Quando a União Soviética se extinguiu, o Badernistão optou por recusar a abertura econômica, mas cogitou uma eleição direta presidencial, pois o Partido do Proletariado tinha a quase certeza de manutenção do poder. Badernília, a capital do país, vivia em polvorosa com a expectativa do pleito eleitoral. Para os leigos em geografia, o Badernistão fica entre o Usbequistão e o Cazaquistão, mas a nação é tão desconhecida que muitos a tomam por fictícia. Pura ignorância e falta de atenção com o Atlas Mundial!
Mas o processo de dissolução da União Soviética foi conturbado. Os antigos detentores do poder passaram a temer uma vitória do "PC do B" - Partido Capitalista do Badernistão - na primeira eleição democrática, e promoveram um golpe militar que, a princípio, seria provisório. Demorou quinze anos!
Neste meio tempo, o regime comunista perseguiu intelectuais liberais, decretou censura limitando a liberdade de imprensa, e, como se não bastasse, torturou e matou opositores, boa parte deles, membros do PC do B. Muitos revolucionários clamavam por eleições presidenciais diretas e por democracia. Os comunistas rebatiam, dizendo que os guerrilheiros queriam impor a "ditadura do empresariado opressor", ao invés de pleitear liberdades. Alegavam que os insurgentes tinham intenção de levar a nação ao Terceiro Mundo, como aqueles países extremamente desiguais da América Latina. "Querem nos transformar numa Honduras!" - Diziam os mantenedores do regime. Afinal, de fato era preferível estar no "Segundo Mundo" do que no terceiro! A linha de argumentação até que não era das piores, se não fosse o cinismo e a crueldade da cúpula militar no poder.
Foi uma época sombria, uma verdadeira cortina de fumaça opressora e sufocante. O povo do Badernistão então tomou as ruas e iniciou o movimento "Diretas agora!". A ditadura comunista tornou-se insustentável...
(Continua amanhã)
* O Eldoradense
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