26 de fev. de 2024

Comentário: "Sobre o ato pró Bolsonaro na Paulista"

 



   Ontem, na Avenida Paulista, principal logradouro econômico deste país, Jair Bolsonaro reuniu mais uma vez seus adeptos, como faz, aliás, desde que tomou posse da Presidência da República, em 2018. De lá para cá, já são 6 anos, quatro deles exercendo o executivo e outros dois consolidando o seu nome como principal oposicionista a Lula, que o venceu no pleito de 2022 por uma margem apertadíssima de diferença. Apesar de reconhecidamente popular, é fato que Bolsonaro conseguiu a façanha de ser o único presidente que não teve êxito em duplicar o mandato após a emenda da reeleição, o que também o torna um mito - Até a Dilma triunfou, neste quesito!

    Estimativas controversas indicam que estiveram no evento de 180 mil a 700 mil pessoas, e quaisquer números são significativos, longe de serem desprezíveis. O Raio X das imagens mostra que o público fiel ao ex presidente parece não ter diluído, ou, se aconteceu, regrediu pouca coisa.

      A manifestação teve um tom obviamente mais moderado: Depois daquele vandalismo inadmissível ocorrido em 08/01/23, Bolsonaro suplicou aos seus eleitores que não espalhassem o evento para o restante do país, bem como não carregassem faixas e cartazes que desmoralizassem as instituições democráticas brasileiras. Na verdade, o inelegível Bolsonaro pareceu estrategicamente mais contido, no intuito óbvio de evitar a prisão sob acusação de Golpe de Estado.

      O organizador do evento, o midiático pastor Silas Malafaia adotou um tom mais incisivo, como quem pedisse prisão futura. 

  Olha: quem tanto pede, é atendido! Independente se a liderança é religiosa ou política, basta correr às margens das leis do Estado Democrático de direito para se tornar a bola da vez no bilhar do STF. 

    Foi um evento claríssimo para tentar evitar prisão: Choro de Michelle e até mesmo o pedido de "anistia" para os golpistas de 08/01, o que é contraditório, desmentindo totalmente aquela teoria absurda de que a quebradeira tivesse sido promovida por "infiltrados".

     A curiosidade mais excêntrica ficou em torno do grande número de bandeiras de Israel, motivadas pela frase desastrosa de Lula e clamando por um patético pedido de impeachment do atual presidente. 

        Bolsonaro está inelegível e dificilmente esta condição será revertida até 2026. Se estiver livre até lá, pode encampar um nome para substitui-lo enquanto principal opositor, algo que gire em torno de Romeu Zema ou Tarcísio de Freitas, ou até mesmo, numa hipótese não desprezada, Michelle. 

       Os números são robustos? É inegável que sim, mas se relembrarmos que Bolsonaro perdeu o pleito de 2022 mesmo diante de tantas mobilizações, perdem parcialmente o poder decisivo . Inclusive, na cidade onde ocorreu o evento ontem, Lula venceu o ex-presidente nos dois turnos. A única certeza é que a polarização segue mais viva do que nunca...


* O Eldoradense

 



19 de fev. de 2024

Comentário: "Fala desastrosa de Lula"

 



    Em Adis Abeba, na Etiópia, Lula resolveu mexer num vespeiro em ebulição e "não deu bom": Numa fala distorcida, e ao meu ver, exagerada, comparou as atuações do Estado de Israel na faixa de Gaza ao Holocausto, quando políticas antissemitas de Adolf Hitler promoveram um verdadeiro genocídio ao povo judeu.

   É preciso  estratificar o episódio em duas partes: A primeira consiste em analisar "o que foi dito" e a segunda, "as consequências do que foi dito".

    Sobre "O que foi dito" é bem provável que o Estado de Israel esteja contra-atacando de forma desproporcional o Hamas, e que grande parte do povo palestino esteja pagando injustamente pela ação do grupo terrorista islâmico. Porém, a comparação ao Holocausto, ao meu ver, é exagerada e equivocada, e explico o porquê: Quando Hitler iniciou suas ações antissemitas, assim o fez pelo discurso extremista-nacionalista alegando CINICAMENTE que a crise econômica alemã se devia, em grande parte, aos judeus oportunistas donos de bancos, empresas e negócios que oprimiam financeiramente os germânicos. Logicamente que houve ali, uma grande distorção dos fatos, que não justificaria o Holocausto mesmo se realmente existisse, de fato, opressão econômica do povo judeu. Neste lamentável episódio da história humana, houve, pura e simplesmente, xenofobia, intolerância e crueldade por motivações pra lá de torpes. 

     Quanto ao atual conflito ISRAEL/HAMAS, ainda que possa haver um contra-ataque desproporcional, não devemos esquecer a motivação inicial: Aconteceu sim, um ataque terrorista covardíssimo por parte do grupo terrorista islâmico, que acarretou nas atuais consequências e retaliações de ISRAEL. Ou seja: o grave equívoco sobre "o que foi dito", deve-se à enorme diferença entre as motivações torpes do holocausto e as motivações que envolvem o direito de defesa de Israel diante da covardia do Hamas. Se o contra-ataque é desproporcional, cabe análise do Conselho de Segurança da ONU, bem como das tentativas de intermediações internacionais acerca do conflito.

     Sobre "as consequências do que foi dito", elas não poderiam ser mais imediatas, desastrosas e problemáticas para o Brasil: Israel já declarou Lula "persona non grata" pela sua fala, até que se retrate, convocando o embaixador brasileiro a uma reunião, numa explícita caracterização de crise diplomática. O grupo extremista Hamas, simplesmente ELOGIOU A FALA DE LULA. Quer algo que pese pior politicamente do que ser elogiado por um grupo terrorista? 

      Se as falas de Lula se limitassem a discorrer sobre a necessidade da criação de um Estado Palestino, ainda vá lá: Joe Biden, o Papa, a ONU e boa parte dos líderes mundiais pensa assim. Mas não, Lula resolveu fazer uma comparação inapropriada e desnecessariamente polêmica. Cadê a assessoria nestas horas??

         Enfim, como dizem os analistas, a fala de Lula sepulta as possibilidades do Brasil ser um dos intermediadores do conflito. Um conflito complexo, antigo, que, se os líderes brasileiros bem pensassem, não tomariam partido, nem para um lado, nem para o outro. Possuímos demandas internas gigantescas, problemas urgentes a serem resolvidos, e uma crise diplomática internacional só serve para dificultar ainda mais as resoluções dos mesmos. O país possui relações comerciais tanto com o Israel quanto com as nações muçulmanas, e abriga, da melhor forma possível, descendentes dos dois povos. Há um peso econômico, político e diplomático nas consequências da fala desastrosa e equivocada de Lula sobre o assunto. Se o presidente tiver algum bom senso, é aconselhável a retratação, para tentar ao menos minimizar o estrago que já foi feito.


* O Eldoradense

15 de fev. de 2024

Comentários: "Cidades planejadas e seus problemas escamoteados"

 

Imagem do centro de Maringá



      Nas aulas de geografia do ensino fundamental e médio, sempre que eu lia ou ouvia algo sobre "cidades planejadas", eu elaborava mentalmente uma imagem de tecido urbano vanguardista, próspero, quase que desprovido de problemas. Idealizava Brasília, a qual ainda não conheço, com seus edifícios públicos modernos, o plano piloto traçado no desenho de um avião, o poder pulsando nas suas avenidas, e logicamente, a música de Renato Russo dizendo que "neste país, lugar melhor não há".

          Como as circunstâncias ainda não me proporcionaram conhecer a capital federal deste país, minha curiosidade sobre o tema "cidades planejadas" poderia ser saciada visitando um outro município bem mais perto do nosso oeste paulista, porém em terras do norte paranaense: Refiro-me a chamada "cidade verde", ou "cidade canção", oficialmente conhecida por Maringá.

      Fundada em 1947 por iniciativa da empresa Companhia de Terras Norte do Paraná, o município, no que diz respeito à sua estrura física, impressiona: Avenidas largas e arborizadas, topografia plana, zoneamento espacial urbano, grandes universidades, parques lineares, dentre eles, o mais famoso, o Parque do Ingá. A Catedral tem arquitetura moderna, envolta por um espelho d'água que agrega ainda mais beleza ao cenário. 

      Pois bem: Fiz duas visitas muito rápidas a cidade, em busca de lazer, e portanto, quaisquer conclusões a respeito seria muito superficial. Porém, não pude deixar de fazer uma observação a respeito do grande número de pessoas em vulnerabilidade social circulando pelo centro urbano. 

       Como "quem vê cara, não vê coração", fiz algumas leituras e assisti alguns vídeos norteado pelas seguintes frases: "Moradores de rua em Maringá" e "Favelas em Maringá". Partes de alguns artigos acadêmicos e também vídeos de órgãos de imprensa locais fizeram com que eu chegasse a uma conclusão: Cidades planejadas também são excludentes.

         Os zoneamentos urbanos iniciais, através do sistema de loteamentos, privilegiaram os mais abastados, e assim como nas cidades de crescimento espontâneo, afastaram os mais pobres para a periferia. Sobre o fato de não ter favelas na área do município de Maringá, li que a política habitacional em tempos posteriores à fundação empurraram os que seriam ainda mais pobres para municípios vizinhos, que compõem a Região Metropolitana.

          "Foi uma cidade planejada para os ricos, com custo de vida elevado, marketing e aparência".  Antes que o leitor conclua que estas sejam minhas palavras, digo que a fala é de um dos jornalistas da Jovem Pan local, emissora que possui uma linha editorial bastante neoliberal no campo econômico e "de direita" no campo político.

        Em resumo, penso que as cidades ditas "planejadas" possuem sim,  maior eficiência na sua estrutura física, na sua "cara". Contudo, no que diz respeito ao "coração", são também excludentes, e muitas vezes, usam políticas socioeconômicas arbitrárias e higienistas, deslocando o desafio da resolução dos problemas ao invés de resolvê-los. Aconteceu em Brasília, com os "candangos" que foram deslocados para as cidades-satélite. E pelo visto, aconteceu também em Maringá, apesar da cidade cultivar bons índices médios de desenvolvimento humano. Mas será que estes índices não são alcançados exatamente porque os problemas são "deslocados" ao invés de serem resolvidos? Fica a pergunta...


* O Eldoradense      


9 de fev. de 2024

Vídeos curiosos: Remake de cena clássica da novela "Renascer", por Cine Eldoradense...

   E o Cine Eldoradense resolveu fazer um remake da cena clássica onde Tião Galinha pede a Zé Inocêncio a receita para se criar um diabinho na garrafa...🎦


* O Eldoradense

6 de fev. de 2024

Comentário: "A imagem de Lula e Tarcísio"




     Há pouco mais de um ano, no calor das emoções pré e pós eleições de 2022, a imagem acima poderia parecer não apenas inimaginável, quanto impossível. A polarização político/ideológica acirrada entre Bolsonaro e o Partido dos Trabalhadores propagam seus reflexos até hoje, basta confirmar a informação analisando os ânimos acirrados entre os eleitores, tanto nos debates políticos presenciais quanto virtuais. 

    O aperto de mãos feito entre o atual governador de São Paulo e o Presidente da República aconteceu em um evento na cidade de Santos, durante o anúncio da ambiciosa e necessária obra do túnel subaquático da cidade que abriga o principal porto de exportação do país ao Guarujá. Durante os discursos, cordialidade, civilidade, diplomacia. 

     À primeira vista e diante dos reflexos ainda exaltados por tudo o que aconteceu recentemente, o gesto pode parecer "demagógico", "oportuno' ou até mesmo receber adjetivos mais pejorativos e desrespeitosos, mas repito: Isso aos olhos do eleitor que apenas "torce" política ao invés de analisá-la.

       Sob o olhar prático, categórico e objetivo, convenhamos: A obra em questão é de suma importância não só para o povo e a economia de uma região, de um estado, mas também, de um país. E, nesta via de mão dupla, ganha a população, mas também os principais atores políticos desta parceria. Seria, então, uma estupidez levar as rivalidades e diferenças ideológicas ao palanque do evento, pois os interesses correm em uma via de mão dupla, neste caso específico, num túnel subaquático.

     É claro que durante os pleitos municipais deste ano e principalmente nos pleitos majoritários de 2026, Lula e Tarcísio voltarão a ser adversários, pois isso é do jogo político. Isso não quer dizer que sejam, necessariamente, inimigos, como enfatizou o próprio governador de São Paulo. 

       Tarcísio mostra, assim como o presidente Lula, como deve ser feita a política: Combativa quando necessário e diplomática quando assim preciso for. Fazem isso apenas pelo interesse do povo? Seria ingênuo responder que sim. O fazem também por projeções políticas individuais e partidárias futuras, porque ambos, de bobos, não têm nada. 

       Portanto, a imagem, por mais estranha que possa parecer num primeiro momento, representa o suprassumo da democracia: Que as diferenças existem e sempre existirão, que os debates - muitas vezes acalorados - contribuem sim, para o desenvolvimento de uma sociedade, mas que todo o processo não precisa necessariamente gerar uma polarização tão acirrada a ponto de azedar relações interpessoais, sejam elas de quaisquer natureza. Historicamente, a maior parte da classe política, bem remunerada e gozando dos maiores privilégios, lida muito bem com isso. E nós, da base da pirâmide social, estamos sabendo lidar com as diferenças? Fica a pergunta...


* O Eldoradense

Comentário: "O tio França foi uma vítima"

    Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, ...