Há algum tempo venho utilizando
os serviços públicos municipais de saúde, em especial os serviços prestados
pelo Programa ESF - Estratégia Saúde da Família - cuja importância no
atendimento ambulatorial é de suma relevância para a comunidade. O programa
caracteriza-se pelos "postinhos" distribuídos geograficamente e
estrategicamente pelos bairros das cidades, e os seus profissionais, via de
regra, habitam nestes respectivos bairros e adjacências. Isso permite um
atendimento de maior proximidade aos pacientes, tornando-o mais singular e
humanizado. Há de se considerar também a importância destes atendimentos
ambulatoriais em caráter preventivo, evitando a sobrecarga desnecessária em
hospitais que tem por característica o atendimento emergencial -
pronto-socorros.
Sobre o atendimento que
tenho recebido, só tenho a agradecer pela presteza, educação e atenção
dispensados pelos profissionais que integram o programa. Os serviços não
dispõem de luxo e conforto, mas são funcionais, dignos e eficazes. Talvez
esbarrem na demora para a execução dos encaminhamentos para exames e médicos de
especialidades, mais isso já foge da alçada destes profissionais, e esbarram
nas limitações impostas pelo SUS.
Mas também existem outras
limitações das quais estes profissionais estão sujeitos, limitações estas que
poderiam nortear as campanhas eletivas, se os candidatos ao executivo pudessem
ouvir as demandas destes profissionais de saúde, tão pressionados neste momento
delicado de pandemia.
Em conversa informal com um
destes profissionais, ouvi várias demandas e reivindicações. A classe parece
carecer de maior atenção e carinho dos gestores públicos, e em especial,
queixa-se por exemplo, da ausência de reajuste salarial há dois anos, sendo que
o que houve recentemente, foi apenas um pequeno reajuste no valor do
vale-alimentação. A se considerar a lei de corte de gastos impostas pela união,
novo reajuste só poderá ocorrer a partir do final do ano que vem. O
vale-alimentação, por sua vez, só pode ser recebido se o profissional não ter
gozado de férias, licença-prêmio, ou maternidade, por exemplo. Ora, para quem já
sofre com a falta de reajustes, não seria razoável manter o seu recebimento
mesmo nestas condições?
A outra queixa diz respeito
à diminuição do valor percentual da insalubridade, que teve um
decréscimo de 5% para a categoria da enfermagem. Algo impensável, mediante os
riscos que estes profissionais enfrentam.
Reclamam também da falta de
um canal aberto e democrático da classe com relação à respectiva secretaria e
ao executivo, o que torna difícil externar demandas e reivindicações. Pelo que
percebi, há ausência de um plano de carreira verticalizado e que preze pela
meritocracia, sendo que as nomeações pontuais parecem basear-se em critérios
subjetivos, o que logicamente, gera insatisfação e desmotivação.
Enfim, em ano de
eleições municipais, todo candidato tem na saúde, uma de suas bandeiras. Se é
assim, não custa ouvir o que os profissionais desta área tem a dizer, já que
são eles os principais agentes na execução dos serviços prestado à comunidade e
aos pacientes. Fica o registro.
* O Eldoradense
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