Não sou do tipo que acha que ser politicamente correto é uma qualidade, pois a postura deveria ser uma obrigação. Ainda mais em um país onde o "tirar vantagem" parece ser a regra, sendo que quem assim não procede, muitas vezes é rotulado como bobo. Sim, eu não me envergonho de dizer que procuro a lixeira mais próxima para jogar o copo descartável - ainda que as lixeiras sejam escassas - que separo o material reciclável - ainda que a coleta reciclável aconteça de forma irregular - e que fico indignado quando um jovem saudável estaciona na vaga de deficientes ou de idosos sem estar ao menos acompanhando uma pessoa dos dois grupos citados. Sem falsa modéstia, eu me adaptaria facilmente ao convívio com dinamarqueses, suecos ou finlandeses.
Mas hoje, eu confesso: transgredi, violei, fui politicamente incorreto! Não que exista justificativa para tal conduta, mas creio que os argumentos são compreensíveis. Explico:
Fiz minha pedalada matinal pela malha urbana na cidade, sendo que tenho como meta regular alcançar, no mínimo, vinte quilômetros. Para isso, geralmente saio Jardim Eldorado, passo pelo centro da cidade, vou até o trevo da Rodovia Integração, retorno novamente pelo centro, vou até o Campo de Aviação e regresso à minha humilde residência. E é no trecho da Carlos Platzeck em que fui "transgressor". Quando percebi que veículos apressados tiravam verdadeiras "finas" da minha bike, fazendo com que meus poucos cabelos se arrepiassem, vi que o percurso, pelo menos hoje, estava arriscado. Ao me aproximar da curva da entrada da Fazenda Santa Sofia, onde existe uma placa escrito "Proibido cortar bambu", recorri à violação: Calma! Eu não cortei bambu!
A minha violação refere-se à outra placa, e tem natureza viária, não ambiental. Do meu lado esquerdo, vi caminhões e carros apressados passando por mim. Já do lado direito, uma pista de caminhadas novinha em folha, em que também existe uma placa, (não proibindo cortar bambus, mas transitar de bicicleta). Desculpem-me, mas não pensei duas vezes: coloquei a bike na pista de caminhadas e fui pedalando, até o final da mesma. Era o "politicamente correto" conflitando com a minha integridade física, e sinceramente, não me fiz de rogado: optei pela minha pele, pois obsessão pela correção tem limites! Saliento que durante o trajeto não encontrei nenhum pedestre, e se tivesse encontrado, agiria com prudência, em nome do mútuo respeito.
Presidente Venceslau tem um número expressivo de ciclistas e não possui um palmo sequer de ciclovia. Espera-se que isso seja resolvido em um futuro próximo, para o bem do esporte e dos seus praticantes. E perdoem-me pela conduta citada acima, mas eu não vou ficar me arriscando entre caminhões e carros apressados passando por mim: Preciso lembrar, que eu existo, que eu existo, que eu existo!
* O Eldoradense
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