Teve início ontem, em São Paulo, a 32ª Bienal das artes, no Parque do Ibirapuera, sendo que o evento se encerrará no dia 11/12. É o tipo de evento que me aguça a curiosidade mais pela complexidade e subjetividade das suas obras do que exatamente pela beleza delas. Sim, perdoem-me os que têm mais sensibilidade artística , mas por mais que meus inquietos neurônios tentem captar alguma mensagem naquele amontoado de informações desconexas, eles não chegam à conclusão alguma. Talvez eu seja muito objetivo, ou talvez eu seja mesmo um ignorante das artes.
A verdade é que meu simplista conceito artístico prefere mesmo um quadro contendo a imagem de um santo, de uma paisagem litorânea, ou quem sabe, uma bela orquídea. Que seja o desenho de um cavalo galopando nos campos, de uma montanha, ou até mesmo, no cúmulo da imaturidade artística, um quadro do Homem-Aranha lutando contra o Duende Verde na ponte do Brooklyn. Que esculpam uma estátua do Wesley Safadão, da Anitta, um disco-voador, ou ainda, um tucano. Tucano? É, pode ser até mesmo um tucano, eu não preciso gostar da escultura, basta que eu entenda! O que não pode é o artista fazer uma obra após ter consumido cogumelos alucinógenos acompanhados de pó de pirlimpimpim regados a uma boa tequila, e tentar explicar o inexplicável, algo que só ele mesmo compreende. E aí, o sujeito que está na galeria, todo sem-graça, finge que entendeu algo, só para não ser rotulado como ignorante ou insensível. Sim, para mim aqueles artistas na verdade zombam com a cara do público, que constrangido, fica boquiaberto admirando todas àquelas abstrações malucas.
Mas acho que não sou apenas eu quem fico contrariado com a subjetividade artística da Bienal. Zeca Baleiro, através da música intitulada "Bienal", descreveu através de uma letra poética e satírica, toda a sua percepção sobre as referidas obras de arte. Segue abaixo, o vídeo e a letra da música:
"Bienal" - Zeca Baleiro
Desmaterializando a obra de arte no fim do milênio
Faço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta
Teu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista
Caucado da revalorização da natureza morta
Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria,
"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da gia
E muito mais feio que um hipopótamo insone"
Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno
Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana
Com a graça de Deus e Basquiat
Nova York, me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana
Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de Pepsi e Fanta uva
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina
Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da siribrina
Desintegro o poder da bactéria
Com o clarão do raio da siribrina
Desintegro o poder da bactéria
Faço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta
Teu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista
Caucado da revalorização da natureza morta
Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria,
"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da gia
E muito mais feio que um hipopótamo insone"
Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno
Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana
Com a graça de Deus e Basquiat
Nova York, me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana
Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de Pepsi e Fanta uva
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina
Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da siribrina
Desintegro o poder da bactéria
Com o clarão do raio da siribrina
Desintegro o poder da bactéria
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