22 de out. de 2020

Comentário: "A importância do programa ESF e dos seus trabalhadores"

 


  

   Há algum tempo venho  utilizando os serviços públicos municipais de saúde, em especial os serviços prestados pelo Programa ESF - Estratégia Saúde da Família - cuja importância no atendimento ambulatorial é de suma relevância para a comunidade. O programa caracteriza-se pelos "postinhos" distribuídos geograficamente e estrategicamente pelos bairros das cidades, e os seus profissionais, via de regra, habitam nestes respectivos bairros e adjacências. Isso permite um atendimento de maior proximidade aos pacientes, tornando-o mais singular e humanizado. Há de se considerar também a importância destes atendimentos ambulatoriais em caráter preventivo, evitando a sobrecarga desnecessária em hospitais que tem por característica o atendimento emergencial - pronto-socorros.

      Sobre o atendimento que tenho recebido, só tenho a agradecer pela presteza, educação e atenção dispensados pelos profissionais que integram o programa. Os serviços não dispõem de luxo e conforto, mas são funcionais, dignos e eficazes. Talvez esbarrem na demora para a execução dos encaminhamentos para exames e médicos de especialidades, mais isso já foge da alçada destes profissionais, e esbarram nas limitações impostas pelo SUS.

      Mas também existem outras limitações das quais estes profissionais estão sujeitos, limitações estas que poderiam nortear as campanhas eletivas, se os candidatos ao executivo pudessem ouvir as demandas destes profissionais de saúde, tão pressionados neste momento delicado de pandemia.

       Em conversa informal com um destes profissionais, ouvi várias demandas e reivindicações. A classe parece carecer de maior atenção e carinho dos gestores públicos, e em especial, queixa-se por exemplo, da ausência de reajuste salarial há dois anos, sendo que o que houve recentemente, foi apenas um pequeno reajuste no valor do vale-alimentação. A se considerar a lei de corte de gastos impostas pela união, novo reajuste só poderá ocorrer a partir do final do ano que vem. O vale-alimentação, por sua vez, só pode ser recebido se o profissional não ter gozado de férias, licença-prêmio, ou maternidade, por exemplo. Ora, para quem já sofre com a falta de reajustes, não seria razoável manter o seu recebimento mesmo nestas condições?

       A outra queixa diz respeito à diminuição do valor percentual da insalubridade, que teve um decréscimo de 5% para a categoria da enfermagem. Algo impensável, mediante os riscos que estes profissionais enfrentam.

       Reclamam também da falta de um canal aberto e democrático da classe com relação à respectiva secretaria e ao executivo, o que torna difícil externar demandas e reivindicações. Pelo que percebi, há ausência de um plano de carreira verticalizado e que preze pela meritocracia, sendo que as nomeações pontuais parecem basear-se em critérios subjetivos, o que logicamente, gera insatisfação e desmotivação.

 

          Enfim, em ano de eleições municipais, todo candidato tem na saúde, uma de suas bandeiras. Se é assim, não custa ouvir o que os profissionais desta área tem a dizer, já que são eles os principais agentes na execução dos serviços prestado à comunidade e aos pacientes. Fica o registro.


* O Eldoradense    

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