9 de out. de 2018

Quando a neutralidade não é sinal de covardia...

    As fichas do jogo da sucessão presidencial estão lançadas, ainda que o resultado final da contenda esteja praticamente certo: a vitória de Bolsonaro sobre Haddad. Muitos dos que escolheram um lado alegam que aqueles que optarem pela neutralidade à disputa sejam "omissos" ou "covardes". Ao contrário. Para desagradar ou se posicionar contra 75% de eleitores convictos, (muitos deles, fanáticos); é preciso personalidade e coragem. Pôncio Pilatos lavou suas mãos quando foi preciso escolher entre Jesus Cristo e Barrabás. Agiu equivocadamente. Mas se na época ele precisasse escolher entre Barrabás e Herodes, eu juro que lhe entregaria o sabonete e a toalha! 

      Vejam os dois casos que citarei abaixo:

    Momentos antes do jogo Atlético Paranaense x Vitória, o presidente do clube sulista ordenou que seus jogadores adentrassem no campo com uma camiseta amarela em apoio a Jair Bolsonaro. Pouco importava se dentre os jogadores havia alguém que pensasse diferente dele. Muito menos se dentre os torcedores do seu clube também existissem discordâncias políticas. Paulo André, zagueiro, não se intimidou: vestiu uma blusa do clube por cima da camiseta, demonstrando sua personalidade, coragem e contrariedade à coação e ao assédio moral:


   Correrá o risco de sofrer alguma retaliação pelo gesto. Mas e daí? Convicções não estão à venda... Parabéns, Paulo André!


     O outro caso envolve o atual governador de São Paulo, Márcio França. Seu partido, o PSB, apoiará o petista Fernando Haddad. Muitos dos seus eleitores em primeiro turno estão dizendo que se ele não apoiar Jair Bolsonaro, migrarão o voto em segundo turno para João Dória. Em meio às pressões de ambos os lados, França declarou corajosamente que não vai optar por nenhum dos lados. Corre o risco de sofrer retaliações do próprio partido, bem como perder as eleições por conta da "onda Bolsonaro". Mas e daí? Será que o resultado de um pleito eleitoral está acima das convicções e princípios de um indivíduo? Pela neutralidade explícita declarada inicialmente,  Márcio França tem o reforço do meu voto para o segundo turno das eleições no Estado de São Paulo. E ainda que venha apoiar posteriormente um ou outro, entendo que ele é o melhor candidato...


* O Eldoradense

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