Às vezes é muito difícil interpretar as
manifestações subconscientes que acontecem durante o sono, seja através dos
sonhos ou pesadelos. Algumas coisas possuem nexo, e outras, são muito absurdas,
a ponto de causar risos na hora de lavar o rosto e escovar os dentes. Noite
dessas tive um destes pesadelos confusos, mirabolantes, inusitados.
Era um dia de semana normal,
e eu entro nas redes sociais e de cara, escrevo uma hashtag: #Bolsonaro tem
razão! Mito. Critico a Globolixo em uma postagem, digo que a mídia está
forjando dados da COVID em outro, e minimizo os danos ao meio ambiente numa
terceira. Coloco uma camiseta surrada da seleção brasileira e vou pra casa da
minha mãe almoçar.
Na mesa estão meu
padrasto, minha mãe e meu irmão. O cardápio era estranho: Uma porção de
coxinhas. Devoro-as com gosto, mas pergunto se não tem arroz. Minha mãe
justifica dizendo que o preço do arroz tá pela hora da morte, e eu argumento usando
um discurso que não é meu:
"Também, o STF e o PT
impossibilitaram os arrozeiros de plantar lá em Roraima para beneficiar aqueles
índios! É claro que o arroz ficou caro!
Silêncio na mesa. Pegando
mais uma coxinha, observo que só tem de frango. Pergunto por qual motivo não
tem coxinha de carne. Minha mãe disse que tá economizando com carne, que também
está cara. Eu digo que logo vai abaixar o preço, pois os pecuaristas agora vão
poder produzir em paz na Amazônia e no Pantanal.
O pessoal na mesa estranha. Acham que eu
estou com febre causada por COVID. Eu digo que não, que esse vírus é
politicagem, e que mesmo que ele me atinja, eu tenho histórico de atleta, por
pedalar vinte quilômetros por dia. Além disso, já havia conseguido uma receita
de Cloroquina e Ivermectina, por precaução.
Meu irmão vai mais além: Diz que eu estou possuído pelo espírito de um
Bolsonarista. Ele pega o celular e manda um whatsapp para o padre de Artur
Nogueira, aquele que chamou o presidente de bandido no meio da missa. O homem
de batina aparece em menos de cinco minutos, põe as duas mãos sobre minha
cabeça e começa a me exorcizar...
Volto a mim. Não entendo
nada o que está acontecendo, e pergunto aos demais o que se passou. Meu irmão
disse que eu havia incorporado um espírito de porco, ou melhor, espírito de
gado. Disse que eu havia me tornado por algumas horas, rábula do Bolsonaro.
Respondo: Rábula do Bozo? Teu rabo!
Ele olha para o padre
e agradece: Obrigado... Meu irmão voltou ao normal!
* O Eldoradense
Nenhum comentário:
Postar um comentário