6 de jun. de 2024

Comentário: "A nova política"

 



     Eu não sei quem foi o autor da terminologia, mas ela é recente e virou moda: "Nova política". A princípio, pareceu que surgiria uma postura vanguardista, evolutiva e que teria tudo para vir de encontro aos anseios da população, melhorando o seu bem estar e qualidade de vida. Muitos encararam esta postura com entusiasmo, replicando o termo aos quatro ventos, mas, pra variar, eu preferi aguardar para ver o que teríamos adiante. 

   E sinceramente, não estou gostando do que estou vendo: Refiro-me às posturas recentes de autoridades políticas, tanto na conjuntura "macro" quanto "micro", se é que me entendem.

     Parece que em nome de uma tal "autenticidade", os homens públicos - e isso não tem nada a ver com gênero, mas sim, com a classe política, independente de ser homem ou mulher - estão desprezando os princípios que moldam a essência, o âmago, da democracia.

     Se a imprensa critica, ela é, em suma, interesseira, mentirosa e dissimulada. Os adeptos da tal "nova política" inflamam o discurso, e, em vez de se defenderem com argumentos plausíveis, dão verdadeiros "contragolpes", muito mais parecidos com "cortinas de fumaça" do que com as réplicas argumentativas, dignas do Estado democrático de direito. Falta polidez, astúcia. Sobra truculência e despreparo!

      Se uma situação requer diálogo com os opositores, ou até mesmo receber uma autoridade política de espectro ideológico diferente, os adeptos da nova política optam pela ausência e indiferença, ainda que tal omissão prejudique de forma indireta - ou direta - toda uma comunidade, seja pela perda de convênios ou até mesmo de perda visibilidade e perspectivas.

       Ou, num caso ainda mais recente, absurdo e explícito, se a população excerce o direito de criticar uma autoridade por ela escolhida através do sufrágio universal - também conhecido por voto - o sujeito se sente ofendido, vai às tribunas e usa termos pejorativos contra aqueles que pagam o seu salário. 

      Homens públicos precisam entender que, ao entrarem no jogo político, passam a ser vidraça, aumentam a própria exposição e precisam saber lidar com as críticas, sejam elas construtivas ou até mesmo infundadas. É preciso argumentar - debater se preciso for - mas nunca insultar os provedores de sua remuneração, que tem sim, o direito de cobrar e fiscalizar pelos seus serviços.

        Enfim, se as posturas citadas acima são a essência da tal "nova política", a terminologia, ao invés de significar evolução, infelizmente está parecendo mais retrocesso e involução... 


* O Eldoradense

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