O tema é polêmico e tem causado burburinho em todas as mídias: a obrigatoriedade ou não da vacinação contra a COVID-19. E o que mais surpreende é que a polêmica parece ocorrer mais em torno das divergências políticas do que científicas, o que é inadmissível. De um lado, o governador de São Paulo, João Dória, e de outro, o presidente Jair Bolsonaro. O primeiro defende a compulsoriedade da vacinação, e o segundo, não.
A opinião que emitirei abaixo é fruto de leitura sobre o assunto, e advirto que não tem cunho político, pois sinceramente, não tenho afinidades ideológicas com nenhum dos protagonistas da chamada "Guerra da Vacina". Deixo claro também que o comentário é baseado em uma condição preliminar: a eficácia comprovada da vacina através de testes, seja lá qual for sua origem pátria.
Dito isso, e de bate pronto, afirmo: É necessário sim, a compulsoriedade da vacinação. Inclusive, há dispositivos legais para a implementação da mesma na Constituição Federal.
Os defensores da vacinação facultativa argumentam os direitos de liberdades individuais. Porém, é fato que as liberdades individuais não podem suplantar o interesse público ou coletivo, que no caso, seria aproximar a patologia infecciosa ao máximo da erradicação. Algo parecido com a vacinação da poliomelite, por exemplo.
Imaginem um cenário hipotético onde metade da população opte pela vacinação, e a outra, não. Teríamos uma epidemia considerável, que continuaria causando sofrimento à população, sobrecarregando o Sistema de Saúde e prejudicando até mesmo os imunizados, pois estes poderiam sofrer com a falta de leitos e vagas para atendimentos por outras patologias. Entendem a dinâmica da coisa?
Cada indivíduo é parte de um sistema e o sistema prevalece sobre ele. Não é porque eu assumo os riscos de andar sozinho de moto sem capacete que eu tenho o direito de fazê-lo. Há uma lei que me obriga a me proteger!
Por fim, quando o presidente Jair Bolsonaro prega a facultatividade da vacinação, ele não o faz apenas por suas convicções tolas: é algo estratégico. Pensem comigo: Implementa-se a vacinação obrigatória, mas elas não existem em número suficiente para atender a demanda. Obviamente, isso causaria um caos e desmoralizaria o Governo Federal. Portanto, é mais conveniente optar pela facultatividade da vacinação, ludibriar a população e fazer com que ela corra riscos desnecessários através de argumentos carregados de "boas intenções".
A outra ideia equivocada é a de que autoridades policiais e sanitárias fiscalizarão a população, que teoricamente sofreria punições severas e imediatas diante da omissão. Não. A obrigatoriedade se dá de forma sutil, através da inclusão ou não em programas sociais, viagens interestaduais e ou internacionais, ou até mesmo em posse de cargo público mediante a apresentação da carteira de vacinação em dia. Simples assim.
A discussão lembra, em muito, o perrengue que o maior sanitarista deste país - Oswaldo Cruz - sofreu ao querer implementar a vacinação obrigatória contra a varíola, em 1904. A diferença é que, 116 anos depois, deveríamos estar mais conscientes e informados. Deveríamos...
* O Eldoradense
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