31 de dez. de 2015

Conto: "Causas emergenciais"


"Causas emergenciais"

   O primeiro dia do ano é caracterizado por muitas esperanças. Esperanças daqueles que prometem mudanças, que anseiam conquistas e que estabelecem metas pessoais. Foi neste clima mágico e cheio de expectativas que Janaína, uma publicitária paulistana bem sucedida foi passar o réveillon no Rio de Janeiro. Foi sozinha, pois solitária era aos trinta e nove anos. Há quem diga que ela estava só por convicção, outros, mais maldosos, diziam que era por falta de opção mesmo. Inveja. Janaína não só era uma mulher independente financeiramente, quanto também era bonita, simpática e atraente. Talvez fosse seletiva demais, ou numa possibilidade mais abstrata, as divindades ainda não tivessem agraciado seu coração com um verdadeiro amor. Morena clara, filha de pai negro e mãe italiana, era adepta do candomblé, fato que fazia alguns dos seus colegas de trabalho torcerem o nariz por conta de sua opção religiosa.

     Às vinte e três horas de um trinta e um de dezembro cujo ano não importa, saiu de sua suíte no Copacabana Palace para testemunhar a belíssima queima de fogos do réveillon carioca. Noite linda, repleta de pessoas usando branco. Branca também era a lua daquela noite, cândida como as areias de Copacabana e alva como a roupa que a paulistana usava em homenagem à Iemanjá.  No seu íntimo, fez um pedido à Mãe das águas: queria mesmo encontrar um amor verdadeiro no próximo ano. Sentiu que seria atendida.

     Os fogos pipocaram no céu do Rio de Janeiro ao fim da contagem regressiva que anunciava a entrada do novo ano. Com uma taça de espumante francês, Janaína, levemente alterada pelo álcool, adentrou no mar para pular as sete ondas, ritual que fazia questão de cumprir. A sétima onda nem foi tão forte, porém, suficiente para desencadear um afogamento bobo, causado mais pela espuma do champanhe do que pelas espumas do mar.

     Do alto de uma cadeira, um jovem que usava vermelho testemunhou tudo através das lentes de um binóculo. O indivíduo usava vermelho não por superstições de fim de ano, mas porque era salva-vidas mesmo. Coincidência ou não, Jurandir havia também feito um pedido íntimo, mas para Santo Expedido, aquele das causas urgentes: queria encontrar um amor que o fizesse esquecer Eulália, uma mulata de Nova Iguaçu que mudou-se para Amsterdã, ao trocá-lo por um afortunado turista holandês. Jurandir correu às águas de Copacabana, tomou Janaína pelos braços e a trouxe para a areia. Durante a respiração boca a boca, não sentiu o sal do mar nos lábios da paulistana, mas sim, uma doçura indescritível. Ela, voltando a si, percebeu um sentimento diferente, que jamais sentira nos braços de outro homem. Em seu íntimo, Jurandir pensou: “Obrigado, Santo Expedito!”. Ela, em agradecimento à Iemanjá, disse: “Odoiá, minha mãe!”. E foi assim que nasceu um amor marcante entre uma paulistana de classe média alta e um carioca suburbano da Baixada Fluminense.

    Há ainda quem diga que naquela noite, Santo Expedito e Iemanjá brindaram o encontro do casal de devotos: O santo católico tomou uma bela taça de vinho, enquanto a Rainha do Mar bebia um copo de cachaça, como é de praxe no candomblé...



* O Eldoradense


30 de dez. de 2015

Pensamentos do Eldoradense: "Caps Lock"




  "Quem escreve um texto todo em Caps Lock assemelha-se ao indivíduo que, na pobreza das argumentações de um diálogo, eleva o tom de voz, impondo-se pelo grito"

* O Eldoradense

28 de dez. de 2015

Piada de segunda: "Em alto mar"


"Em alto mar"

  Joaquim e Manoel nadam desesperadamente atrás de um navio no Oceano Atlântico, quando o primeiro diz ao segundo:

    "Eu não te disse que aquela não era a porta do navio, oh, pá!"
                                                                                                   

27 de dez. de 2015

Clipe de hoje: "O Sol", com o Jota Quest!


"O Sol" - Jota Quest

Ei dor...eu não te escuto mais,
Você, não me leva a nada.

Ei medo...eu não te escuto mais,
Você, não me leva a nada.

E se quiser saber pra onde eu vou,
Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou

E se quiser saber pra onde eu vou,
Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou

Ei dor...eu não te escuto mais
Você não me leva a nada

Ei medo...eu não te escuto mais
Você não me leva a nada

E se quiser saber pra onde eu vou
Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou

E se quiser saber pra onde eu vou
Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou

Yeah
Caminho do sol baby
Lalalalala
Caminho do sol baby

E se quiser saber pra onde eu vou
Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou

E se quiser saber pra onde eu vou
Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou

E se quiser saber pra onde eu vou
Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou

É pra lá que eu vou
E se quiser saber pra onde eu vou
Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou

E se quiser saber pra onde eu vou
Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou
É pra lá que eu vou

Lalalalalalala
É pra lá que eu vou
Lalaralara
Onde tenha sol, é pra lá que eu vou

23 de dez. de 2015

Poema: "Natal da crise"


"Natal da crise"

Papai Noel raquítico,
Trazendo poucos presentes;
Orçamento está crítico,
E muitos, descontentes...

Duendes sem pagamento,
Fizeram paralisação;
Atrasando o empacotamento,
Exigindo negociação!

As mulas, voluntárias,
Trabalham de dar dó;
As renas, mercenárias,
Não puxam mais o trenó!

Bom velhinho tá diferente,
 Sua barba, amarelada;
Parecendo um indigente,
Com a roupa rasgada!

Sapatinhos na janela,
Pode ser inoportuno;
Superstição singela,
Oferenda para o gatuno!

 Em tempos de revés,
De durezas anunciadas;
Saibam que poucas chaminés...
Serão contempladas!



* O Eldoradense




21 de dez. de 2015

Piada de segunda: "Duas baratas"


"Duas baratas"

  Duas baratas estavam em uma lata de lixo, quando uma diz à outra:

    "Acabei de vir lá do restaurante da esquina! Você precisava ver como tudo lá brilha, de tão limpinho que é..."

   A outra barata, rapidamente responde:

  "Por favor, que assunto mais desagradável! Não vê que eu estou comendo!?"

20 de dez. de 2015

Vídeo musical de hoje: "Poconé", com o Skank!


"Poconé" - Skank

No forró de lengo lengo no forró bodó
O dengo dessa menina é um perigoso só
No forró do lengo lengo no forró mundun
O dengo dessa menina ainda mata um

Todo mundo sabe que o meu fraco é mulher
Uma coisa linda dessa faz de mim o que bem quer
Minha boneca, boneca de Poconé

Pra ganhar um beijo seu, eu vou até a pé

Ela mora longe (eu vou até a pé)
Ela mora na ponte (eu vou até a pé)
Ela gosta do coco (como é que é)
Ela mora no poco (no Poconé)

Todo mundo acha que eu vivo como um rei
Mas a minha solidão ainda não curei
Minha boneca, boneca do Poconé
Pra ganhar um beijo seu, eu vou até a pé

17 de dez. de 2015

Alfinetada: "Zé de Abreu"




   "Eu até sabia que o José de Abreu era simpatizante da facção, mas daí a ser chefe dela é surpresa!!!!"

* O Eldoradense

16 de dez. de 2015

Conto: "A malabarista e o cigano"



“A malabarista e o cigano”


  Quem conhece a pequena e simpática Presidente Venceslau, sabe que nos altos da Avenida D Pedro ll, próximo ao casarão da família de um dos fundadores da cidade, existe uma área às margens da ferrovia onde volta e meia instalavam-se circos ou acampavam ciganos. Mas tais acontecimentos ocorriam de forma alternada e esporádica, alterando aquele cenário por dias ou semanas. Porém, em um final de ano atípico, circo e ciganos dividiram o mesmo espaço durante os mesmos dias, tornando aquele lugar um verdadeiro condomínio de moradores itinerantes.

    De um lado, trailers, jaulas de animais ferozes e alguns artistas circenses caminhando nos arredores. Do outro, muitas barracas ciganas, onde as mulheres perambulavam com seus vestidos coloridos e brilhantes, e os homens, com suas calças justas e camisas desabotoadas na altura do tórax. O convívio entre os nômades era harmonioso, pois a falta de paradeiro tornava os dois grupos muito semelhantes. Além disso, juntamente com pessoas e moradias improvisadas, carros relativamente velhos  e motores potentes faziam do lugar um estacionamento a céu aberto, onde encontravam-se Caravans, Opalas e até um imponente Landau, com aspecto de ex-limousine. Muita gente transitando com baldes de água potável na cabeça, e no horário das refeições, subia a fumaça com aroma de boa comida.

    E foi durante este período que Raul, um cigano de vinte anos de idade, adentrou o recinto circense para conhecer melhor aquele mundo diferente do seu, mas ao mesmo tempo, tão parecido. Olhou para as arquibancadas vazias, e em seguida, para o picadeiro, onde uma jovem moça de pele morena e cabelos negros executava com bastante concentração a arte do malabarismo. Ela chamava-se Rúbia, filha de um casal de trapezistas bolivianos e que era uma das principais atrações do Grand Circo Riachuelo.

      Os olhares se cruzaram, e tudo indicava que fora um caso de paixão à primeira vista: marcaram um encontro para depois do espetáculo circense, sob uma frondosa árvore próxima à travessia da linha férrea. Fizeram juras de amor, ainda que o Grand Circo Riachuelo rumasse nos próximos dias à Presidente Prudente, e os ciganos, por sua vez, pretendessem acampar posteriormente em Presidente Epitácio, cidades distantes cem quilômetros uma da outra. Os corações de ambos estavam interligados de uma forma tamanha que não tiveram opção: resolveram juntar suas vidas em um casamento informal, com uma festa muito bonita em que dançaram juntos palhaços, trapezistas e cartomantes. Leões e Elefantes testemunharam o matrimônio inusitado emitindo sons selvagens do interior de suas respectivas jaulas.    


     Ao fim daquele período exótico, Raul e Rúbia choraram ao verem suas famílias partirem mundo afora. Envolvidos pelo amor intempestivo que tomou conta dos seus corações, resolveram fixar moradia na acolhedora Presidente Venceslau. Hoje ela faz malabarismos para adequar o orçamento da família aos rendimentos dele, que trabalha como caminhoneiro na destilaria de álcool de uma cidade da região. Moram em uma casa próxima ao terreno onde acamparam circenses e ciganos, sendo que  ambos não planejam ter filhos por enquanto. O amor é assim: fixa, prende e engaiola até mesmo as mais libertas almas itinerantes...
    


* O Eldoradense

14 de dez. de 2015

Piada de segunda: "Um minuto de silêncio"


"Um minuto de silêncio"

  O sujeito estava jogando dominó no boteco juntamente com três amigos quando passa o féretro pela rua. Consternado, ele tira o boné, fica em pé, e pede um minuto de silêncio em respeito à pessoa falecida.

   Após o prosseguimento do féretro, um dos amigos diz:

  "Estou admirado contigo!" Jamais vi um gesto de tamanho respeito de sua parte..."


    Ele responde:

   "Era o mínimo que eu poderia fazer depois de trinta anos de casado!" 

13 de dez. de 2015

Vídeo musical de hoje: "Frevo Mulher", com Zé Ramalho!


"Frevo Mulher" - Zé Ramalho

Quantos aqui ouvem
Os olhos eram de fé
Quantos elementos
Amam aquela mulher

Quantos homens eram inverno
Outros verão
Outonos caindo secos
No solo da minha mão

Gemeram entre cabeças
A ponta do esporão
A folha do não-me-toque
E o medo da solidão

Veneno meu companheiro
Desata no cantador
E desemboca no primeiro
Açude do meu amor

É quando o vento sacode
A cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia
Procurando por um

Quantos aqui ouvem
Os olhos eram de fé
Quantos elementos
Amam aquela mulher

Quantos homens eram inverno
Outros verão
Outonos caindo secos
No solo da minha mão

Gemeram entre cabeças
A ponta do esporão
A folha do não-me-toque
E o medo da solidão

Veneno meu companheiro
Desata no cantador
E desemboca no primeiro
Açude do meu amor

É quando o vento sacode
A cabeleira
A trança toda vermelha
Um olho cego vagueia
Procurando por um

7 de dez. de 2015

Piada de segunda: "A cor do amor"


"A cor do amor"

  O menino chega para a mãe e pergunta:

   "Mamãe, a senhora sabia que vermelho é a cor do amor?"

   "Sim, claro! Mas por que você está falando nisso?"

    "Como prova do meu amor... toma aqui meu boletim!"

6 de dez. de 2015

Clipe internacional de hoje: "93 Million Miles", com Jason Mraz


"93 Milhões de milhas" - Jason Mraz

A 93 milhares de milhões de km do sol
As pessoas preparam-se, preparam-se
Porque lá vem, é uma luz
Uma linda luz, além do horizonte
Para dentro de nossos olhos

Ó, como é linda
Ó, minha bela mãe
Ela me disse, filho, tu irás longe na vida
Se fizeres tudo certo, amarás o lugar onde estiveres
Apenas saibas que não importa aonde vás
Tu poderás sempre voltar para casa

A 240 milhares de km da lua
Percorremos um longo caminho para pertencer a esse lugar
Para partilhar essa vista da noite
Uma noite gloriosa

Além do horizonte há outro céu brilhante
Ó, como é lindo
Ó, meu pai irrepreensível
Ele me disse, filho, às vezes, pode parecer escuro
Mas a ausência da luz é uma parte necessária
Apenas saibas, que tu nunca estarás sozinho
Tu sempre poderá voltar para casa


Para casa, casa

Tu podes sempre voltar

Toda a estrada é uma subida escorregadia
Mas sempre há uma mão na qual tu podes te segurar
Olhando bem fundo pelo telescópio
Tu podes perceber que o teu lar está dentro de ti

Apenas saibas que não importa aonde vás
Não, você nunca está sozinho
Você sempre voltará pra casa

Casa
Casa

A 93 mil milhões de km do Sol
As pessoas preparam-se, preparam-se
Porque lá vem, é uma luz
Uma linda luz, além do horizonte
Para dentro de nossos olhos.

Comentário: "O tio França foi uma vítima"

    Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, ...