30 de nov. de 2020

Poesias do Eldoradense: "Maresia"

 


"Maresia"

 

Tocando a concha pálida,

Vejo ondas trêmulas,

Chegam de forma cálida;

Vibrantes feito flâmulas...

 

Sinto o aroma salino,

Misturado ao do pescado;

Teu som é como hino,

Um delicioso recado...

 

 Envolto, fico pasmo,

Ouvindo tua poesia...

Por isso, não és marasmo...

E sim, maresia!

 

* O Eldoradense

27 de nov. de 2020

"Adeus, padrinho"...

 



    Ontem foi mais um daqueles dias tristes. Perdi alguém pelo qual tenho gratidão desde os primeiros dias de vida: Assim que nasci, um casal foi até a nossa casa para buscar minha mãe e eu e oferecer-nos os cuidados necessários enquanto meu pai trabalhava. Essas pessoas eram o "Seu Pedro e Dona Alfredina". Ele, meu tio, irmão do meu pai, e ela, sua esposa e companheira de tantos anos. Não por acaso, e externando o agradecimento pelo gesto amoroso e voluntário, meus pais me ofereceram a este casal em batismo religioso. 

       Pois ontem, o meu padrinho se foi, depois de uma luta sofrida de dois anos contra as sequelas de um AVC, que o deixou acamado. Foi morar com Deus deixando muitas saudades a todos os familiares, dentre eles - e principalmente - esposa, filhos e netos. Quando recebi a notícia, o primeiro pensamento que me veio em mente foi o de conforto, pois aquela luta prolongada, obviamente, estava o fazendo sofrer. Mas depois, vem o tal "filme na cabeça", as lembranças boas que trazem saudades, e ao mesmo tempo, chateação por mais um lindo ciclo encerrado na vida terrena e iniciado no plano celestial.

      E nestas lembranças, é inevitável recordar do olhar distraído, sereno, do coração puro, bom, quase ingênuo. Fica difícil não dar um sorriso de canto de boca ao lembrar da voz grossa contando piadas singelas e repetitivas, que nos faziam rir mais pela simplicidade do que pela piada propriamente dita. Emotivo, das poucas vezes que o vi pegar no violão - que tocava muito bem, por sinal - também o presenciei chorar. Provavelmente nestas lágrimas estavam contidas a saudade da vida no sítio com os meus avós, e certamente, a perda do filho primogênito em um afogamento. Falava pouco no assunto, mas no olhar distraído e melancólico, havia esta mácula. Era nitidamente perceptível.

       Teve outras duas filhas de sangue e um caçula, de coração, ao qual tratou sem distinção alguma. Tanto é que só anos mais tarde que fui saber disso. Alma nobre, esposo dedicado que tratava a companheira com devoção, cavalheiro nato, numa reverência quase que servil, paparicando com muito amor a minha madrinha. Casamento de longos setenta anos, o tipo de união conjugal sólida e rara de se ver atualmente.  Da vida material, recordo muito pouco do armazém de secos e molhados que empreendeu na Avenida Tiradentes, mas lembro com muita admiração do Jeep que ele teve por alguns anos na garagem. Eu achava aquele carro o máximo!

           Está agora, com certeza no reino dos céus. Ficam registradas a gratidão, a admiração e a saudade. E para finalizar a homenagem, conto uma história descontraída, ocorrida em 2001, numa reunião em família no período de carnaval, em Rosana. 

              Juntamos nossa família e fomos passar alguns dias na casa de um primo, o Adálio, em Primavera. Quando foi à tarde, depois do almoço, resolvemos descer em caravana até Rosana e passar o dia na prainha às margens do Rio Paraná. O seu Pedro e a dona Alfredina foram no carro do genro e da filha, o Cido e a Idenilce. Chegando lá, todo mundo entrou na água, menos o meu padrinho, que estava trajando roupas sociais: sapato, calça e camisa. A esta altura do campeonato, ele já era um senhor de 71 anos, e talvez não se sentisse bem com trajes de banho.  Pois bem: Depois de algum tempo, meu padrinho não resistiu e entrou nas águas do Rio Paraná mesmo com aquela roupa formal.

            Foi quando um dos meus primos, o Armando, com um humor bastante aguçado e inteligente, gritou, dando uma gargalhada:

               "Ê, tio Pedro, agora sim! Só tá faltando o celular e o talão de cheques!"

                  E assim prosseguiu o padrinho, mergulhando o corpo no rio sem qualquer pudor ou constrangimento, retribuindo a piada do sobrinho com um sorriso puro e ingênuo, refletindo a personalidade da sua alma...


                             Luiz Fernando, 27/11/20 - em homenagem

         

25 de nov. de 2020

Comentário: "Duas perdas para os que gostam do futebol..."

      O mundo do futebol sofreu dois baques em dois dias consecutivos. Um deles na imprensa esportiva brasileira, e o outro, na história construída dentro dos gramados, acariciando a bola, construindo história. Primeiramente, falemos do ícone atrás das câmeras e microfones: Faleceu aos 69 anos, Fernando Vanucci, jornalista e apresentador esportivo que revolucionou a forma de se dirigir ao telespectador, usando trajes despojados, se comunicando de forma descontraída e criando bordões como "Alô você" e "Não teve lero lero, nem vem cá que eu também quero". Quem, na faixa dos 40 anos e que era aficionado por futebol não se lembra da voz e do jeito marcante do apresentador, durante as exibições dos "Gols do Fantástico?". Vanucci havia sofrido um infarto no ano passado, e tudo indica que seu óbito se deu a partir das consequências deste episódio. Uma pena, uma perda irreparável para a imprensa esportiva brasileira. 



   A outra perda, ocorrida agora há pouco, obviamente terá repercussão global, pois se trata de um dos maiores jogadores da história do futebol mundial: Faleceu o gênio indomável da bola, Diego Armando Maradona. O craque argentino morreu aos 60 anos, após a cirurgia de retirada de um hematoma no cérebro. Rivalidades e polêmicas na vida pessoal à parte, é inegável que Maradona foi um iluminado dentro dos gramados, um vitorioso, um predestinado. Imagino como será a comoção em seu país, pois, por lá, a idolatria em torno de sua figura extrapola rivalidades clubísticas, beirando os limites da religiosidade em torno de uma divindade humana de carne e osso. É algo intenso, marcante, apaixonante, como os ritmos dos tangos de Carlos Gardel.  Não tenho dúvidas que a repercussão do óbito poderá alcançar, na Argentina, as comoções em torno da morte de Perón, ex-presidente popular e populista daquele país. 

      Para quem teve o privilégio de ver Maradona jogar, fica a melancolia em relação ao ocorrido. O craque da nação hermana, foi ao meu ver, o autor do gol mais bonito das histórias das Copas do Mundo: O tento argentino assinalado contra a Inglaterra, no mundial do México, em 1986...


* O Eldoradense

24 de nov. de 2020

Livro: "O Xangô de Baker Street", de Jô Soares

 



        Fim do Brasil Império. Entre escravos, nobres e plebeus, a capital brasileira da época, o Rio de Janeiro, vive os mistérios do roubo de um violino que pertencia à baronesa de Avaré, bem como o assassinato brutal de algumas mulheres, que, curiosamente, tinham os fios de um violino emaranhados nos seus pelos pubianos, caracterizando um ritual sádico cometido por um psicopata.

       Eis então que, em meio à ineficiência da polícia local, D Pedro ll chama, para solucionar o caso, ninguém menos que Sherlock Holmes e seu assistente, o Dr. Watson. Esse é o enredo inicial do best seller "O Xangô de Baker Street", genialmente escrito pelo humorista e apresentador Jô Soares.

         Marcado pela pitoresca e desastrada personalidade do detetive inglês com sotaque português, a história traz situações inusitadas, diálogos pra lá de engraçados e uma trama que envolve o leitor da primeira até à última página. Como o Brasil não é um país para amadores, o infalível Sherlock Holmes passa maus bocados em sua investigação. Também são notáveis as descrições dos figurinos de época dos brasileiros, imitando os europeus e sofrendo por baixo dos panos por conta do calor tropical. A imundície de alguns pontos da cidade, a luxúria dos prostíbulos, a personalidade oportunista do brasileiro, a suntuosidade da nobreza e a pobreza dos plebeus e escravos, são elementos marcantes que fazem o leitor imaginar a cenografia da obra literária. Enfim, se eu já era fã do Jô Soares humorista e apresentador, passei também a ser admirador do Jô escritor. Genial! Não por acaso, já tenho guardados nas prateleiras outras duas obras suas: "As esganadas" e "O homem que matou Getúlio Vargas". Iniciarei as respectivas leituras em breve...


* O Eldoradense

23 de nov. de 2020

Comentário: "Vidas negras importam, sim, senhor!"

 



"Todos iguais, 
Todos iguais...
Mas uns mais iguais que os outros!"

Engenheiros do Hawaii

   

   Enquanto este assunto estiver à tona, ele será esmiuçado neste blog. Enquanto muita gente - mal intencionada, ou mal informada-  estiver engajada em deturpar qualquer mensagem antirracista, lutarei com as minhas armas para tentar ajudar, de alguma forma, a luta contra as barbáries sofridas pelos negros deste país. 

      Mais um absurdo ocorreu recentemente neste sentido. Acho que não preciso citar novamente a atrocidade ocorrida no Carrefour de Porto Alegre. E é lógico, que toda ação demanda uma reação. Se a mesma ocorre pacificamente, em forma de um protesto intitulado "Vidas negras importam", logo aparece a argumentação de que "todas as vidas importam". Sim, em um mundo ideal, todas as vidas importam... Só que o Brasil está longe de ser o país das maravilhas. Este é um dos países mais desiguais do mundo, e nesta realidade nua e crua, as vidas negras não estão importando, ou, se importam, é bem pouco. E é por esse motivo a reafirmação do slogan do protesto.

   Se os protestos ocorrem através das vias de fato, os manifestantes são chamados de vândalos.  Sim, esta é a via condenável de protesto, mas quando a primeira é calhordamente deturpada e questionada, é avançada mais uma casa no nível de indignação. Entenderam como é feito o "dois cantos" contrário às manifestações e que alicerçam o racismo estrutural no país?

       As brilhantes postagens reacionárias pregam que a luta antirracista se dá através da esquerda e da manipulação da mídia. Errado! Estes argumentos patifes, na verdade, fazem parte de um arcabouço de racismo estrutural que quer, despudoradamente, manter seus alicerces firmes neste país  racista, porém, miscigenado. 

           Portanto, mediante a tamanha desvalorização das vidas negras deste país, é necessário reafirmar, em alto em bom som, para evitar deturpações oportunistas: "VIDAS NEGRAS IMPORTAM, SIM, SENHOR!"


* O Eldoradense       

20 de nov. de 2020

Comentário: "A maior idade como critério de desempate eleitoral"

 



     Caraúbas (PB), Kaloré (PR) e Jardinópolis (SC) têm uma coisa em comum: As três cidades mencionadas acima tiveram resultados de empates nas eleições municipais de 2020. Segundo as leis da Justiça eleitoral, quando isso ocorre, é declarado vencedor o candidato mais velho, de maior idade, mais experiente. Isso é curioso, e sinceramente, não sei por qual motivo é este o critério. Há quem defenda novas eleições, mas aí também acho exagero: Primeiro porque teoricamente dificilmente alguém mudaria as intenções de voto em curto prazo, e segundo, porque isso encareceria o processo eleitoral. Há também a possibilidade nada remota de uma verdadeira caça remunerada aos votos após a declaração de empate, pois seria necessário um certo poder extra de "per$ua$ão", se é que me entendem. 

     Como eleitor, defendo um novo critério de desempate: O político cujo partido fez o maior número de vereadores, leva a peleja. A persistir o empate - o que, convenhamos, seria bem inusitado - liquida a fatura aquele que possuir maior nível de escolaridade. Seria uma forma de continuar a prestigiar a representatividade em primeiro momento, e em seguida, o preparo intelectual. As duas formas envolvem a meritocracia, e não uma simples questão etária. E vocês, concordam com o atual critério de desempate, ou teriam outras sugestões?


* O Eldoradense

16 de nov. de 2020

Comentário: "Sobre a vitória de Bárbara em Venceslau"

 



     Fim de papo, c'est fini, game over. Acabaram as eleições municipais mais atípicas dos últimos tempos, marcadas pelas restrições em campanha motivadas pela pandemia do novo coronavírus. Em Presidente Venceslau, uma pleito histórico, por dois principais motivos: O recorde no número de candidatos a prefeito - oito no total - bem como pelo resultado que coroou uma jovem de trinta e três anos que nunca sequer havia se candidatado ao legislativo. Uma grata surpresa, e isso é inegável.

     Sinto-me bem à vontade para expor meus pensamentos quanto ao resultado, principalmente porque se Bárbara Vilches não foi minha candidata, sinceramente, não alimento qualquer rejeição ao seu triunfo. É como se a Portuguesa de Desportos ganhasse um Campeonato Paulista contra qualquer rival mais tradicional, entendem?

     Primeiro, elucido os pontos que considero positivos em relação ao resultado: Ela é uma mulher, é jovem e é do Partido Verde. Considerando o perfil conservador e tradicionalista do eleitorado venceslauense, Bárbara não transpôs barreiras: Ela escalou de rapel as barragens da hidrelétrica de Itaipu! É um feito que a prefeita eleita vai poder contar com muito orgulho aos seus netos - se é que vai tê-los - quando estiver em idade mais avançada. Ela tem brilho nos olhos e empolgação na fala, o que explicita motivação. Isso é muito importante. A sua vitrine ou trampolim para a inserção no mundo político foi alavancada por um excelente trabalho à frente de uma entidade social: O Lar Aconchego, voltado para crianças carentes. Isso é enorme relevância do ponto de vista dos desafios a serem enfrentados e das responsabilidades para com os menos favorecidos. 

      Agora, os pontos que sinceramente, causam-me dúvidas. O primeiro é a ausência explícita de um plano de governo. Apesar de ela dizer que existe um plano de ações e que seu objetivo é encarnar a "nova política", eu sempre gostei de ler materiais prévios e claros de compromissos de campanha. Tudo o que vi me pareceu vago, inconsistente, enigmático. O outro ponto crucial e que lhe foge à sua competência foi a composição da futura Câmara Municipal, que teoricamente, terá maioria absoluta oposicionista. Tomara que sua capacidade de articulação seja boa o bastante para que ela venha a costurar uma base governista. Caso contrário, isso significa grandes dificuldades. 

      Os outros objetos de análise dizem respeito às origens de sua candidatura: Tenho a sensação de que as mesmas não foram embrionárias das camadas mais populares, apesar de que sua votação atingiu, com êxito, as urnas da periferia. Bárbara passa a ter agora uma dívida de gratidão com os menos favorecidos. E o Partido Verde? Será mesmo que a simbiose candidata/partido deu-se através de identificação ideológica ou foi mais um destes casamentos por conveniência, tipo "o que tinha para hoje?". 

     Elucido que o Partido Verde é uma agremiação política global, defensor ferrenho da sustentabilidade e das causas sociais. Em suma, é uma agremiação vanguardista de esquerda, que, sinceramente, não sei se é a identificação ideológica da prefeita eleita. Aliás, para ser bem franco, o que eu vi de candidatos a vereador pelo Partido Verde defensores do bolsonarismo nas redes sociais foi algo bastante surreal. Convenhamos: É incoerente, já que o nosso presidente não é nenhum Capitão Planeta amante do meio ambiente e apegado à sustentabilidade. 

      Em suma, esta foi uma análise bem íntima sobre o resultado das urnas venceslauenses ao cargo majoritário. Apesar das ressalvas, torço para que a prefeita eleita atinja seus objetivos, faça um mandato satisfatório e que promova um choque de gestão na administração municipal. Que Deus lhe ilumine!


* O Eldoradense

      

15 de nov. de 2020

Duas resenhas: "Put some farofa" e "Por que fazemos o que fazemos?"

   Encerrei recentemente duas leituras. A primeira é "Put some farofa", do humorista Gregório Duvivier, e a segunda é "Por que fazemos o que fazemos", do filósofo Mário Sérgio Cortella.



   O primeiro livro é uma antologia dos trabalhos escritos de Gregório Duvivier: Esquetes humorísticas, crônicas, poemas. E é exatamente por possuir vários trabalhos em um só que o livro é de fácil leitura e muito gostoso de se ler. Isso justifica o nome da capa, como se a obra literária juntasse vários ingredientes que resultassem numa deliciosa farofa. Engraçado, sarcástico, irônico e genial, o prefácio elogioso à obra foi escrito por ninguém mais que Luis Fernando Veríssimo. Acho que isso, por si só, já basta para exemplificar o quanto o livro é bom, né?



    A segunda leitura é bem mais séria, porém, não menos motivante e interessante. "Por que fazemos o que fazemos?" enaltece as formas com as quais muitos de nós deveríamos gerir nossas vidas, traçando um paralelo às gestões empresariais, expondo principalmente conceitos como ética, equilíbrio e motivação. Uma explanação muito bem elaborada sobre estilos de vida tóxicos, onde muitos de nós focamos nossas objetivos no materialismo, concentrando todas as nossas energias na busca incessante pelo acúmulo, usufruindo muito pouco de pequenos prazeres que se levam da nossa passagem na terra: o convívio com as pessoas que gostamos, os lugares a serem conhecidos, as boas comidas. Mário Cortella explica, em suma, que devemos sempre buscar o equilíbrio, principalmente ante à ambição desmedida. A dica serve para pessoas e empresas que talvez tenham como prioridade a ganância, o acúmulo material e o lucro a qualquer custo. A grande pergunta é: Será que estamos gerenciando de forma adequada as nossas vidas?

* O Eldoradense

13 de nov. de 2020

Fotografia e vídeo: "Jiboia"

     Estas imagens fotográficas e vídeo foram enviados pelo amigo Ângelo Okado, em uma propriedade rural de Presidente Venceslau. Uma jiboia resolveu frequentar o local, ameaçando dar botes certeiros nas maritacas que saboreavam pitangas e mamões.... 





* O Eldoradense

11 de nov. de 2020

Comentário: "Sobre a derrota de Trump"

 


   

       Trump perdeu, como deveria de ser. Não tinha como um presidente tosco, negacionista, arrogante e narcisista continuar a comandar a maior potência mundial agindo daquela maneira. Seria uma afronta à democracia, ao bom senso, à diplomacia, à moral e à ética. Depois de surfar nas ondas prósperas e robustas herdadas por Barack Obama e impulsioná-las ainda mais com políticas de redução de impostos, a economia norte-americana chegou ao nível de pleno emprego. Um cenário bastante promissor a caminho da reeleição, que inclusive dava a Donald Trump o direito de se dar ao luxo de continuar com suas bravatas, empáfia e soberba. Sim, ele parecia que tinha gordura pra queimar. 

       Em um cenário de tranquilidade, parecia que bastava o país ser governado no piloto automático e o seu mandato se estenderia até 2024. Mas aí veio a pandemia e todos os empregos gerados até então evaporaram feito éter. A insatisfação da população começou a incomodar, e como desgraça pouca é bobagem, os assassinatos de pessoas negras pela polícia racista ocasionaram o movimento "Vidas negras importam", levando o Tio Sam à beira de um colapso social.

     As pesquisas indicavam a vitória de Joe Biden, mas elas poderiam estar erradas, como há quatro anos. Erraram, pois Trump pareceu ter mais votos que o esperado, inclusive nos nichos eleitorais que teoricamente seriam avessos a ele: negros e latinos. Mas, ao fim das contas, deu Biden, tanto no voto direto quanto nos colégios eleitorais. É bom ressaltar que Trump nunca teve a maioria dos norte-americanos, haja vista que em 2016 ele ganhou as eleições com três milhões de votos a menos que Hillary Clinton, mas no complexo sistema eleitoral ianque, o republicano assumiu a Casa Branca. 

     E as consequências para o Brasil? Sob o ponto de vista econômico, é bom o governo brasileiro se ajustar: os democratas são mais protecionistas que os republicanos, e, além disso, haverá pressão de Biden para que seja revista nossa política ambiental, sob risco de penalizações e sanções econômicas. Do ponto de vista político, há quem diga que o resultado americano possa interferir na reeleição de Jair Bolsonaro, em 2022. Discordo. São contextos diferentes. Pode até acontecer, mas acho difícil. Os Estados Unidos são primeiro mundo, possuem nível educacional melhor, portanto, seus eleitores possuem senso crítico mais apurado, mais aguçado. Por lá, a ignorância e o negacionismo não mereceram segunda chance. Já aqui...


* O Eldoradense

       

5 de nov. de 2020

Rodrigo Constantino: "O defensor da família que não defenderia a própria filha em caso de estupro..."

    Senhoras e senhores, este é Rodrigo Constantino...


     


    Jornalista, blogueiro, "herdeiro intelectual" do filósofo sem diploma Olavo de Carvalho. Diz ser um defensor ferrenho dos valores cristãos, da família e dos bons costumes. Dentre suas bandeiras constam o ultraliberalismo econômico, a pouca participação do Estado na economia e políticas sociais, enfim, aquela balela que está atualmente na modinha. Tem, dentre os seus mártires, Donald Trump e Jair Bolsonaro. Mas como todo peixe afoito morre pela boca, eis que Rodrigo Constantino emitiu o seguinte comentário sobre o estupro sofrido por Mariana Ferrer...


  Quanto brilhantismo, não? Depois deste comentário ridículo, o ultraconservador defensor da família e dos valores cristãos, logicamente foi demitido da Jovem Pan, e um dia depois, da Record. E depois da repercussão, sabem o que ele fez? O que estes malucos sempre fazem: alegou que o que disse não era bem assim, que foi retirado de contexto, coisa e tal. O problema é que contra vídeos, não há argumentos. Que sirva como lição, se é que um dia ele vai aprender...

O Eldoradense



Comentário: "O tio França foi uma vítima"

    Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, ...