Um comercial atual, antenado a um público cada vez mais crescente, ao som de uma música de Lulu Santos, e lá veio a polêmica: O "genial" Silas Malafaia convocou os seus seguidores a não comprar os produtos da marca "O Boticário". Segundo ele, a campanha publicitária afronta os princípios morais da família, enfim, aquele blá blá blá homofóbico que permeia suas palavras. Malafaia tem o direito de expor os seus pensamentos, por mais retrógrados que sejam, assim como "O Boticário" tem o direito de fazer a campanha publicitária que bem entender, almejando atingir diferentes públicos-alvo.
A verdade é que quando uma marca inova em suas campanhas, a mesma faz um grande estudo prévio, analisando prós e contras, sendo que o tal "risco" não é tão arriscado assim. A sociedade mudou, e quer queiram quer não, as campanhas publicitárias precisam estar atentas às tais transformações, por mais polêmicas que elas sejam. Enfim, "O Boticário" deve ter feito uma grande pesquisa de mercado, e mesmo sabendo das possíveis retaliações, resolveu optar por uma propaganda de Dia dos Namorados enaltecendo "Toda forma de amor". Acredito que a marca acertou, independente dos evangélicos comprarem ou não seus produtos posteriormente, pois com certeza, outros comprarão. Ou seja: o dinheiro pago pelo produto é o mesmo dinheiro gasto pelo gay, pelo espírita, pelo negro e pelo deficiente.
Sinceramente, acho este discurso homofóbico de uma crueldade e de um falso moralismo terríveis. Chega ser similar às manifestações racistas, na minha opinião. Cada pessoa tem o direito de manter o tipo de relação que achar conveniente a si própria, dentro dos limites de sua privacidade. E eu falo isso na condição de homem heterossexual e casado, pois não é preciso ser gay para pensar desta forma. Ou será que todo abolicionista teria necessariamente que ser negro para defender o fim da escravidão?
Vejam o exemplo da novela "Babilônia", em que duas atrizes renomadas fazem o papel de um casal lésbicas: outra polêmica! Enfim, a novela tem no seu roteiro um político evangélico corrupto, uma mulher assassina, e o que vem "ofender" o público? O casal de lésbicas. O sujeito acha que a novela pode tornar a filha lésbica, mas não se preocupa se ela pode se tornar corrupta ou assassina. Isso sem dizer que as novelas não ditam comportamentos sociais, mas sim, reproduzem-nos!
Os pensamentos são livres, ainda que alguns optem pelos medievais, aprisionados aos grilhões do preconceito. Mas todo ser humano é filho de Deus, independente de credo, raça ou opção sexual. É assim que eu penso. Quanto à possibilidade de comprar ou não os produtos do Boticário, isso também vai de cada um, levando-se em consideração a qualidade do produto e as próprias condições financeiras. Mas é melhor do que comprar um perfume falso. Porque de falso, já chega o falso-moralismo! * Para visualizar a charge em tamanho original, clique sobre a mesma.
* O Eldoradense
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