Santos Futebol Clube: Cem anos de uma linda história!
Há exatos cem anos, era fundado na acolhedora cidade praiana de Santos, um dos maiores clubes de futebol do mundo: O Santos Futebol Clube. Uma agremiação futebolística que parece ter no seu DNA a obrigação de jogar ofensivamente, buscando sempre o gol, incluindo o ingrediente marcante da beleza e da plasticidade à este objetivo.
Mesmo antes de Pelé, o Santos já possuía um grande goleador: Arakém Patusca, em 1927, fez parte do "ataque dos cem gols", sendo que destes, marcou 31 tentos no Campeonato Paulista daquele ano. Ao seu lado, Camarão, Siriri, Feitiço e Evangelista fizeram uma centena de gols em apenas 16 jogos, sendo que a média de 6,25 gols por jogo é considerada a maior do mundo, levando-se em conta uma competição oficial. O primeiro título paulista veio em 1935, contra o Corinthians. Mas esta foi apenas a primeira glória de várias que viriam nos próximos anos.
E o melhor estava para acontecer. Nascido em Três Corações (MG), mas vindo de Bauru, interior de São Paulo, em 1956, desembarcava em Santos, aquele que seria o maior jogador de futebol de todos os tempos. Aquele que traria inúmeras conquistas ao peixe, dando ao clube projeção nacional e principalmente, mundial: Pelé. A partir daí, inicia-se uma "era de ouro" na história do Santos, que seria mais evidente na década de 60, quando o clube conquistou nada menos do que oito Campeonatos Paulistas. Também nesse período, o clube ganhou seis Taças Brasil, recentemente reconhecidas pela CBF como Campeonatos Brasileiros, que somados aos títulos de 2002 e 2004, dão ao peixe o status de maior vencedor da competição, juntamente com o Palmeiras.
Porém, as conquistas no cenário nacional não são o maior legado do peixe: Os títulos da Libertadores da América em 1962/63, bem como em 2011, além das Copas Intercontinentais (também em 1962/63); e Recopa Sul Americana de 1968, foram determinantes para que o manto sagrado de cor predominantemente branca fosse reconhecido mundialmente. O Santos realizou excursões em toda a parte do mundo, paralisando inclusive uma guerra civil em solo Africano, no antigo Congo Belga. Pelé foi o protagonista deste lindo período, tendo ao seu lado, parceiros como Pepe, Mengálvio, Dorval e Coutinho. Mas tantos craques pisaram os pés na Vila nessa época, que fica impossível enumerar todos.
No início da década de 70, o Santos ainda conquistaria o título de 1973, curiosamente dividido com a Portuguesa, em um equívoco na contagem dos pênaltis, cometido pelo famoso e polêmico árbitro Armando Marques. Em 1978, o clube revelou a primeira safra dos "Meninos da Vila", que tinham no elenco nomes como Juari, Nelsinho Baptista, Aílton Lira, Nílton Batata e Pita, entre outros. Contudo, a frequência de títulos santistas na era pós Pelé tornou-se pouco presente, sendo que o clube conquistaria outro título Paulista em 1984, liderados por Serginho Chulapa, Humberto, Zé Sérgio, Lino, Dema e "a muralha", Rodolfo Rodriguez.
Após este título marcante, o Santos viveria aquele que foi o seu maior jejum de títulos expressivos, que ocasionou grande incômodo em sua torcida. Em 1995, um timaço comandado por Giovanni "bateu na trave", sagrando-se vice campeão Brasileiro, título só não conquistado porque o Botafogo de Túlio, mas principalmente o árbitro Márcio Rezende de Freitas não permitiram. Foram 18 anos sem conquistar um campeonato de grande magnitude, sendo que em 2002, a segunda geração de meninos da Vila encantou o país com um futebol moleque, descontraído, ofensivo e principalmente, vencedor. Comandados pelo técnico Émerson Leão, jovens como Diego, Elano, Renato, Alex e Robinho bateram o Corinthians em uma final histórica, devolvendo ao peixe a rotina das conquistas de outrora. Já no ano seguinte, estes meninos conseguiram o vice campeonato da Libertadores das Américas, infelizmente perdendo para o fortíssimo Boca Juniors.
Outro título brasileiro veio em 2004, bem como os Campeonatos Paulistas de 2006 e 2007. Porém, posteriormente surgiu na Vila, outro "cracaço" de bola, que atende pelo nome de Neymar. Com a vinda do guri, tendo como Ganso seu principal parceiro, o Santos já alcançou o Bicampeonato Paulista de 2010/11, a Copa do Brasil de 2010, e o seu principal título da história recente do clube: A Taça Libertadores das Américas de 2011. Chegaram à final do Mundial Interclubes do mesmo ano, mas infelizmente sucumbiram ao poderosíssimo Barcelona, no Japão. Neymar já é considerado um dos grandes jogadores mundiais, sendo que o Santos conseguiu segurá-lo no clube até 2014. Alguém tem dúvidas de que novas conquistas importantes virão? Eu não. Para o Santos, levando-se em conta o atual momento, o céu parece ser realmente o limite...
Comentário: Comecei a torcer pelo Santos ainda criança, aos seis anos de idade, influenciado pelo meu saudoso pai. O primeiro registro desta paixão, em minha memória, aconteceu em 1983, quando o peixe foi derrotado na final do Campeonato Brasileiro daquele ano, para o espetacular Flamengo de Zico. A partir daí, iniciou-se uma devoção, algo inexplicável e totalmente passional. Apesar de anos de sofrimento com a ausência de títulos encerrada em 2002, esta paixão aumentou ainda mais com o passar do tempo, e está sendo maravilhoso desfrutar desse novo momento mágico da história do clube. Lamento profundamente o fato de eu não ter sido testemunha do futebol de Pelé e do meu pai não ter visto este fenômeno da bola chamado Neymar. Mas estes são desencontros da vida, e agradeço profundamente meu velho pelo legado que me deixou, esse grande amor pelo Santos. Pois é como eu digo sempre, "Ser santista é orgulhar-se do passado, ser feliz no presente e ter a certeza de revelar craques para o futuro". Obrigado meu pai, obrigado Santos Futebol Clube!
* O Eldoradense