19 de fev. de 2024

Comentário: "Fala desastrosa de Lula"

 



    Em Adis Abeba, na Etiópia, Lula resolveu mexer num vespeiro em ebulição e "não deu bom": Numa fala distorcida, e ao meu ver, exagerada, comparou as atuações do Estado de Israel na faixa de Gaza ao Holocausto, quando políticas antissemitas de Adolf Hitler promoveram um verdadeiro genocídio ao povo judeu.

   É preciso  estratificar o episódio em duas partes: A primeira consiste em analisar "o que foi dito" e a segunda, "as consequências do que foi dito".

    Sobre "O que foi dito" é bem provável que o Estado de Israel esteja contra-atacando de forma desproporcional o Hamas, e que grande parte do povo palestino esteja pagando injustamente pela ação do grupo terrorista islâmico. Porém, a comparação ao Holocausto, ao meu ver, é exagerada e equivocada, e explico o porquê: Quando Hitler iniciou suas ações antissemitas, assim o fez pelo discurso extremista-nacionalista alegando CINICAMENTE que a crise econômica alemã se devia, em grande parte, aos judeus oportunistas donos de bancos, empresas e negócios que oprimiam financeiramente os germânicos. Logicamente que houve ali, uma grande distorção dos fatos, que não justificaria o Holocausto mesmo se realmente existisse, de fato, opressão econômica do povo judeu. Neste lamentável episódio da história humana, houve, pura e simplesmente, xenofobia, intolerância e crueldade por motivações pra lá de torpes. 

     Quanto ao atual conflito ISRAEL/HAMAS, ainda que possa haver um contra-ataque desproporcional, não devemos esquecer a motivação inicial: Aconteceu sim, um ataque terrorista covardíssimo por parte do grupo terrorista islâmico, que acarretou nas atuais consequências e retaliações de ISRAEL. Ou seja: o grave equívoco sobre "o que foi dito", deve-se à enorme diferença entre as motivações torpes do holocausto e as motivações que envolvem o direito de defesa de Israel diante da covardia do Hamas. Se o contra-ataque é desproporcional, cabe análise do Conselho de Segurança da ONU, bem como das tentativas de intermediações internacionais acerca do conflito.

     Sobre "as consequências do que foi dito", elas não poderiam ser mais imediatas, desastrosas e problemáticas para o Brasil: Israel já declarou Lula "persona non grata" pela sua fala, até que se retrate, convocando o embaixador brasileiro a uma reunião, numa explícita caracterização de crise diplomática. O grupo extremista Hamas, simplesmente ELOGIOU A FALA DE LULA. Quer algo que pese pior politicamente do que ser elogiado por um grupo terrorista? 

      Se as falas de Lula se limitassem a discorrer sobre a necessidade da criação de um Estado Palestino, ainda vá lá: Joe Biden, o Papa, a ONU e boa parte dos líderes mundiais pensa assim. Mas não, Lula resolveu fazer uma comparação inapropriada e desnecessariamente polêmica. Cadê a assessoria nestas horas??

         Enfim, como dizem os analistas, a fala de Lula sepulta as possibilidades do Brasil ser um dos intermediadores do conflito. Um conflito complexo, antigo, que, se os líderes brasileiros bem pensassem, não tomariam partido, nem para um lado, nem para o outro. Possuímos demandas internas gigantescas, problemas urgentes a serem resolvidos, e uma crise diplomática internacional só serve para dificultar ainda mais as resoluções dos mesmos. O país possui relações comerciais tanto com o Israel quanto com as nações muçulmanas, e abriga, da melhor forma possível, descendentes dos dois povos. Há um peso econômico, político e diplomático nas consequências da fala desastrosa e equivocada de Lula sobre o assunto. Se o presidente tiver algum bom senso, é aconselhável a retratação, para tentar ao menos minimizar o estrago que já foi feito.


* O Eldoradense

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