"Etiqueta e ética"
Há alguns dias deveria ter escrito este texto, mas sinceramente, fui acometido por uma certa preguiça, contudo, por uma questão de honra e merecimento por parte da protagonista da história, resolvi fazê-lo hoje. Fala sobre ética, honestidade, cuja falta de tais valores estão em evidência no cotidiano brasileiro. Há quem diga que honestidade não seja adjetivo, é obrigação. Concordo, em partes: se estivéssemos na Noruega, Japão ou Suécia, talvez fosse assim, mas não. Estamos no Brasil, onde muitos querem levar vantagem em tudo, desde os pequenos gestos até às mais escusas falcatruas envolvendo dinheiro público. Mas vamos ao que interessa:
Vinte e dois de maio, última segunda-feira. Fui até à casa do meu irmão à tarde, e como ele não estava lá, disse à minha cunhada que iria novamente, à noite. Voltei, como o prometido. Passamos uma noite agradável, onde brinquei muito com a minha sobrinha. Ela pintava minhas unhas do pé com tinta verde e pedia para que eu me transformasse no "Incrível Hulk". Posteriormente eu simulava a "metamorfose" e corria atrás dela, que gritava, fingindo susto. Passamos um bom tempo neste ritual, que era marcado pelo corriqueiro pedido infantil: "Faz de novo...."
Quando voltei para a casa, minha esposa ligou o celular, e no Facebook, viu uma postagem do meu irmão, falando do aniversário da minha sobrinha. Caramba, santa distração! Passei duas horas lá e nem me lembrei da data. Telefonei naquele dia mesmo, justificando o esquecimento e dizendo que compraria o presente da "Clarinha" no dia seguinte, e assim o fiz.
A nova saga de compra de presentes para meninas envolveu repetição no repertório: além de muito distraído eu não sou criativo, e comprei novamente um carrinho cor-de-rosa. A melhor parte da experiência vem depois...
Ao me dirigir ao caixa, a moça perguntou qual foi o valor do brinquedo, já que a etiqueta do preço estava rasgada. Eu disse, em nova demonstração de total distração, que o valor era "X". Ela embrulhou para presente e passou o cartão de crédito para efetuar a venda. Agradeci, e quando eu estava com a moto já em funcionamento, ela veio até minha direção, ofegante. Disse que desconfiou do valor que eu havia dito, e ao fazer a conferência do preço na gôndola dos brinquedos, constatou que o carrinho custava "X - 20". Voltou ao caixa e me devolveu vinte reais. Pode até soar como um gesto simples, que caracterize "obrigação", mas como eu disse, nos dias atuais, é qualidade, adjetivo nobre. Agradeci a moça e resolvi homenagear seu gesto. Por timidez, infelizmente não perguntei seu nome, e talvez ela nem saiba que foi motivo desta postagem, justificada não pelos vinte reais devolvidos, mas sim, pela atitude.
A falta da ETIQUETA adesiva no preço do carrinho teve como consequência uma singela demonstração de ÉTICA, que deveria se fazer "presente" em nossa rotina. Como não sei o nome da moça, fica como gesto de agradecimento a divulgação da loja na postagem, que é a "Nova Mania", situada em Presidente Venceslau, na Avenida Tiradentes, 726. E para finalizar, fica a sugestão: E se a honestidade se tornasse, de fato, a "Nova Mania" da nossa sociedade? Fica a dica...
* O Eldoradense
gestos cada vez mais raro nos dias atuais
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