Em tempos em que defensores do meio ambiente, das comunidades indígenas e populações tradicionais estão sendo chamados de "esquerdopatas", a natureza e o meio ambiente dão o seu recado. O que aconteceu hoje em Brumadinho (MG) é só mais uma constatação de que subestimar a natureza em detrimento ao lucro pode ter consequências humanitárias, sociais e também econômicas. Desprestigiar órgãos como a FUNAI e o IBAMA e alegar que a fiscalização que os mesmos exercem é mera "indústria de multas" é negligenciar a necessidade do desenvolvimento sustentável, que gera renda, mas que também respeita populações tradicionais e meio ambiente.
Mas atualmente, tudo o que possa servir de "entrave" ao capitalismo selvagem parece ter o tal "viés ideológico", como se ecologistas, engenheiros e técnicos ambientais fossem um bando de desocupados recalcados que querem apenas espernear e boicotar investimentos. Gerar divisas é bom, mas com responsabilidades. O que a empresa Vale vem fazendo contra as populações adjacentes às suas barragens de rejeitos é uma atrocidade, algo abominável. E aí, seus executivos manifestam suas consternações, condolências, como se estes gestos frios e protocolares fossem trazer de volta as vidas destas pessoas.
O recado serve não só para mineradoras irresponsáveis, mas também para os que defendem a expansão desenfreada das fronteiras agrícolas, bem como todas as atividades econômicas descompromissadas com o uso racional dos recursos naturais. Os prejuízos causados por estas condutas são irreversíveis, e é bom repensar sobre elas. Se tais executivos não pensam nas vidas ceifadas e arruinadas por suas omissões, que pensem ao menos nas desvalorizações de suas empresas após as ocorrências de catástrofes desta magnitude...
* O Eldoradense
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