Há dois dias, Édson Fachin tomou a decisão de tornar Lula elegível por considerar os trâmites investigativos da Operação Lava Jato irregulares. E convenhamos: Ainda que Lula pareça ser explicitamente culpado, é fato que Sérgio Moro cometeu uma série de barbeiragens jurídicas durante a operação: vazou áudios sem autorização judicial, quebrou sigilos e manteve contatos que viciaram todo o processo. Deu no que deu.
E agora, é fato que o país já encontra-se em estado ainda mais fervente quanto à polarização política para as eleições presidenciais do ano que vem, pois os dois principais postulantes, mesmo que sendo figuras desprezíveis ao meu ver, gozam de popularidade e de um eleitorado fiel. De um lado, Jair Bolsonaro detém os controles da máquina pública, e se ele já estava adotando uma política populista de direita, contrariando o mercado financeiro e o equilíbrio fiscal, preparem-se: Visando a reeleição, o atual presidente irá ainda mais além na sua conduta, ainda que ele torne Paulo Guedes um zero à esquerda no leme da política econômica.
Do outro lado, Lula figura-se como principal nome - e forte - da oposição. A princípio, sua elegibilidade parecia apenas reforçar a reeleição de Bolsonaro. Mas nas redes sociais, em meio a enquetes e até a uma pesquisa já divulgada no site da CNN, percebe-se um equilíbrio surpreendente.
É fato que essa polarização fanática entre Bolsonaristas e Lulistas pouco acrescentará ao país. Candidaturas alternativas como de Ciro Gomes, Sérgio Moro e até mesmo de João Dória - dentre outros - serão simplesmente estranguladas. O pleito eleitoral terá dois protagonistas no quesito popularidade, e os outros, nem coadjuvantes serão: caberá a eles o papel insignificante de figurantes, infelizmente. Sérgio Moro, principalmente, nem deveria se meter nesta seara: Vai apanhar feio dos dois lados, como se fosse o "irmão do meio".
O mercado financeiro e os investidores sabem o que vem por aí: dois postulantes populares e populistas, e fatalmente virão nesse contexto mais alta do dólar, queda na bolsa e fuga de investimentos no país. Aliás, esse é um processo que já está se desenhando.
Quanto aos meros números, é fato que o barbudo é Lula, mas é Bolsonaro quem deve colocar as barbas de molho. As enquetes e recente pesquisa ainda o colocam na frente, mas sua hegemonia parece mesmo estar abalada após a decisão de Fachin. Reitero: ao meu ver, o país perde em todos os sentidos nesta polarização medíocre, mas democraticamente falando, "Vox populi, Vox Dei". E seja o que Deus quiser!
* O Eldoradense