Já foi dada a largada para a corrida presidencial em 2022!




   Até o mais alienado cidadão brasileiro deve ter percebido que por trás da disputa entre Rio e São Paulo para sediar o GP Brasil de Fórmula 1 a partir de 2021 existe algo maior: a corrida presidencial de 2022! Mesmo que João Dória e Jair Bolsonaro neguem, nesta contenda há um componente político implícito e estratégico, e quem conseguir seduzir os executivos do automobilismo mundial, certamente já sai na pole position desta corrida que pode durar quatro anos, cuja linha de chegada é Brasília. A disputa está só começando, e curiosamente, é uma corrida que começa exatamente através de outra corrida! A propósito: Alguém aí duvida que o pessoal que torce para a Ferrari vai propor o GP de Garanhuns?

* O Eldoradense

24 de jun. de 2019

Livro: "O prisioneiro do céu"




  E a terceira peça do quebra-cabeças literário montado pelo genial Carlos Ruiz Zafón é intitulada "O prisioneiro do céu". Nesta narrativa, o misterioso escritor David Martin encontra-se encarcerado na sombria prisão do Castelo de Montjuic, em Barcelona, acusado por uma série de crimes que não cometeu. Como desgraça pouca é bobagem, o talento que David possuía para a escrita passou a ser motivo de chantagem por parte do diretor do presídio, Mauricio Valls, que ambicionava sucesso literário, mas não tinha cacife suficiente para tal. Valls havia escrito um livro, mas ciente de que a obra estava mal feita, exigiu que David a refizesse, sob pena de prejudicar pessoas queridas do prisioneiro além das muralhas. Diante da demora de David Martin na execução de sua tarefa, o diretor o enviou para uma cela na torre do castelo/prisão, e daí o título "O prisioneiro do céu".

    Esta história é um elo que explica a relação da história de David Martin com o impagável personagem Fermín Romero de Torres e também com a Família Sempere, protagonistas de "A sombra do vento", livro maravilhoso que deu origem à série "O cemitério dos livros esquecidos". 

     Com aproximadamente 250 páginas, executei a leitura de "O prisioneiro do céu" em menos de dois dias.  Atualmente estou lendo a quarta e última obra da série, intitulada "O labirinto dos espíritos", cuja resenha será publicada em breve. Sem exageros, a série literária escrita por Zafón é simplesmente viciante!

* O Eldoradense

23 de jun. de 2019

Comentário: Acho que perderemos mais uma vez para a França...





  Começou agora o jogo eliminatório da Copa do Mundo de  futebol feminino entre França x Brasil. Não estou querendo ser chato, muito menos pessimista, mas não vai dar! Desculpem-me os fanáticos, os patriotas ufanistas e os otimistas, mas é sempre assim: quanto enfrentamos os franceses, o "Complexo de vira-latas" expressão criada por Nélson Rodrigues - para explicar nossos fracassos, vem à tona. Foi assim em 1986, em 1998 e em 2006, nos mundiais de futebol masculino, e sinceramente, eu não sei por qual motivo o fenômeno acontece. Segundo um amigo meu, o fato ocorre devido ao Hino francês, também conhecido por Marselhesa, possuir uma sonoridade tão forte que faz os atletas brasileiros tremerem as pernas antes mesmo do apito do juiz.

   Portanto, se não quiser estragar o domingo, amigo leitor, não assista ao jogo, porque fatalmente o sentimento de frustração irá prevalecer nas horas seguintes ao embate. Sugiro que leia um livro, leve as crianças na praça, ou então, encarem uma série qualquer da Netflix.  Porque quando o assunto é futebol, França x Brasil tem sempre o mesmo roteiro no final, com gosto amargo de "déjà-vou"!  

* O Eldoradense


22 de jun. de 2019

Alfinetada: Bolsonaro e a Rainha da Inglaterra...

 E o presidente Jair Bolsonaro criticou o projeto aprovado pelo Congresso Nacional que tirou do Palácio do Planalto a exclusividade das nomeações para as chefias nas agências reguladoras. Segundo o novo projeto, (que pode ser sancionado ou vetado pelo presidente); o executivo fará a escolha baseando-se numa lista tríplice, após processo público prévio.

   Ao externar a insatisfação, Bolsonaro disse que "querem transformá-lo numa Rainha da Inglaterra". Nada a ver! Explico....

   A rainha da Inglaterra adora uma coroa...


  ... Já Bolsonaro, nem tanto!



* O Eldoradense

21 de jun. de 2019

Música Experimental: "Eva Angélica"

  Não posso negar que, ao menos para mim, Bolsonaro é uma inesgotável fonte de inspiração para o sarcasmo. Quando o nosso presidente criticou o STF por equivaler o crime de homofobia ao racismo, sugerindo inclusive que tais decisões foram tomadas por conta da falta de juízes evangélicos na Suprema Corte, eu fiquei com vontade de escrever, mas resolvi fazer diferente: Surgiu a vontade de divagar um pouco e compor uma música experimental falando sobre a paixão de um homem ateu convertido por uma mulher evangélica. Não reparem na voz, que é péssima, mas modéstia à parte, eu gostei da letra. O aplicativo para a montagem do vídeo abaixo também não é dos melhores, mas foi o que deu pra fazer. Com vocês, "Eva Angélica"...






"Eva Angélica"



A paixão, entoa
No meu coração, ateu;
Não é algo à toa,
Meu amor, é teu!

Na igreja, eu sento,
Faço oração;
Dou meus dez por cento,
Compro a salvação...


Veja como, a vida...
De uma vez, se inverte;
Por você, querida,
Um homem, converte!

Larguei da boemia,
De viver, na pilha;
Até na noite, fria,
Vou fazer vigília!


Eu era, intolerante,
Praticamente, um bruto;
Não sou como, antes...
Fala que eu, te escuto!

Tire-me da treva,
Me mostre o Paraíso;
Seja minha Eva,
É disso que eu, preciso!

Eva, Angélica...
Vai descendo a ladeira, com a Bíblia na mão!
Eva, Angélica!
Quero ser seu marido, não quero ser teu irmão! (Refrão 2x)

* O Eldoradense

19 de jun. de 2019

Livro: "O jogo do anjo"




   Se não me falhe a memória, foi no ano de 2014 que executei a leitura do livro que mais me prendeu a atenção até hoje: Trata-se de "A sombra do vento", cuja autoria é do brilhante escritor espanhol Carlos Ruiz Zafón. Somente cinco anos depois fui descobrir que "A sombra do vento" era apenas uma das peças de um maravilhoso quebra-cabeças da série literária intitulada "O cemitério dos livros esquecidos". Ao fazer a descoberta, consegui emprestadas as outras três peças do quebra-cabeças, sendo que uma delas é "O jogo do anjo", que mantém o estilo marcante da série: suspense, descrição detalhada da paisagem urbana de Barcelona, bem como diálogos inteligentes e humorados. 

    "O jogo do anjo" é um romance cujo protagonista é o escritor David Martim, que, após ser diagnosticado com uma doença terminal, recebe uma proposta pra lá de estranha: escrever um livro para o misterioso editor Andreas Corelli, que ficará com a autoria da obra, recompensando David com muito dinheiro e a cura de sua enfermidade. A partir daí, só lendo pra saber o desfecho desta trama  intrigante e que sugere o sobrenatural...

* O Eldoradense

17 de jun. de 2019

Conto: "Projeto LPA"



   O engenheiro eletrônico Laércio Brás e o renomado cirurgião Joseílson Costa estavam trabalhando de forma conjunta e sigilosa em um ousado projeto que criaria um dispositivo capaz de decifrar os pensamentos das outras pessoas. Ao dispositivo, deram o nome de LPA: Leitor dos Pensamentos Alheios. Consistia em um capacete travestido de boné, que, através de uma falsa bijuteria disfarçada na aba, emitia um laser invisível direcionado ao cérebro da outra pessoa, decodificando os pensamentos do outro indivíduo e emitindo vozes reveladoras em um fone acoplado ao dispositivo.

    Ambos sabiam que o projeto poderia render discussões éticas em torno da privacidade, mas vislumbravam o rio de dinheiro que ganhariam ao patentear o dispositivo. Pensaram na demanda gerada através de serviços policiais e de espionagem internacional. Numa escala mais abrangente, o dispositivo poderia ajudar pais controladores, cônjuges desconfiados, detetives particulares e até mesmo simples curiosos ávidos por descobrirem o que os outros estavam pensando.

     Quando o projeto estava praticamente concluído, o sócio neurocirurgião sofreu um ataque cardíaco fulminante, e Laércio pensou imediatamente que colheria os louros do invento sozinho, já que faltavam apenas pequenos ajustes eletrônicos que ele dominava. Duas semanas depois, foi testar o invento, com o boné sobre a cabeça.

        Foi para um churrasco entre amigos onde percebeu que muitos daqueles que o bajulavam nutriam pensamentos negativos ao seu respeito, considerando-o um arrogante insuportável. Ouvindo vozes incômodas e desagradáveis, teve vontade de esmurrar boa parte dos que ali estavam, mas precisava se conter. Quando chegou em casa, a esposa deu-lhe um beijo de boa noite, mas intimamente repugnou a presença do marido, e ele descobriu que os quase trinta anos de casamento estavam sustentados pelo pilar do comodismo e da conveniência. No dia seguinte, enquanto trabalhava, teve a revelação de que seu assistente mais fiel pretendia deixar-lhe na mão já na próxima semana, tendo em vista um emprego onde ganharia bem mais, com a vantagem de não precisar mais aturá-lo. A raiva e a decepção passaram a dominar sua mente de forma avassaladora em menos de quarenta e oito horas usando a geringonça.

      Laércio então fez um exercício de reflexão e descobriu a gama de conflitos que seu invento poderia gerar: desde dramas familiares, até, quem sabe, a Terceira Guerra Mundial. Notou que as vozes que ouvia poderiam trazer muito sofrimento através de verdades que talvez não necessitassem aflorar. Foi até o interior do laboratório onde martelou a bijuteria que emitia o laser invisível, incinerando, posteriormente, o boné. Em seguida, apagou todos os arquivos do notebook onde estavam contidas as informações sobre o projeto. Por incrível que pareça, chegou à conclusão de que a vida em sociedade precisa também de uma dose homeopática e certeira de mentiras e hipocrisias...

* O Eldoradense


16 de jun. de 2019

Livro: "O caçador de pipas"



    Seguindo a sequência de leituras executadas ultimamente, publico hoje sobre "O caçador de pipas", obra literária escrita pelo romancista  e médico afegão Khaled Hosseini . A narrativa ocorre inicialmente no Afeganistão, relatando a amizade de dois garotos que convivem juntos em uma mesma casa, mas que pertencem a classes sociais distintas, pois um é filho do patrão, e outro, do serviçal. Porém, um episódio marcante dá contornos de dramaticidade a história, fazendo com que eles se afastem e que os seus destinos se cruzem novamente, duas décadas depois. O Paquistão e os Estados Unidos também são cenários desta narrativa tão envolvente quanto surpreendente, fazendo com que o livro prenda o leitor desde a primeira até a última página. 

* O Eldoradense


15 de jun. de 2019

Livro: "Entre sem bater" - A vida de Apparício Torelly, o "Barão de Itararé"!





    Talvez você tenha até ouvido falar, mas provavelmente não deve saber muito sobre o protagonista deste livro. Apparício Torelly, também conhecido como "Barão de Itararé" foi um dos maiores ícones do humorismo político no Brasil, escrachando com nossos abnegados homens públicos, satirizando também pseudo-literatos e até mesmo seus pares da imprensa. Para isso, usava o seu próprio jornal, intitulado "A manha". O livro escrito por Cláudio Figueiredo conta a biografia deste personagem de alma anárquica e subversiva, fazendo o leitor se encantar pela genialidade e criatividade do tal "Barão de Itararé".

    Em uma das várias histórias engraçadas contadas na obra, Apparício Torelly, após satirizar integrantes da Marinha Brasileira, tem sua casa invadida por alguns militares, tomando uma surra dos mesmos. No dia seguinte ao episódio, ele simplesmente colocou uma placa na porta da sua residência com a seguinte frase: "Entre sem bater!"

      Para quem não leu o livro, recomendo. E recomendo também aprofundar-se um pouco mais sobre o "Barão de Itararé", cuja biografia está repleta de pérolas e histórias deliciosamente engraçadas. 

* O Eldoradense

14 de jun. de 2019

Livro: "Cem anos de solidão"





   No período em que o blog ficou sem ser atualizado, fiz algumas leituras, sendo que todas serão posteriormente relacionadas. A primeira delas é o clássico da literatura latino -americana "Cem anos de solidão". A obra é de autoria do renomado escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez, que lhe rendeu nada menos do que o Prêmio Nobel de literatura no ano de 1982. 

    Uma curiosidade: "Cem anos de solidão" será adaptada em uma série, que em breve será produzida pela Netflix, feito até então nunca autorizado pelo escritor Gabriel Garcia Marquez. 

     O realismo fantástico narrado na cidade fictícia de Macondo, bem como as várias gerações da família Buendia  são descritos pelo autor com certa melancolia, narrando detalhadamente paisagens, situações e vivências dos personagens. Resta saber se a série audiovisual terá a mesma beleza que a obra literária. Via de regra, os amantes da literatura sempre se decepcionam com tais adaptações, mas é "esperar para ver"... Literalmente!

* O Eldoradense

13 de jun. de 2019

Comentário: "O Bolsonarista, o petista e o imparcial...



     Imagine-se você, amigo imparcial, chegando em um botequim chamado "Recanto dos companheiros", e nota que, em uma das mesas, quatro sujeitos barbudos trajando camisetas vermelhas olham para a TV enquanto degustam uma porçãozinha de mortadela, bebendo uma branquinha. Enquanto isso, a TV Globo exibe o Jornal Nacional, quando Willian Bonner então noticia o vazamento das conversas interceptadas ilegalmente entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol . Você vai ouvir os caras dizerem que Lula foi preso ilegalmente, que o ex-presidente foi vítima de uma conspiração, que as provas contra ele foram forjadas e que a liberdade do petista é coisa de tempo. Olha, para não correr o risco de ser achincalhado e tomar golpes de foice e martelo, é melhor calar a boca e evitar dizer que as coisas não são bem assim, que uma coisa é uma coisa, e outra coisa, é outra coisa. Melhor tentar dirigir-se a outro bar!

     E aí, na próxima esquina, você vai ao bar "Reacionários", onde na mesa do canto, quatro sujeitos trajando camiseta pirata da seleção brasileira saboreiam uma porção de coxinhas e bebem suquinho de laranja com adoçante. Contrastando com a frescurite, você observa que todos os sujeitos portam armas nos respectivos bolsos de suas calças jeans. Assistem ao mesmo jornal e à mesma notícia exibida no bar anterior. Eles vão dizer que Sérgio Moro é um patriota e que está sendo vítima de um complô envolvendo a mídia e a oposição. Dirão que as suas mensagens trocadas com os promotores do Ministério Público não tem nada de comprometedoras. Você fica até com vontade de argumentar algo, mas por medo de tomar uma coronhada na nuca, vai pra casa e tenta escrever algo  na internet.


      Chega em casa e manda a lenha no teclado do computador. Escreve que aquelas trocas de mensagens, do ponto de vista técnico-jurídico, são inadmissíveis, que não pode haver colaboração mútua entre quem julga e quem investiga, e que aquilo tudo dá margens para interpretações dúbias sobre as apurações dos fatos. Diz que áudios vazados anteriormente pelo mesmo Sérgio Moro quebraram sigilos, pularam etapas e que tal conduta também foi inconstitucional, assim como o seu celular, que foi invadido ilegalmente por hackers. Explica que, na sua opinião, Sérgio Moro deveria ser afastado do cargo, e que, se ambicionava uma cadeirinha no STF, pode esquecer!

     Porém, a contraponto, diz que os corruptos presos pela Operação Lava Jato não têm porque ficarem eufóricos, pois as provas apresentadas contra eles são contundentes, e esperar uma saída do chefe-mor da quadrilha por conta disso, é absurdo. Expõe, enfim, que se Moro precisa sair do Ministério da Justiça, Lula precisa continuar na cadeia! É assim que deve ser, pois você ao menos tenta ser imparcial, sem fanatismo, tentando analisar os fatos com alguma racionalidade e não com o fígado. 

       Depois do texto escrito, é só aguardar foiçadas, marteladas e coronhadas do mundo virtual!

* O Eldoradense

12 de jun. de 2019

Fotografia: "Betina"

  E chegou hoje ao planeta Terra mais uma integrante da família: A sobrinha Betina, filha do meu irmão Nélio e da cunhada Márcia. Betina veio ao mundo aproximadamente às 10:40h, pesando modestos 3,8 kg e 53 cm! Que seja bem vinda!


* O Eldoradense

Alfinetada: "Crush?"

     O mundo está mesmo muito mudado. Hoje mesmo, passando em frente a uma loja da cidade, vi uma frase escrita em sua vitrine: "Te amo, meu crush!"

    Que me desculpem os mais jovens, mas em minha cabeça de quarentão, isso foi a primeira coisa em que pensei...



* O Eldoradense

11 de jun. de 2019

"Eu e a hipnoterapia"




   Há pouco mais de três meses passei por aquela que certamente foi a pior e mais traumática experiência da minha vida, ocorrida de forma repentina e dolorosa. Sofri uma reviravolta brusca no meu cotidiano, e, de uma hora pra outra, percebi que sonhos foram desfeitos, rotinas alteradas e que fortalezas ruíram. Perdi a pessoa com a qual dividi lutas, planos, alegrias e tristezas.

  Porém, pouco depois do acontecimento, achei que o tempo e algumas atividades que gosto de realizar pudessem minimizar a dor, melhorando posteriormente minha qualidade de vida. Mas ainda que eu conseguisse encontrar alguma paz de espírito ao pedalar, trabalhar estava difícil, e escrever, impraticável. Os pensamentos e medos se embaralhavam em minha mente, roubando meu sono sem que eu sentisse a mínima falta de dormir. E quando conseguia cochilar, flashes disparavam em forma de uma descarga de adrenalina que ardia no peito. É lógico que o corpo iria somatizar este descompasso mental em sinais físicos. Percebi que sozinho não daria conta de retomar a minha vida, e seguindo os conselhos de amigos a parentes próximos, resolvi recorrer à ajuda médica, bem como à psicoterapia.

   Lendo e pesquisando mais sobre o assunto, cheguei à conclusão de que faria um tratamento psicoterápico baseado em hipnose, pois os resultados positivos ocorrem em prazo mais curto do que nas sessões comuns de análise. Foi quando conversei e esclareci minhas dúvidas com a profissional Suédia Perosso, e iniciamos um tratamento de sete sessões muito bem sucedidas, das quais farei alguns relatos:

      Primeiramente, admito que cheguei ao consultório com algum descrédito na eficácia da hipnoterapia, mas me encontrava em um estado de  vulnerabilidade tão grande que precisava me apegar em algo. Em seguida, respondi a um questionário complexo, ao qual a profissional de psicologia passou a compreender melhor meus traumas, medos e anseios. Ela esclareceu que a hipnose acontece em nosso cotidiano mesmo sem a nossa percepção, quando por exemplo, lemos um livro ou exercemos uma outra atividade com um grau maior de concentração. Disse também que o paciente não perde sua autonomia em relação ao próprio estado de consciência, que isso é um mito decorrente das informações equivocadas que nos são repassadas através de performances sensacionalistas ou charlatanismo. 

     Enfim, o que ocorre na prática são estados de relaxamento onde o paciente precisa colaborar com o profissional, abrindo o seu subconsciente para que exista uma reeducação nas suas formas de pensar e se posicionar diante de conflitos internos, com o objetivo de melhorar sua própria qualidade de vida. A terapia possui tamanha eficácia, que não por acaso, até profissionais de odontologia aderem ao método para evitar necessidade de anestesia em algumas intervenções cirúrgicas. Dores do parto, fobias, transtornos de ansiedade, depressão e dependência química também são problemas que podem ser tratados através da hipnoterapia. Além das sessões em consultório, são repassados exercícios de auto-hipnose, em que o paciente os realiza em casa. Em casos mais severos, a hipnoterapia clínica pode ser tratamento complementar a tratamentos psiquiátricos, contando com o auxílio de medicamentos. Em casos mais simples, porém, pode ser não só o tratamento principal, como único.     

      Se antes da primeira sessão eu me encontrava vulnerável e desconfiado, após o término do tratamento posso relatar com convicção que me encontro em um estado de serenidade que logicamente não apagará o que aconteceu, mas que me dá forças para tentar seguir adiante com melhor qualidade de vida. Fiz isso não somente por mim, mas também pelos que me estimam, e também por uma pessoa especial que certamente está zelando  por mim em uma outra dimensão.

     Meus agradecimentos sinceros à Deus, a todos os que torceram e continuam torcendo por mim, bem como à competente e dedicada profissional Suédia Perosso. Muito obrigado!

* O Eldoradense

10 de jun. de 2019

Que bom que o Guri não foi embora!




    Cheguei no Anfiteatro da Biblioteca Pública Municipal de Presidente Venceslau às 13:20h, alguns minutos antes do horário previsto para a apresentação da turma de crianças iniciantes nas aulas de violão do Projeto Guri, dentre as quais estava a minha sobrinha Isabella. Sentei-me nas últimas fileiras de assentos, hábito que me acompanha desde os anos escolares, e de lá, acenei para ela, que rapidamente me reconheceu e retribuiu o gesto. O recinto em pouco tempo se encheu, tomado pela euforia infantil e pelo orgulho dos pais e responsáveis que assistiriam ao evento. Educadores musicais repassavam as últimas instruções aos alunos ansiosos para exibirem a uma plateia coruja o que aprenderam nas aulas.

     A primeira apresentação melódica de violão tocou acordes tímidos e lentos de um "Parabéns pra você" entoado por uma galerinha que está começando a acordar para as artes. Era nítido nos seus olhinhos a atenção, a disciplina e a vontade de acertar ao máximo. Ensinamentos que vão além do objetivo de formar músicos, mas principalmente, de formar cidadãos. 

     A partir da primeira exibição, sucederam outras tantas, cujo cancioneiro priorizou músicas populares e folclóricas do nosso país. Ficou evidente naquela atmosfera cultural o orgulho dos pais e educadores musicais, além da autoestima elevada das crianças e adolescentes que ali se apresentaram. Foi, de fato, emocionante.


    Lembremos que não há muito tempo, o Projeto Guri quase sofreu um baque na sua abrangência, onde muitos dos seus polos deixariam de existir por possíveis cortes orçamentários. Cortes estes que por motivos políticos, são hoje convenientemente chamados de "contingenciamentos". 

   Felizmente, após grande apelo da população e também das redes sociais, o Governo Estadual Paulista conseguiu viabilizar a manutenção total do projeto, através de parceria com a iniciativa privada. O "Fica Guri" tão conclamado na internet conseguiu surpreendentemente sensibilizar os corações que pulsam ao ritmo das planilhas calculistas sob os paletós e gravatas. A matemática do "contingenciamento" rendeu-se à lógica de que dinheiro público destinando a iniciação cultural infantil não seja simplesmente dinheiro gasto. É muito mais que isso: É investimento!

    A cada pequeno cidadão que dedilha um violão, toca um violino ou canta em um coral, temos uma criança ociosa a menos, diminuindo a possibilidade da mesma estar a mercê da vulnerabilidade social e da marginalidade. O "Guri", que quase foi  embora, enfim, resolveu ficar. E que bom que ficou!

* O Eldoradense

Comentário: "O tio França foi uma vítima"

    Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, ...