22 de abr. de 2022

Comentário: Livro - "Os velhos marinheiros", de Jorge Amado




     Conclui a leitura de mais uma deliciosa obra daquele que considero o maior romancista brasileiro: o bom baiano Jorge Amado. "Os velhos marinheiros" está dividido em duas histórias distintas. "A morte de Quincas Berro d'água" e "A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso" são leituras engraçadas, divertidíssimas, singulares, como enfim, é o escritor baiano.

       Na primeira história, temos um protagonista boêmio que largou a vida pacata de bom esposo e funcionário público para mergulhar de vez na vida noturna de Salvador. Com uma vida tão intensa em meio à farra, bebedeira e mulheres, logicamente a visita da morte se fez breve. E nesse reencontro do defunto com a família moralista, pudica e autoritária, o defunto simplesmente zomba dos parentes em pleno funeral. Faz caretas, dá risadas sutis, e neste imbróglio, não se sabe exatamente se o mesmo está vivo ou se a parentalhada careta está tendo perturbações. O final é surpreendente, e ocorre após os amigos de boemia fazerem questão de marcar presença no velório. 


        Mas é para a segunda história do livro que estão guardadas as melhores páginas. Imaginem um comerciante boêmio cercado por amigos de títulos importantes tristonho por esta condição. E comovido pelo calundu do parceiro de noitada, um oficial da marinha simplesmente dá um jeito de "comprar" um título das forças armadas ao pobre diabo, que depois disso, torna-se um respeitado capitão aposentado, cheio de histórias pra contar sobre suas aventuras marítimas. Admirado pela vizinhança do bairro, o capitão Vasco Moscoso de Aragão só não contava com uma coisa: a morte de um comandante naval em plena viagem, e que, segundo as leis internas da marinha, exigem a convocação do capitão - ainda que aposentado-  mais próximo para comandar o resto da viagem. Observação: lembremos que o Capitão Vasco Moscoso tem seu título comprado, e que na prática, o mesmo sofre de enjoos ao menor balanço do navio no oceano...

     Não é preciso dizer que a situação inusitada rende outras engraçadas situações, uma série de improvisos e embaraços. E por mais que esta seja uma viagem um tanto quanto arriscada, aconselho que embarque no navio do comandante Vasco, pois vale a pena naufragar nesta deliciosa leitura...


* O Eldoradense


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