13 de abr. de 2022

Conto: "Velocidade mínima"

 

Praça de pedágio de Presidente Bernardes, onde tudo aconteceu...



   O causo de hoje vai fugir do universo Eldoradense e adentrar na rodovia Raposo Tavares. Aconteceu na época em que eu fazia faculdade em Presidente Prudente, e  fui testemunha auditiva do fato. Sim, alguém contou a história para outros quinze alguéns, que finalmente me contou. Se o último alguém não tivesse credibilidade junto a mim, eu não acreditaria, mas é tudo verdade. Se você estiver em pé, sente-se, pois a história é meio estapafúrdia e o texto é longo...

    Muitos ônibus levavam estudantes universitários para Presidente Prudente, e dentre eles, o da prefeitura municipal de uma cidade vizinha. O mesmo ônibus passava também em Presidente Venceslau, pois alguns dos estudantes desta pequena cidade faziam faculdade aqui. Aproveitando o itinerário, alguns venceslauenses iam até Presidente Prudente neste ônibus, dando uma pequena e simbólica contribuição monetária à prefeitura da pacata cidade.

      O problema é que o busão não era lá estas coisas: Quebrava um bocado, e a única coisa que salvava era o sistema de ventilação. Os inúmeros buracos do assoalho faziam soprar um ar refrescante, e por eles dava pra se ver as faixinhas amarelas do asfalto passando sob os pés. Fora isso, nada a reclamar!

      Eis que uma noite, assim que o ônibus entra na rodovia, no percurso de volta, a embreagem deu pau. O motorista alertou que conseguiria vir dirigindo só com a troca de marchas no tempo do motor, porém, na primeira parada, não dava pra retomar o percurso. o ônibus ficaria onde parar primeiro. O intuito, então, seria parar apenas em Presidente Venceslau. Dali, os venceslauenses iriam para a casa e os amigos da outra cidade esperariam socorro de amigos e familiares. Plano bem elaborado e aceito, não fosse um obstáculo: A praça de pedágio de Presidente Bernardes!

     Eis que a poucos quilômetros do pedágio, todo mundo ficou desanimado. Mas um dos alunos, um venceslauense, levantou-se e foi conversar algo com o motorista. Um plano audacioso estava em curso. Esse aluno tinha sangue guarani nas veias, filho de índio valente, e além disso, havia feito atletismo, velocista moldado pela genética e pelo treino. Convido ao leitor a fazer sonoplastia mental e íntima com a trilha de "Missão impossível"

    O ônibus reduziu a velocidade ao mínimo possível e abriu a porta, saltando dele, nosso velocista guarani. Ele então corre feito louco, e grita para a moça de uma das cabines do pedágio:

     Abre a cancela pro ônibus passar, ele não pode parar! Abre, abre!!!

     Pagou o pedágio, pegou quinze centavos de troco e o ônibus passou pela cancela. Poucos metros depois, alcançou o busão com a porta aberta e saltou para dentro do coletivo. Em Presidente Venceslau, foi cumprimentado pelos colegas como o heroi da noite, e o plano, com sua ousada contribuição, deu certo.

        Sei que é difícil acreditar na história, mas se quiser confirmar com alguém, vá ao Rei do Chopp e peça para o dono do estabelecimento, o Marcos, confirmar o que eu disse. Ao sabor de um bom chope, brinde a veracidade do causo. O Marcos poderá contar tudo: Tim tim por tim tim!


* O Eldoradense    

Um comentário:

  1. Anônimo16:04

    Tive algumas aventuras nesse ônibus de Marabá Paulista tbm...

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Comentário: "O tio França foi uma vítima"

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