Tenho acompanhado recentemente, de forma superficial, três séries globais: "Carcereiros", "Sob pressão" e "Segunda chamada", respectivamente. Apesar de distintas no tocante às categorias profissionais que protagonizam cada série, todas elas são muito parecidas, pois ressaltam os dramas nas quais estão inseridos as mesmas. A cenografia é perfeita, com pouca luminosidade e com um tom muitas vezes acinzentado. Os prédios nos quais as tramas discorrem (presídio, hospital e escola), são "perfeitamente precários", dando uma noção muito próxima da realidade do quanto estes serviços estão agonizando em nosso país.
É lógico que, por serem obras de ficção, há distorções e equívocos, pois não se tratam de documentários. Mas quem conhece ao menos um dos contextos abordados por uma das três séries, percebe o quanto os autores foram felizes em tentar expor a carga de estresse e cansaço dos profissionais de segurança, saúde e educação no Brasil. O quanto a vida particular e a integridade destes profissionais são afetadas, e o quanto as pessoas que rodeiam estes profissionais também sofrem, de forma indireta. Entendo como positiva a iniciativa da emissora, pois o público alheio a estas realidades tem pouco conhecimento do que se passa na vida destes profissionais, muitas vezes até menosprezando suas respectivas funções. Quem está na fila de um hospital, sofrendo as necessidades de um atendimento emergencial, por exemplo, tende a culpar imediatamente o profissional sobrecarregado, que faz "das tripas, coração" para prestar o devido socorro. E o que dizer dos professores, que muitas vezes precisam dar além de instrução e conhecimento, a educação, que muitas vezes, não veio de casa?
Quanto aos profissionais de segurança, levemos em consideração o risco de vida, da integridade física, da pressão psicológica, das ameaças, e principalmente, da incerteza do regresso ao lar no fim do expediente.
Enfim, a Rede Globo está tentando, através destas três séries, aproximar um pouco mais a população da triste realidade dos serviços públicos essenciais ao cidadão brasileiro. Já que estes profissionais não recebem o devido respeito dos governantes, é válida a tentativa de fazer com que o reconhecimento venha de baixo para cima. Já é um primeiro passo para que o próprio contribuinte exija melhores serviços e condições adequadas e dignas aos profissionais envolvidos nas prestações dos mesmos.
* O Eldoradense