"Seu Floriano e o pão crioulo" - Parte ll (Final)
Montamos na moto, meio cansados e com dúvidas se aquele pão sovado seria bem recebido pelo meu avô. Quando eu lhe expliquei que nenhum padeiro conhecia a iguaria, mas que tinha em mãos um pão sovado, ele disse, com um sorriso de satisfação:
"É esse mesmo, meu fio!"
Bateu um alívio, e em seguida, alguém lhe colocou num prato uma xícara de leite e algumas fatias do pão, que ele comeu com muito gosto. Mesmo feliz pela missão cumprida, pensei comigo:
"Caramba, se desde o começo o vô Floriano tivesse dito que o tal pão era o sovado, tinha poupado tempo e dor de cabeça"
Muito tempo depois - mais precisamente anteontem - relembrei a história, e como a curiosidade pulsa nos meus neurônios, resolvi fazer uma pesquisa sobre a existência ou não do tal "pão crioulo". Para a minha grata surpresa, a nomenclatura existe sim, e realmente, equivale ao pão sovado. Tornei a procurar sobre a origem do nome, se de repente, minha associação imaginária com a escravidão tivesse algum sentido. Não, ao que parece, não tem nada a ver. Foi apenas um pensamento intuitivo, que por uma coincidência, ajudou a saciar a fome do meu avô.
A origem deste pão varia de site para site. Alguns atribuem à nossa colonização portuguesa, enquanto outros dizem que ele originário da região da Provença, no sudoeste francês. E ontem, ao receber um áudio de uma tia, a mesma disse que o pão sovado antigamente era mesmo chamado de pão crioulo.
Portanto, o "seu Floriano", apesar da boa e velha mania de simplificar e trocar nomenclaturas, neste caso específico, estava com a razão. Esta foi uma lembrança macia, adocicada, suave. Como uma boa massa de pão crioulo...
* O Eldoradense
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