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Geraldo Alckmin, governador de SP pelo PSDB |
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Aécio Neves, senador do PSDB por MG
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Em qualquer jogo de tabuleiros, (como no xadrez ou nas damas), o movimento da primeira peça já é premeditado, pensando em outros movimentos posteriores, mais ambiciosos. Na política não é diferente: qualquer engajamento por uma causa, uma bandeira, ou mesmo pela elaboração de uma lei, tem objetivos maiores implícitos.
Ontem, dois ícones políticos tucanos se reuniram para selar um acordo para a elaboração da lei que estabelece a Redução da Maioridade Penal. Aécio quer a lei original, enquanto Alckmin havia sinalizado uma mudança, onde os menores infratores teriam suas penas aumentadas, mas na Fundação Casa, e não no Sistema Penitenciário. Seria como uma espécie de atualização do ECA, (Estatuto das Crianças e Adolescentes). A título de informação, o projeto original da redução da maioridade penal estabelece que menores de dezoito anos que venham cometer crimes hediondos cumpram pena no Sistema Prisional, juntamente com os adultos. A divergência de opiniões trouxe à tona um outro assunto: "Qual deles será o candidato à presidência pelo PSDB, em 2018, Aécio, ou Alckmin?"
Há quem diga que Aécio é o candidato natural, já que ele teve um bom resultado nas urnas em 2014, perdendo por pouca diferença para a petista Dilma Roussef. Porém, pelas manifestações de alguns caciques tucanos, como FHC e José Serra, parece que Alckmin é o preferido.
Pesam contra Alckmin algum desgaste durante a crise hídrica, com a greve dos professores e o esquema de corrupção no metrô de São Paulo. Há também os que dizem que o governador paulista não alcançou projeção nacional. Ao seu favor, contam a alta popularidade em meio à população de São Paulo, além do engajamento na campanha presidencial em 2014, tendo êxito ao angariar votos para Aécio. Alckmin foi eleito por voto direto ao governo paulista em 2002, 2010 e 2014; (não é pouca coisa).
Contra Aécio pesam a denúncia da construção de uma pista de aviação com dinheiro público em terras de sua família, a fama de playboy e uma suposta dependência química no passado. Além disso, o fato dele não ter vencido as eleições presidenciais em seu Estado, (MG), bem como não ter conseguido eleger o governador mineiro do seu partido são pontos negativos. Ter obtido quase 50% dos votos válidos nas eleições presidenciais pode favorável. Porém, há de se lembrar que a derrota ocorreu diante de uma candidata desgastada há mais de um ano por protestos populares, tendo inclusive sido vaiada na abertura da Copa do Mundo. Enfim, Aécio perdeu por pouco, e isso pode ter sido honroso. Mas perdeu para uma candidata desgastadíssima, que agonizava para ser reeleita, e sob este prisma, isto é péssimo. O mineiro perdeu por pouco em uma eleição que não poderia ter perdido de forma alguma!
A favor de Aécio contam a grande projeção nacional adquirida durante a última campanha presidencial, bem como a presidência atual do PSDB. A exposição de sua imagem constante enquanto líder oposicionista lhe é favorável. Enquanto Aécio encontra-se à mostra na vitrine nacional, Alckmin está em evidência apenas na prateleira bandeirante. Mas a verdade é que as disputas internas já ocorrem no PSDB, ainda que tímidas. E ambos sabem que em 2018, as chances de vitória tucanas são grandiosas, pois o governo do PT está mergulhado em uma crise moral e econômica.
Os movimentos de ambos no tabuleiro político acontecerão ao longo destes próximos três anos, e serão cruciais para a escolha do candidato tucano à presidência. Não sou simpatizante de nenhum dos dois nomes, mas sinceramente, acho que Alckmin vencerá esta peleja interna no final.
* O Eldoradense