Aranha, goleiro do Santos, foi vítima de manifestações de racismo
"Mais racismo no futebol"
Ontem, na Arena Grêmio, o Santos bateu o tricolor gaúcho pela Copa do Brasil, e agora, tem grandes chances de avançar no torneio, pois poderá até perder por um a zero para os gremistas na Vila Belmiro que ainda se classificará. Seria mais uma vitória na repleta saga de triunfos santistas, porém, novamente e infelizmente, um episódio de racismo maculou a história do jogo e roubou a cena. O bom goleiro Aranha, teve que aturar gritos ofensivos como "macaco" e "preto fedido", vindos de parte da torcida do Grêmio.
Visivelmente revoltado, Aranha procurou o juiz, que pasmem, não havia relatado o episódio na súmula do jogo. As manifestações de apoio ao goleiro vieram de várias partes: desde o filho de Aranha, até dos dirigentes de clubes adversários e rivais, como o próprio Grêmio e Corinthians.
A torcedora gremista Patrícia Moreira foi flagrada pelas lentes cinematográficas entoando o coro de "macaco" contra Aranha, e já está pagando pela sua imbecilidade: foi afastada do trabalho, onde prestava serviços no Centro Odontológico na Brigada Militar. Além disso, está sofrendo hostilidades nas redes sociais; (talvez assim, ela sinta na pele como é ser hostilizada de forma ríspida).
Deixo claro aqui que tenho certeza que esta não é uma conduta que deva ser generalizada aos torcedores gremistas: esta idiotice foi praticada por parte de sua torcida, que deverá ser punida mediante imagens e outras provas, que certamente aparecerão.
O torcedor santista orgulha-se da metade negra do seu coração, e mais do que isso, orgulha-se do histórico de miscigenação racial na formação dos times do Santos ao longo dos seus mais de cem anos de fundação. Pelo Santos já brilharam jogadores brancos, negros e até orientais, como Kaneco, Kazu e Paulinho Kobayashi. Além disso, o maior jogador de futebol de todos os tempos, é do Santos e também negro:"um tal de Pelé". E agora, orgulha-se ainda mais de ter na história do seu clube, o goleiro Aranha, que externou toda sua indignação ao episódio, e gritou aos racistas, batendo no próprio braço: " Sou preto sim! Sou negão sim!".
Portanto, finalizo o texto de manifestação de apoio ao Aranha com o trecho de uma música contra o racismo, do também santista Zeca Baleiro, intitulada "Alma não tem cor", em que a mesma cita dois grandes jogadores da história do peixe, sendo um negro, outro branco:
"Branquinho, neguinho,
branco, negão,
Oscar e Otelo,
Diego e Robinho..."
A prática de racismo é ainda mais revoltante em um país como o Brasil, marcado pela miscigenação. Creio que não devemos nos omitir diante de tais episódios, principalmente porque em cada em cada um e nós, corre sangue negro, branco e indígena nas veias.
* O Eldoradense