Há alguns dias, o Santos vinha anunciando a repatriação do ídolo Robinho, atacante que fez história no clube e que ajudou a agremiação a acabar com um jejum de títulos que durou dezoito anos, em 2002. Teria tudo para ser mais um retorno digno de recepção da torcida, festejos e confetes, não fosse por um motivo: Robinho é condenado em primeira instância na Itália por estupro coletivo, sendo que a decisão está passível de recurso, enquanto ele aguarda em liberdade.
A notícia teve má repercussão e não poderia ser diferente. Ela afronta todos os valores éticos e morais de uma sociedade que clama por igualdade entre os gêneros, além da luta contra a violência à mulher. Ainda que a condenação em última instância não tenha ocorrido, a possibilidade de Robinho ser culpado mancha a contratação e a imagem do clube.
Diga-se de passagem o Santos F. C. possui um histórico de causas humanitárias, que vão desde a interrupção temporária de uma guerra na África na era Pelé, a luta contra o racismo e a recente campanha de alerta ao tema da violência contra as mulheres. Mantém um time feminino que é o atual segundo colocado na temporada 2020 do Campeonato Brasileiro. As chamadas "Sereias da vila" são orgulho para os torcedores santistas. Seria uma incoerência mediante todo este contexto o clube repatriar um jogador - ainda que ídolo - acusado por ter cometido um crime tão grave.
Para piorar a situação, vazou conversa em áudio com amigos de que Robinho alega ser vítima da TV Globo, tal qual o presidente Bolsonaro, e se fizesse um gol, o dedicaria ao presidente da República. A emissora "demoníaca" - segundo palavras do próprio atacante - estaria o perseguindo. Enfim, parece estar na moda transferir culpas à imprensa.
Mas, justiça seja feita, o Santos voltou atrás da decisão equivocada. Mediante ameaças de rompimento de patrocinadores, o clube percebeu que o erro pesaria no bolso e nos cofres: suspendeu temporariamente a contratação, mesmo que por motivação predominantemente financeira. Santista que sou, prefiro assim, pois o clube tem responsabilidades que vão além das quatro linhas do gramado: Fábrica de craques em suas categorias de base, o Santos precisa ser, além de tudo, exemplo aos seus jovens jogadores.
A contratação de Robinho não soaria muito diferente da uma possível volta ex-goleiro do Flamengo, Bruno, ao futebol. Seria um gol contra do Santos, que felizmente, foi anulado após revisão de condutas. Foi como uma espécie de gol contra invalidado após consulta ao VAR...
* O Eldoradense
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