"Bolsa - Família"
A falsa notícia sobre o fim do programa
assistencial do governo federal denominado "Bolsa Família", bem como
o suposto pagamento de um bônus extra no mês em que se comemora o dia das mães
aos seus beneficiários, causou um tremendo alvoroço nas agências da Caixa
Econômica Federal em todo o país. As imagens do aglomerado de pessoas afoitas e
até certo ponto desesperadas no interior das unidades bancárias para sacar os
seus respectivos benefícios dão a dimensão exata de como nossa população é
carente, ainda que os avanços sociais ocorridos nos últimos anos tenham
minimizado os números da pobreza extrema.
Mediante os fatos imagens sobre o assunto, a velha discussão sobre a
eficácia do programa assistencial sempre vem à tona: O
"Bolsa Família" é uma boa iniciativa para a erradicação da miséria,
ou é meramente um programa assistencialista e eleitoreiro? Sem querer ficar em
cima do muro, creio que ambas as alternativas estão corretas, apesar de
entender que é melhor um programa social desta natureza do que programa social
algum.
Logicamente que os investimentos em educação, cursos profissionalizantes
e geração de empregos promovem com maior eficácia a mobilidade social das
classes mais pobres, porém, isso demanda um tempo razoável. E a fome, por sua
vez, não espera tanto. Em um primeiro momento, entendo que se faz necessário um
programa de distribuição de renda para que estas pessoas tenham condições
básicas para estudar e frequentar as escolas, garantindo-lhes o mínimo de
segurança alimentar em curto prazo. Mesmo com todas as suas imperfeições, o
"Bolsa Família" reduziu sensivelmente a miséria absoluta de boa parte
da população, fomentando o consumo do mercado interno, bem como diminuindo as
migrações e as disparidades socioeconômicas entre as regiões do país.
É bom
lembrar ainda que o Brasil teve reconhecimento internacional no combate à fome
e à pobreza extrema através do programa. Portanto, como medida emergencial,
defendo, com ressalvas, o "Bolsa Família", ainda que com tantas
falhas. Mas é preciso exigir o seu aprimoramento, exatamente para que os atuais
beneficiários não precisem mais do programa em médio prazo, e que, futuramente,
todos tenham condições de defender a própria segurança alimentar e alcançar a
independência financeira no sustento de suas famílias.
Este sim seria o cenário
ideal de um país democrático, pois barganhar votos com a fome alheia é uma
conduta questionável, que lembra as posturas ditatoriais de algumas
republiquetas mundo afora. Democracia se faz com liberdade extrema de
pensamentos e posturas, e ela nunca será plena enquanto os posicionamentos dos
indivíduos estiverem atrelados aos cabrestos governamentais.
* O Eldoradense