30 de mai. de 2013

Texto crítico: "Bolsa família"





"Bolsa - Família"

    A falsa notícia sobre o fim do programa assistencial do governo federal denominado "Bolsa Família", bem como o suposto pagamento de um bônus extra no mês em que se comemora o dia das mães aos seus beneficiários, causou um tremendo alvoroço nas agências da Caixa Econômica Federal em todo o país. As imagens do aglomerado de pessoas afoitas e até certo ponto desesperadas no interior das unidades bancárias para sacar os seus respectivos benefícios dão a dimensão exata de como nossa população é carente, ainda que os avanços sociais ocorridos nos últimos anos tenham minimizado os números da pobreza extrema.

    Mediante os fatos imagens sobre o assunto, a velha discussão sobre a eficácia do programa assistencial sempre vem à tona: O "Bolsa Família" é uma boa iniciativa para a erradicação da miséria, ou é meramente um programa assistencialista e eleitoreiro? Sem querer ficar em cima do muro, creio que ambas as alternativas estão corretas, apesar de entender que é melhor um programa social desta natureza do que programa social algum.

   Logicamente que os investimentos em educação, cursos profissionalizantes e geração de empregos promovem com maior eficácia a mobilidade social das classes mais pobres, porém, isso demanda um tempo razoável. E a fome, por sua vez, não espera tanto. Em um primeiro momento, entendo que se faz necessário um programa de distribuição de renda para que estas pessoas tenham condições básicas para estudar e frequentar as escolas, garantindo-lhes o mínimo de segurança alimentar em curto prazo. Mesmo com todas as suas imperfeições, o "Bolsa Família" reduziu sensivelmente a miséria absoluta de boa parte da população, fomentando o consumo do mercado interno, bem como diminuindo as migrações e as disparidades socioeconômicas entre as regiões do país.

   É bom lembrar ainda que o Brasil teve reconhecimento internacional no combate à fome e à pobreza extrema através do programa. Portanto, como medida emergencial, defendo, com ressalvas, o "Bolsa Família", ainda que com tantas falhas. Mas é preciso exigir o seu aprimoramento, exatamente para que os atuais beneficiários não precisem mais do programa em médio prazo, e que, futuramente, todos tenham condições de defender a própria segurança alimentar e alcançar a independência financeira no sustento de suas famílias. 

  Este sim seria o cenário ideal de um país democrático, pois barganhar votos com a fome alheia é uma conduta questionável, que lembra as posturas ditatoriais de algumas republiquetas mundo afora. Democracia se faz com liberdade extrema de pensamentos e posturas, e ela nunca será plena enquanto os posicionamentos dos indivíduos estiverem atrelados aos cabrestos governamentais.



* O Eldoradense


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