Li a reportagem na íntegra no site da Folha, e é preciso salientar que a manchete dá a entender uma coisa, e o teor dela, outra. A princípio, o leitor subentende que a candidata Marina Silva recebeu também propina da Odebrecht proveniente de “Caixa 2”, o que segundo a própria delação, não ocorreu. Transcrevo abaixo o trecho da própria reportagem que diz isso:
“Alencar contou que, após as conversas, a empreiteira acertou doação de R$ 1,25 milhão à campanha, EM RECURSOS DECLARADOS À JUSTIÇA”
Em outro trecho da reportagem, o delator deixa claro que houve uma conversa sobre “VALORES CULTURAIS, NÃO FINANCEIROS”, e que não houve anúncio de contrapartida para a doação, caso a então candidata Marina Silva ganhasse as eleições presidenciais. Subentende-se que os tais “valores culturais” sejam os princípios de ética, moralidade ou conceitos similares. Transcrevo um outro trecho da reportagem ou da delação que deixa isso claro:
“A partir daí, houve uma conversa de Marcelo com ela, onde foram colocados posicionamentos e valores, – VALORES CULTURAIS, NÃO MONETÁRIOS – e estratégias ”
Em um terceiro trecho, a reportagem deixa claro as diferenças entre os tipos e as cifras das doações da Odebrecht para as campanhas de Dilma e Marina, respectivamente, explicando que MARINA NÃO É INVESTIGADA NA LAVA JATO. Transcrevo este terceiro trecho:
Em 2014, o executivo teve “atuação bem específica nas doações para as candidaturas da Presidência da República para as duas candidatas”, Marina Silva e Dilma Roussef (PT). MARINA NÃO É INVESTIGADA NA LAVA JATO. DILMA É ALVO DE INQUÉRITO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA.
Portanto, a manchete da FOLHA – veículo de informação do qual também sou leitor assíduo devido à sua credibilidade – ; traz uma manchete real, pois Marina, de fato, recebeu R$ 1,25 mi da Odebrecht. O problema é que imediatamente após tantas manchetes de doações através de “Caixa 2”, o leitor é induzido automaticamente a achar que esta doação também foi feita de forma ilícita, o que segundo os teores da reportagem e da delação, não ocorreu.
É preciso deixar claro que na atual conjuntura, não dá para o leitor/eleitor “colocar as mãos no fogo” por político algum, mas que até agora, a ex-candidata Marina Silva não foi delatada nem denunciada por envolvimento em transições ilegais, (tanto é que ela não é investigada na LAVA JATO, nem seu nome consta na LISTA DE FACHIN). Pode até ser que em futuras delações de outras empreiteiras, seu nome seja maculado, mas é fato que até agora, isso não ocorreu. Caso ocorra, logicamente a ex-candidata perderia minha admiração, e por consequência, meu voto. Aguardemos com atenção os desdobramentos das futuras investigações.
Ass: O Eldoradense
Se for fazer mesmo uma limpeza pelo congresso, duvido que alguem sairia imune de alguma culpa politica...
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