A Polícia Militar paulista divulgou uma nota de repúdio à uma cena que retratava uma má abordagem policial, em que o profissional de segurança fazia um procedimento equivocado, truculento e racista. Compreendo em partes a indignação dos militares, mas tenho uma opinião que difere à nota de repúdio. Segue abaixo:
Tenho amigos da Polícia Militar, e trabalho também numa categoria profissional na área da segurança que em muitas vezes, é retratada de forma negativa em obras de ficção. Mas sinceramente, creio que esteja havendo uma supervalorização da cena. Explico: não vejo que isso venha induzir o telespectador a nada, apenas que a cena reflita um contexto pontual. Existem maus profissionais em todos os segmentos, e neste caso específico, foi feita uma crítica aos maus policiais, só isso. Os filmes “Tropa de Elite” 1 e 2, abordaram a temática da corrupção policial de forma mais enfática e abrangente, incluindo políticos e milícias na trama, e nem por isso, se fez tanta polêmica. Graciliano Ramos, em 1938, inseriu na obra literária “Vidas Secas” o “Soldado amarelo”, profissional corrupto e opressor, que perseguia o protagonista “Fabiano”, em plena ditadura Vargas. Normal, é ficção, e o leitor, espectador, supõe-se que tenha senso crítico e saiba separar o joio do trigo. O Estado Democrático de Direito garante a liberdade de criação/expressão, e desde que não exista calúnia ou difamação, cada um formula uma narrativa como bem entende, concorde ou discordem espectadores ou leitores. Se de repente a audiência de “Malhação” não estiver lá estas coisas, os autores da nota de repúdio acabaram de colocá-la em evidência…
* O Eldoradense
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